A EXPIAÇÃO DOS PECADOS

" ... Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós". (1ª Co 5:7).

Expiação é um ato judicial pelo qual Deus pune os pecadores pelos seus pecados, provendo um substituto imaculado, lhe imputando todo o pecado e a culpa da humanidade pelos seus pecados e por causa do pecado de Adão (Is 53:4-7). Deus condenou o nosso substituto a pagar o preço da dívida pelo pecado da humanidade. O substituto teve os nossos pecados lhe imputados, e por isso o substituto teve de pagar a nossa divida para com Deus com sua vida e com o seu sangue imaculado, pois a condenação era a morte de um justo pelos injustos.

O verbo expiar vem do hebraico kaphar, e significa cobrir, e inclui a idéia de cobrir pecados desviando a ira de Deus (Sl 78:38).

Expiação é a palavra síntese para a obra realizada por Cristo, e pela expiação nossos pecados são perdoados (Sl 78:38), cobertos (Sl 32:1) e apagados e esquecidos (Is 43:25).

Adão após pecar, transmitiu à sua posteridade uma propensão para o mal, por isso o primeiro homem que nasceu neste mundo assassinou o segundo. E toda a humanidade herdou a natureza pecaminosa de Adão que gerou filhos e filhas à sua semelhança, conforme a sua imagem caída (Gn 5:3,4).

Por todo o Antigo Testamento, o pecado era castigado, a não ser que fosse expiado. Até a morte de Jesus Cristo, Deus ordenou a instituição que prefigurasse o sacrifício expiatório de Jesus, o sacrifício de animais. Mas a expiação permanente era necessária devido a santidade de Deus e o estado pecaminoso da humanidade.

Os sacrifícios no Antigo Testamento não tinham o propósito de remover o pecado, mas apenas cobri-lo até a vinda de Cristo, o qual, este sim, pôde remover o pecado. Cada sacrifício de sangue de animais do Antigo Testamento apontava para Cristo. O cordeiro pascal era um tipo que prenunciava o cumprimento em Cristo, nosso cordeiro pascal, que foi imolado (1ª Co 5:7). Os sacrifícios do Antigo Testamento apenas proporcionaram uma cobertura temporária dos pecados, até que Cristo se apresentasse como o Cordeiro de Deus que remove o pecado do mundo (Jo 1:29). A solução definitiva para o problema do pecado.

No Novo Testamento esta verdade é repetida e melhor explicada, pois fica claro que todos são pecadores (Rm 3:23) e que o inferno os aguarda (Me 9:43). Mas fica mais evidente que Deus deseja trazer a salvação, e que ele já a trouxe na vida, morte e ressurreição de seu Filho Jesus.

A morte de Jesus Cristo é suficiente e completa para a nossa salvação. A Bíblia dá um grande destaque, com muita clareza, a esta verdade. Antevendo a cruz, Jesus disse ao Pai: "Eu te glorifiquei na terra, completando a obra que me deste para fazer". (Jo 1 7:4).  Na  cruz Jesus clamou: "Está consumado!" (Jo 19:30).

O autor do livro de Hebreus declara indubitavelmente que com uma só oferta Jesus aperfeiçoou para sempre os que estão sendo santificados (Hb 1O:14). E isso havendo ele mesmo feito a purificação dos pecados (Hb 1:3), sem a ajuda de ninguém.

Portanto, de modo algum o nosso sofrimento por Cristo é um meio de expiação. Somente Jesus sofreu pelo pecado. Cada pessoa tem de levar para sempre a culpa de seu próprio pecado (Ez 18:20), ou então deve aceitar o fato de que Cristo sofreu e morreu para remover a culpa de seu pecado (lª Pe 3:18; 2ª Co 5:21).

"Pois quanto a ter morrido, de uma vez por todas morreu para o pecado, mas quanto a viver, vive para Deus". (Rm 6:10).

O Catolicismo diz que a salvação só pode ser obtida através da intervenção de um sacerdote, porque os sacramentos são os canais da graça de Deus e só podem ser administrados por sacerdotes ordenados canonicamente. Por isso chamam a Ceia do Senhor de sacrifício expiatório, no qual o sacrifício de Cristo é repetido.

Jesus Cristo não indicou sacerdotes para oferecer sacrifícios. Não existe, agora, um sacrifício expiatório a ser oferecido, pois Cristo ofereceu um sacrifício perfeito uma vez e para sempre.

"Pois com uma só oferta tem aperfeiçoado para sempre os que estão sendo santificados". (Hb 10:14).

O sacrifício de Cristo foi mais do que um martírio. Um homem pode ser martirizado por uma grande causa e ter o seu gesto lembrado com louvor durante muitos anos; mas o seu martírio não pode fazer expiação pelo pecado.

Na expiação, Cristo recebeu a pena do pecado, cumpriu a lei, satisfez a justiça e nos garantiu a remissão dos pecados.

Portanto, o sacrifício de Cristo foi sacrificial, expiatório e vicário. Qualquer doutrina que negue ou exclua a expiação pode ser tudo, menos Cristianismo. Pois, da expiação depende a salvação do homem.

OBJEÇÕES À DOUTRINA DA EXPIAÇÃO

"...mas agora, na consumação dos séculos, uma vez por todas se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo". (Hb 9:26).

Alguns críticos chegaram a conclusão de que a lei de Deus não pode ser anulada, e nem suas exigências podem ser atenuadas. Dessa forma como pode Deus ser justo e justificador do pecador?

Pela justiça de Deus o pecador deve ser condenado; e pelo amor de Deus o pecador deve ser justificado. Amor e justiça são atributos divinos harmônicos entre si.

A expiação feita por Cristo satisfaz a justiça de Deus através da substituição e imputação, e atende ao amor de Deus pela oportunidade de salvação àquele que crê.

Alguns críticos, adeptos da Nova Teologia, chegaram a conclusão de que a remissão de pecados não requer um sacrifício expiatório.

O ensino das Escrituras prova através dos rituais do Antigo Testamento e das doutrinas do Novo Testamento que um vigário sofre a penalidade quando o pecado é expiado. O Antigo Testamento cita 79 vezes a palavra expiação.

O Novo Testamento diz: "...sem derramamento de sangue não remissão". (Hb 9:26).

O teólogo calvinista David S. Clark conta em um de seus livros que um pregador disse, sem receios, num sermão: "Em parte alguma das Escrituras se diz que Cristo fez expiação pelo pecado".

O teólogo calvinista David S. Clark refuta, de maneira inapelável, a heresia pregada por este pregador: "Seria necessário destruir toda a Bíblia, do Gênesis ao Apocalipse, para excluir dela a doutrina da expiação".

A Bíblia apresenta Cristo como sendo a nossa páscoa (1ª Co 5:7) e o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1:29,36), e nele temos a redenção, a saber, a remissão dos pecados (Cl 1:14). E o escritor da carta aos Hebreus diz: "mas este, havendo oferecido um único sacrifício pelos pecados, assentou-se para sempre à direita de Deus". (Hb 10:12).

Alguns críticos, geralmente advogados e juristas, chegaram a conclusão de que a culpa e a penalidade não podem ser transferidas de uma pessoa para outra, pois é injusto punir o inocente em lugar do culpado. Dessa forma como pode Deus justificar o pecador através da substituição da culpa e da imputação da penalidade?

O homem tinha a culpa por transgredir a lei de Deus, e por ser culpado estava sujeito a penalidade. Essa culpa era a torpeza moral do caráter do homem.

Cristo cumpriu a lei de Deus por todos os homens, resgatando-os por preço de sangue. Dessa forma, somente a penalidade foi transferida. Portanto, agora nenhuma condenação para os que estão em Cristo Jesus (Rm 8:1).

Juridicamente é possível uma pessoa pagar a dívida de outra, ou tornar-se fiador de outrem. Sendo assim foi possível a Cristo pagar a nossa dívida e ser o nosso cordeiro substituto. Portanto, a culpa do pecado foi removida, e a penalidade do pecado foi transferida para Cristo.


Se Deus tivesse punido um inocente sem o seu consentimento, haveria injustiça da parte de Deus; mas se Deus mesmo assumiu a pena, não houve nenhuma injustiça ao homem, e nem àquele que voluntariamente a recebeu.

Deus aplicou a pena sobre Cristo; mas Cristo voluntariamente a recebeu. Cristo ofereceu um sacrifício expiatório perfeito onde o próprio Cristo era a oferta. Logo, não há injustiça pois Cristo, voluntariamente, se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus (Hb 9:14).

"tendo cancelado o escrito de dívida que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz". (Cl 2:14).

Alguns críticos chegaram a conclusão de que Deus pode justificar o pecador através de seu arrependimento sem a necessidade da expiação.

Felizmente não são os críticos que estabelecem as condições para a justificação do homem. Deus, através das Escrituras, ensina que a salvação é alcançada somente por intermédio de um sacrifício expiatório vicário.

A justiça terrena não aceita o arrependimento como razão suficiente para a absolvição de um criminoso. Qual juiz absolveria o criminoso por causa de sua declaração tácita e pública de arrependimento diante do júri de um tribunal?

Se o arrependimento é razão suficiente para o perdão de pecados, a encarnação foi desnecessária e Cristo morreu em vão.

A justiça humana pode perdoar sem exigir expiação. Mas Deus não exigi expiação para perdoar, mas provê expiação para o pecador, e fundamentado nesta expiação ele justifica aquele que crê.

A expiação opera a remissão dos pecados, cancela a dívida, remove a culpa e transfere a penalidade, enquadra o pecador na lei de Deus e suas exigências através da fé, e garante a absolvição daquele que crê.

A absolvição se fixa no fundamento tal que nem a terra, nem o inferno, nem a morte, nem a eternidade, nada pode questionar sua suficiência e validade. Este fundamento é o sacrifício expiatório de Jesus Cristo.

A expiação garante aquele que crê a paz e a certeza de que Cristo pagou a dívida, portanto, nada pode ser requerido dele outra vez.

Alguns críticos chegaram a conclusão de que Cristo não poderia sofrer a penalidade do pecado sem sofrer a morte eterna.

Esta objeção vem do erro de se presumir que o pecado gera a morte eterna e não somente a morte física.

Deus deu um mandamento a Adão, e a pena por transgredir este mandamento era a morte, mas não especificou se a morte era física ou eterna: "certamente morrerás" (Gn 2:17). O homem transgrediu o mandamento, e Deus lhe deu a sentença da morte física, e não da morte eterna: "porquanto és pó, e ao pó tornarás". (Gn 3:19).

A morte eterna não é causada pelo pecado, e sim pela incredulidade. Jesus disse que quem não crê será condenado à morte eterna (Me 16:16). Jesus disse ainda que quem crê tem a vida eterna e não entra em juízo (Jo 5:24). Portanto, é evidente que quem não crê entra em juízo e é condenado à morte eterna, pois a incredulidade é a única coisa capaz de nos apartar eternamente do Deus vivo (Hb 3:12).

Alguns críticos chegaram a conclusão de que a expiação conduz ao antinomianismo, isto é, se Cristo cumpriu a lei por nós, podemos agora negligenciar os mandamentos de Deus, porque Cristo foi obediente em nosso lugar, a nossa parte agora é só crer.

Realmente há pessoas que pensam que podem pecar deliberadamente, pois Cristo já morreu em nosso lugar sendo condenado a morte pelos nossos pecados.

"Que proveito há, meus irmãos se alguém disser que tem fé e não tiver obras? Porventura essa fé pode salvá-lo? Assim também a fé, se não tiver obras, é morta em si mesma. Mas dirá alguém: Tu tens fé, e eu tenho obras; mostra-me a tua sem as obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras. Mas queres saber, ó homem insensato, que a fé sem as obras é inútil?" (Tg 2:14,17,18,20)

O antinomianismo surgiu na igreja primitiva dizendo que a justificação era pela somente sem a necessidade de obras, pois os cristãos não estão mais debaixo da lei e sim da graça.

Tiago, em sua epístola, condenou o antinomianismo, resistiu esta heresia e declarou que a fé sem as obras é morta.

"Porventura não foi pelas obras que nosso pai Abraão foi justificado quando ofereceu sobre o altar seu filho Isaque? Vês que a fé cooperou com as suas obras, e que pelas obras a fé foi aperfeiçoada. E se cumpriu a escritura que diz: E creu Abraão em Deus, e isso lhe foi imputado como justiça, e foi chamado amigo de Deus. Vedes então que é pelas obras que o homem é justificado, e não somente pela fé. E de igual modo não foi a meretriz Raabe também justificada pelas obras, quando acolheu os espias, e os fez sair por outro caminho? Porque, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta". (Tg 2:21-26)

Paulo condenou o antinomianismo daqueles que diziam que os cristãos deveriam permanecer no pecado para que a graça de Deus fosse mais superabundante ainda, pois se onde abundou o pecado superabundou a graça. Os defensores dessa heresia afirmavam, caluniosamente, que o antinomianismo era uma doutrina cristã ensinada por Paulo.

"Mas, se pela minha mentira abundou mais a verdade de Deus para sua glória, por que sou eu ainda julgado como pecador? E por que não dizemos: Façamos o mal para que venha o bem? como alguns, caluniosamente, afirmam que dizemos; a condenação dos quais é justa". (Rm 3:7,8).

Paulo, na epístola aos Romanos, condenou o antinomianismo, resistiu esta heresia e declarou a condenação daqueles que pregam o antinomianismo é justa.

"Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que abunde a graça? De modo nenhum. Nós, que já morremos para o pecado, como viveremos ainda nele? Sabendo isto, que o nosso homem velho foi crucificado com ele, para que o corpo do pecado fosse desfeito, a fim de não servirmos mais ao pecado. Assim também vós considerai-vos como mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus". (Rm 6:1,2,6,11).

Paulo, na epístola aos Romanos, condenou também o antinomianismo daqueles que diziam que os cristãos deveriam permanecer no pecado, pois não estavam mais debaixo da lei e sim da graça. Paulo resistiu esta heresia e declarou que aqueles vivem o antinomianismo são escravos do pecado e o salário do pecado é a morte.

"Pois quê? Havemos de pecar porque não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça? De modo nenhum. Não sabeis que daquele a quem vos apresentais como servos para lhe obedecer, sois servos desse mesmo a quem obedeceis, seja do pecado para a morte, ou da obediência para a justiça?" (Rm 6:1,2,6,11). 

Os apóstolos ensinaram à Igreja Primitiva que a morte de Cristo foi sacrificial, vicária expiatória. No entanto, tal verdade está sujeita a ser mal compreendida, dando lugar ao antinomianismo.

O propósito de Deus na salvação do homem não só garante a realização de uma expiação, mas assegura a sua aplicação eficaz àqueles que são salvos por meio da fé. Sem a obra do Espírito Santo, todos os homens continuariam em pecado, e Cristo teria morrido em vão. Cristo fez a expiação, e o Espírito Santo a aplica mediante a fé.


SUBSTITUIÇÃO

"Porque também Cristo morreu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus". (1ª Pe 3:18).

Substituição é o ato ou efeito de colocar uma pessoa em lugar ou posição de outrem. Havendo o homem pecado, ele ficou destituído da glória de Deus (Rm 6:23). Deus encontrou um método de ser justo e justificador, isto porque não pode haver injustiça nele. Deus achou na substituição a maneira ideal para poder ser justo e justificador, ou seja, ele foi fiel a si mesmo, ao seu caráter, à sua palavra e à sua justiça, e principalmente derrotando satanás (Rm 8:1-4).

"e, pondo as mãos sobre a cabeça do bode vivo, confessará sobre ele todas as iniqüidades dos filhos de Israel, e todas as suas transgressões, sim, todos os seus pecados; e os porá sobre a cabeça do bode, e enviá-lo-á para o deserto, pela mão de um homem designado para isso". (Lv 16:21).

No Antigo Testamento o sacerdote confessava sobre a cabeça do bode emissário todas as iniqüidades do povo de Israel. Isto nos mostra a substituição do povo pelo bode emissário. Este bode emissário era um tipo de Cristo, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do Mundo.

"Assim aquele bode levará sobre si todas as iniqüidades deles para uma região solitária; e esse homem soltará o bode no deserto". (Lv 16:21,22).

Isto nos mostra a imputação dos pecados do povo transferidos para o bode emissário. Este bode emissário era um tipo de Cristo, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do Mundo.

No Novo Testamento a substituição foi através de uma entrega total de Jesus, morrendo por todos (lª Tm 2:6). Ele sofreu o castigo que era reservado para o homem (Gl 3:13), isto para purificar para si um povo zeloso (Tt 2:14). A entrega voluntária de Cristo se traduz nas suas palavras: "...e dou a minha vida pelas ovelhas". (Jo 10:15), e mais adiante, Jesus falou: "Ninguém a tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou". (Jo 10:18).

Jesus pagou com sua vida o preço de nossos pecados (lª Pe 3:18). Ele morreu uma só vez pelos pecados, o justo pelos injustos. Através de sua morte substitutiva, fomos reconciliados com Deus (Rm 5:10) e agora somos de sua família (Ef 2:19). Jesus sofreu na própria carne (lª Pe 4:1), nos substituindo para pagar o preço que tínhamos de pagar (Rm 4:25). Tudo isto foi realizado pelo Filho de Deus, que nasceu sem pecado, Jesus Cristo, nosso Salvador.

Jesus realmente sempre esteve sem pecado, mas foi feito pecado por nós judicialmente. Isto é, pela sua morte na cruz, ele pagou a penalidade por nossos pecados, cancelando o débito do pecado que havia contra nós. Assim, mesmo não tendo Jesus jamais cometido um pecado pessoalmente, ele se fez pecado por nós como nosso substituto.

Quando o pecado tomou lugar no Éden, Deus reuniu Adão, Eva, o diabo e a serpente, e para cada um foi determinada uma sentença (Gn 3:11-19). O homem por conseqüência tornou-se réu de morte física (Gn 3:19). Jesus trouxe ao homem uma condição: "Quem crer será salvo; mas quem não crer será condenado".  (Me 16:16). Somente crendo em Jesus como seu Salvador, o homem pode escapar dessa situação (At 16.31).

A condenação divina veio através da desobediência a uma ordem: "Não comerás". (Gn 2:17), mas o homem comeu, e Deus, sendo justo, tinha que julgar o erro. Julgado, o homem foi considerado culpado, vindo em seguida a punição (Rm 2:6-8). A partir daquele momento o homem estava preso às circunstâncias carnais (Tg 1:15). O pecado separou o homem de Deus (Is 59:2).

Deus é justo e justificador, por causa disso providenciou a salvação para o homem (Gl 4:4), pois viu que não havia um justo, nem um sequer sobre a terra (Rm 3:1O). Por causa da situação do homem Deus proveu uma salvação eterna (Jo 1:29). Alguém precisava salvar o homem e o escolhido foi o Filho de Deus (Hb 2:9), pois o homem por si só jamais teria condição de salvar­ se (Sl 49:8), pois o preço seria muito alto para o homem.

Um fato importante para se entender a doutrina da substituição é que Jesus sendo divino não "precisava vir ao mundo, pois a dívida com Deus, não era dele (Fm 1:18). Entretanto, alguém precisava pagar o preço, nos substituindo perante Deus (Cl 2:14) e isto Jesus fez de forma gloriosa (Fp 2:6-9), deixando-nos o exemplo de sua perfeita substituição.

Jesus tinha consciência de sua missão sacrificial (Mt 20:28), por isso declarou: "Ninguém tem maior amor do que este; de dar alguém a sua vida pelos seus amigos". (Jo 15:13).

A lei oferecia a vida como recompensa aos obedientes e ameaçava com a morte como pena aos desobedientes. O preceito da lei tinha de ser obedecido, e a pena da lei tinha de ser aplicada aos desobedientes. Cristo obedeceu ao preceito da lei para os desobedientes, e recebeu a pena da lei pelos desobedientes. No entanto, o sofrimento físico de Cristo não é mais importante do que a sua disposição voluntária de dar sua vida pela humanidade.

"Por isto, o Pai me ama, porque eu dou a minha vida para a reassumir. Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a entregar e também para reavê-la. Este mandato recebi de meu Pai". (Jo 10:17,18).

Sobre a obra da substituição Calvino afirmou: "Não podemos ser condenados pelos nossos pecados, posto que ele nos tem absolvido de todos, tomando-os sobre Si e desejando que lhes fossem imputados, como se Ele os houvesse cometido. Tal é a admirável troca e substituição que Ele, meramente por Sua infinita bondade, quis fazer conosco. Ele, aceitando toda nossa pobreza, nos tem transferido todas as suas riquezas, tomando sobre si nossas fraquezas, nos tem feito forte com Sua virtude e potência, recebendo em Si nossa morte, nos tem dado a Sua imortalidade; carregando todo o peso dos nossos pecados, debaixo dos quais estávamos em agonia, nos tem dado Sua justiça para que nos apoiemos n'Ele, descendo a terra nos tem aberto o caminho para chegar ao céu, fazendo-se filho do homem, nos tem feito filhos de Deus."

A substituição foi o caminho encontrado por Deus para nos livrar da morte, pois todos estávamos condenados. Existe agora, em Cristo, a real possibilidade de salvação, pois Cristo tornou-se o substituto providenciado por Deus. Cristo é o substituto de todos os pecadores do passado, do presente e do futuro. A substituição é universal. 

Deus após providenciar o substituto lhe imputa a culpa do pecado da humanidade.


IMPUTAÇÃO

" ... mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de todos nós". (Is 53:6).

Imputação é o ato judicial pelo qual Deus lança meritoriamente na conta da humanidade o pecado de Adão, e judicialmente na conta de Cristo o pecado da humanidade, e gratuitamente na conta da humanidade a justiça de Cristo. Imputação significa atribuir responsabilidade ou lançar na conta de alguém. Paulo ensina esta doutrina quando assume a dívida de Onésimo (Fm 1:18,19). Do mesmo modo Jesus Cristo tomou a nossa dívida.

Na conta do homem com Deus estava imputado o pecado, isto é, sua responsabilidade pelo mal. Este mal havia atingido a todos: "Porque todos pecaram". (Rm 3:23).

A morte física teve sua origem em Adão. Sendo assim, nós, da descendência adâmica, simples­ mente ficamos à mercê da pecaminosidade original que se desenvolveu em nós como herança congênita (Rm 5:12-19).

A imputação do pecado de Adão à raça humana foi mediata através da hereditariedade, pois a corrupção da carne e a pecaminosidade (pecado original) sobre o indivíduo só têm efeito real através da hereditariedade.

Mas a imputação do pecado de Adão à raça humana foi também de modo imediato, pois a morte física é conseqüência direta do pecado.

Dessa forma, o homem perdeu o direito à árvore da vida, e foi lançado fora do jardim (Gn 3:22,23). E, infelizmente, o pecado trouxe muitos problemas para o homem (Rm 1:32). Mas, Jesus veio para cumprir com a sentença divina e triunfar sobre a morte (Hb 2:14).

Sendo a imputação o ato de atribuir responsabilidade a alguém, somente Jesus poderia tirar essa carga de nossos ombros, atribuída ao homem por causa do pecado. Era necessário alguém imaculado para remover essa mácula (2ª Co 5:21). Portanto, se Jesus tivesse pecado, ele não poderia pagar a dívida para o pecador. Pedro afirma que Cristo se fez pecado por nós, para nos remir de toda a injustiça (1ª Pe 2:24,25).

Jesus, ao se oferecer como oferta pelo pecado se fez pecado por nós (1ª Jo 2:1,2). Para isto era preciso alguém que não possuísse o resíduo do pecado, e que tivesse uma vida irrepreensível (2ª Co 5:21). Em seu ministério terreno, Jesus perguntou: "Quem dentre vós me convence de pecado?" (Jo 8:46).

Uma dívida não é simplesmente colocada no esquecimento, pois mais cedo ou mais tarde o devedor tem que ajustar as contas com seu credor. Da mesma maneira a criação tinha que ajustar as contas com seu criador (Sl 94:23; Jó 4:8). O homem por si só não tinha condições de pagar por seus pecados, por isso veio Jesus e riscou a cédula que era contra nós, a qual de alguma maneira nos condenava, e a removeu do meio de nós, cravando-a na cruz (Cl 2:14).

A dívida do homem para com Deus tinha de ser paga, pois ele estava ofendido com a humanidade (Fm 1:9-13). A queda e o fracasso do homem o fizeram devedor para com Deus, e sua conta era tão alta que todos os recursos se esgotariam antes de pagá-la (Sl 49:7,8). Só Jesus pôde com seu precioso sangue acertar nossa conta com Deus (1ª Pe 1:18,19), isto é imputação, Jesus assumiu nossa dívida.

Não adiantaria o homem sacrificar-se a si mesmo ou cumprir outra penitência, Deus jamais aceitaria o sacrifício humano como o pagamento da dívida (Sl 40:6). Ao homem pecador foi proibido, pelo Senhor, oferecer qualquer tipo de sacrifício humano pelo pecado, pois o homem tinha a mancha do pecado (Lv 18:21).

O pecado foi repudiado e condenado por Deus de maneira que causou a morte do homem (Ez 18:4). Para fugir da sentença divina, o homem aceitou os rituais instituídos por Deus, através da lei, para poder ser encoberto dos olhos de Deus (S1 32:1). Todo o ritual do sacrifício era realizado pelo sacerdote em favor do povo (Nm 29:7-11). Tudo isso era simplesmente para cobrir e não para tirar o pecado do homem. Após a vinda de Cristo todo o sacrifício do Antigo Testamento foi transferido para o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1:29).

Para aplacar a ira divina contra o pecado, nasceu Jesus (Mt 1:21). O propósito divino era que nele se executasse toda a justiça de Deus (Mt 3:15). Para isto, ele se tornou pecado por nós (2ª Co 5:21), imputando a si mesmo as nossas transgressões.

"Pois, na verdade, (Deus) não presta auxílio aos anjos, mas sim à descendência de Abraão". (Hb 2:16).

Deus não socorre a anjos, mas socorre a descendência de Abraão, pois Abraão é considerado o pai da fé, pois foi o primeiro a ter a fé lhe imputada como justiça. Abraão foi o primeiro a ser justificado pela fé.

Deus fez uma promessa a Abraão de que ele seria pai de muitas nações. Porém, Abraão e sua esposa Sara eram bem idosos, sem a menor possibilidade de gerar filhos. Porém, Abraão creu em Deus e na sua promessa, sendo esta sua imputada como justiça. O apóstolo Paulo nos diz como foi a justificação de Abraão e de seus descendentes: "Pois, que diz a Escritura? Creu Abraão a Deus, e isso lhe foi imputado como justiça. (como está escrito: Por pai de muitas nações te constituí) perante aquele no qual creu, a saber, Deus, que vivifica os mortos, e chama as coisas que não são, como se já fossem. O qual, em esperança, creu contra a esperança, para que se tornasse pai de muitas nações, conforme o que lhe fora dito: Assim será a tua descendência; e sem se enfraquecer na fé, considerou o seu próprio corpo já amortecido (pois tinha quase cem anos), e o amortecimento do ventre de Sara; contudo, à vista da promessa de Deus, não vacilou por incredulidade, antes foi fortalecido na fé, dando glória a Deus, e estando certíssimo de que o que Deus tinha prometido, também era poderoso para o fazer. Pelo que também isso lhe foi imputado como justiça. Ora, não é só por causa dele que está escrito que lhe foi imputado; mas também por causa de nós a quem há de ser imputado, a nós os que cremos naquele que dos mortos ressuscitou a Jesus Nosso Senhor; o qual foi entregue por causa das nossas transgressões, e ressuscitado para a nossa justificação". (Rm 4:3,17-25).

Tínhamos de fato uma dívida para com Deus, devido ao fato de termos pecado. Mas através de Jesus Cristo, o Filho Unigênito de Deus que se fez pecado por nós, aqueles que o recebem ganham o direito de serem filhos de Deus. Portanto nada mais há que nos impute pecados, pois Cristo levou sobre si as nossas culpas, imputando a si mesmo os nossos pecados, e imputando a todos que nele crêem a sua justiça, e nos tornando assim legítimos filhos de Deus (Jo 1:12,13).

Sobre Cristo foram imputados todos os pecados. A imputação é universal englobando todos os pecados do passado, do presente e do futuro. Por isso, as Escrituras dizem que fomos salvos (Rm 8:24), somos salvos (lª Co 1:18) e seremos salvos (Mt 24:13).

Após providenciar o substituto, e lhe imputar o pecado e a culpa da humanidade pecadora, Deus decide que o substituto deve cumprir a pena que estava destinada a humanidade pecadora. "Àquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus". (Co 5:21).


 PROPICIAÇÃO

" ... Jurou o Senhor, e não se arrependerá: Tu és sacerdote para sempre, de tanto melhor pacto Jesus foi feito fiador. E, na verdade, aqueles foram feitos sacerdotes em grande número, porque pela morte foram impedidos de permanecer, mas este, porque permanece para sempre, tem o seu sacerdócio perpétuo. Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, porquanto vive sempre para interceder por eles. Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, e feito mais sublime que os céus; que não necessita, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios, primeiramente por seus próprios pecados, e depois pelos do povo; porque isto fez ele, uma vez por todas, quando se ofereceu a si mesmo". (Hb 7:21-27).

A palavra propiciação vem do latim prope que significa 'perto de'. A palavra propiciação significa juntar, tornar favorável ou efetuar reconciliação. Refere-se a remoção da penalidade do pecado pela oferta de uma dádiva. Propiciar é aplacar a ira de um Deus santo pela oferenda de um sacrifício expiatório perfeito. Jesus é esta oferenda. Ele é a nossa propiciação.

"sendo justificados gratuitamente pela sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus, ao qual Deus propôs como propiciação, pela fé, no seu sangue, para demonstração da sua justiça por ter ele na sua paciência, deixado de lado os delitos outrora cometidos". (Rm 3:24,25).

A justiça de Deus tinha que ser satisfeita, pois as leis de Deus estavam sendo transgredidas e havia uma dívida. E sangue de bodes e touros não remove o pecado.

"Porque é impossível que o sangue de touros e de bodes tire pecados". (Hb 10:4).

E o povo que tinha pecado até ali, o que tinha trazido diante de Deus para expiação do pecado? Sangue de bodes, touros e carneiros. Jesus substituiu diante de Deus aqueles animais, por isso Jesus morreu por todos do passado, do presente e do futuro, e fez a expiação para que Deus se tornasse propício ao homem.

"Pelo que convinha que em tudo fosse feito semelhante a seus irmãos, para se tornar um sumo sacerdote misericordioso e fiel nas coisas concernentes a Deus, a fim de fazer propiciação pelos pecados do povo". (Hb 2:17).

A propiciação vai além da expiação, pois enfatiza a morte de Cristo. Na propiciação a ação se dirige para Deus, a pessoa ofendida. O propósito da propiciação é alterar a atitude de Deus, da ira para a boa vontade e favor. Na propiciação é a ira que é removida (Rm 5:9,10) e a amizade de Deus é restaurada. Não é o caso de Deus mudar, mas sim de que sua ira é desviada (Sl 78:38; Sl 79:8).

"Nisto está o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho como propiciação pelos nossos pecados". (1ª Jo 4:10).

A expiação remove o pecado, a reconciliação extingue a inimizade contra Deus, e a propiciação remove a penalidade do pecado: a ira de Deus, que é desviada para a cruz de Cristo (Rm 3:25; Rm 1:18,24,26).

"Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; mas, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo. E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo". (1ª Jo 2:1,2).

Assim como a reconciliação, a propiciação alcança a toda a humanidade, pois Cristo é propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo para que o mundo se reconcilie com Deus (2ª Co 5:20). E como a reconciliação e a propiciação procedem da expiação de Cristo, logo o alcance da expiação é universal, e não limitada aos eleitos como querem os calvinistas.

"...Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque. O qual nos dias da sua carne, tendo oferecido, com grande clamor e lágrimas, orações e súplicas ao que podia livrar da morte, e tendo sido ouvido por causa da sua reverência, ainda que era Filho, aprendeu a obediência por meio daquilo que sofreu; e, tendo sido aperfeiçoado, veio a ser autor de eterna salvação para todos os que lhe obedecem, sendo por Deus chamado sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque". (Hb 5:6-10). 


O ALCANCE DA EXPIAÇÃO

"E cantavam um cântico novo, dizendo: Digno és de tomar o livro, e de abrir os seus selos; porque foste morto, e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, e língua, e povo e nação". (Ap 5:9).

Após Jesus ser crucificado, ofereceu sua vida lá no céu, ofereceu seu sangue, derramado pelo pecado, pagando a dívida do pecador perante Deus.

Jesus Cristo, através da expiação, além de pagar a divida do homem pelo pecado, teve como objetivo resgatar homem do poder do pecado comprando-o para Deus, por intermédio de seu próprio sangue.

Após providenciar o substituto, lhe imputar a culpa da humanidade pecadora, Deus decide que o substituto deve expiar os pecados da humanidade. Jesus, através da expiação, comprou com o seu sangue homens de toda tribo, língua, povo e nação para Deus. Mas será que esta expiação alcançou os pecados de todos os homens ou apenas de parte deles? 

Para esta indagação temos respostas em duas correntes teológicas distintas:

1.  Expiação Universal - Corrente teológica que defende que Cristo morreu por todos, e não somente pelos eleitos. O sacrifício de Cristo torna possível a toda e qualquer pessoa o acesso à salvação pela fé, mas não assegura a salvação de ninguém. Só os que crêem nele, e todos quantos crêem, serão salvos. Esta corrente teológica é defendida pelos arminianos.

Os arminianos nos apresentam uma série de textos bíblicos que embasam a expiação universal: "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna". (Jo 3:16).

O filósofo e teólogo calvinista David S. Clark desmente a doutrina calvinista da expiação limitada aos eleitos, ao afirmar sobre o texto acima: "Foi uma verdade chocante para Nicodemos, em seu estreito exclusivismo. Deus não amou somente aos judeus, mas também aos gentios; não a uma parte do mundo apenas, mas a todos os homens que nele se encontram, independentemente de seu caráter moral, porque Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores (Rm 5:8). Isto é realmente maravilhoso, quando começamos a compreender que mundo de pecados é este! O amor de Deus é mais amplo, mais extenso do que a medida da mente humana. Deus deseja a salvação de todos os homens".

Este texto mostra que Deus amou a todos, deixando a salvação disponível a todos.

"E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim". (Jo 12:32).

Novamente nos é evidenciado o termo todos, numa clara evidencia de que a expiação é universal. Jesus é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1:29).

"...Deus nosso Salvador, o qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade". (1ª Tm 2:3,4).

Deus deseja que todos os homens sejam salvos. Então porque Deus decretaria que a expiação de Cristo fosse limitada apenas aos eleitos? Isto além de conflitar com o desejo de Deus, nos mostra uma irrefutável prova a favor da expiação universal.

"...Jesus, coroado de glória e honra, por causa da paixão da morte, para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todos". (Hb 2:9).

Jesus provou a morte por todos, logo a expiação é, irrefutavelmente, universal.

"O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; porém é longânimo para convosco, não querendo que ninguém se perca, senão que todos venham a arrepender-se". ( Pe 3:9).

Deus deseja que todos se arrependam. Deus não quer que ninguém se perca. Deus é longânimo para com todos.

"E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo". (1ª Jo 2:2).

Jesus é a propiciação pelos pecados de todos os homens. Este texto é uma prova incontestável que a expiação é universal.

" ... porque temos posto a nossa esperança no Deus vivo, que é o Salvador de todos os homens, especialmente dos que crêem". (1ª Tm 4:10).

Este texto é uma prova incontestável que a expiação é universal. Pois, define que Jesus é o Salvador de todos os homens, ou seja, a Cristo expiou os pecados de todos.

"Porque a graça de Deus se manifestou, trazendo salvação a todos os homens". (Tt 2:11).

Salvação a todos os homens. Isto significa que a expiação alcançou a todos. 

2.     Expiação Limitada - Corrente teológica que defende que Cristo morreu apenas pelos eleitos, e não por todos. Segundo Agostinho, a graça de Deus é "suficiente para todos, eficiente para os eleitos". Cristo foi sacrificado para redimir o seu povo, não para tentar redimi-lo. Ele abriu a porta da salvação a todos, porém, os eleitos querem entrar, e efetivamente entram. Esta corrente teológica é defendida pelos calvinistas. Porém, João Calvino, de cujos ensinos vem o termo calvinismo não cria na expiação limitada aos eleitos.

O teólogo calvinista John Owen declarou em seu livro "Por quem Cristo morreu?" de 1647: "Cristo não morreu por ninguém sob a condição de que eles cressem. Ele morreu por todos os eleitos, para que eles pudessem crer".

Entretanto, a Bíblia nos mostra que Cristo morreu até mesmo por aqueles que o negam, e todos sabemos que qualquer um que negar a Cristo diante dos homens, ele também o negará diante do Pai nos céus (Mt 10:33).

"Mas houve também entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá falsos mestres, os quais introduzirão encobertamente heresias destruidoras, negando até o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição." (ia Pe 2:1).

Os calvinistas nos apresentam uma série de textos bíblicos que embasam a expiação limitada: "Assim como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos". (Mt 20:28).

É bom lembrar que Jesus resgatou a todos do pecado, e que não podemos nos basear em versículos isolados para inventar doutrinas que depreciem o sacrifício de Cristo. Veja o comentário do texto abaixo (2ª Pe 2:1).

"Pois isto é o meu sangue, o sangue do pacto, o qual é derramado por muitos para remissão dos pecados". (Mt 26:28).

Deste texto não podemos concluir que a expiação seja limitada aos eleitos, pois o apóstolo Paulo nos mostra que Jesus resgatou a todos: "O qual se deu a si mesmo em resgate por todos, para servir de testemunho a seu tempo". (1ª Tm 2:6).

"Semelhantemente, depois da ceia, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo pacto em meu sangue, que é derramado por vós". (Lc 22:20).

Com base neste texto podemos concluir que Jesus derramou seu sangue apenas para os doze apóstolos que estavam presentes à ceia (Lc 22:14,21). Porém, surge um complicador, como os calvinistas explicarão o fato de Judas Iscariotes ser um dos doze apóstolos e estar presente àquela ceia? Se Jesus morreu pelos eleitos, como explicar o fato de Jesus ter dito que morreria pelos apóstolos, incluindo Judas Iscariotes? Todos sabemos que Judas Iscariotes não era um eleito.

"Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé no filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim". (Gl 2:20). 

Com base neste texto poderíamos afirmar que Cristo morreu apenas pelo apóstolo Paulo.

"Eu sou o bom pastor; o bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas". (Jo 10:11).

Jesus é o Salvador de todos os homens, porém, somente serão salvos por Jesus aqueles que crêem nele. Jesus expiou os pecados de todos os homens, porém, apenas as ovelhas reconhecem o sacrifício de Jesus.

"Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos". (Jo 15:13).

Jesus morreu por aqueles que se tornariam seus amigos, mas morreu também por aqueles que permaneceriam como seus inimigos. Pedro refere-se aos apóstatas que estavam renegando o Senhor Jesus como sendo pessoas que foram resgatadas por Cristo (2ª Pe 2:1).

"Vós, maridos, amai a vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela". (Ef 5:25).

Dizer que Jesus expiou apenas os pecados da igreja é menosprezar a sua encarnação.

"Cuidai, pois de vós mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele adquiriu com seu próprio sangue". (At 20:28).

Se Jesus expiou apenas o pecado da igreja sua vitória sobre o pecado não foi completa. "Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras". (1ª Co 15:3).

Jesus morreu pelos nossos pecados, não apenas pelos nossos pecados, mas também pelos pecados do mundo inteiro: "E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo". (1ª Jo 2:2).

O resultado da expiação de Cristo é a nossa justificação: "E havendo riscado o escrito de dívida que havia contra nós nas suas ordenanças, o qual nos era contrário, removeu-o do meio de nós, cravando-o na cruz". (Cl 2:14).

Jesus morreu por todos os homens, e expiou os pecados de todos os homens. Jesus é o Salvador do mundo para aqueles que o viram: "E nós temos visto, e testificamos que o Pai enviou seu Filho como Salvador do mundo". (1ª Jo 4:14).

Jesus é o Salvador do mundo para aqueles que o ouviram: "e diziam à mulher: Já não é pela tua palavra que nós cremos; pois agora nós mesmos temos ouvido e sabemos que este é verdadeiramente o Salvador do mundo". (Jo 4:42).

Hoje estamos em comunhão com Deus, pois Cristo, o justo, morreu pelos injustos. "Porque também Cristo morreu uma só vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; sendo, na verdade, morto na carne, mas vivificado no espírito". (1ª Pe 3:18).


PERDÃO

"Vinde, pois, e arrazoemos, diz o Senhor: ainda que os vossos pecados são como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que são vermelhos como o carmesim, tornar-se-ão como a lã". (Is 1:18).

O perdão é o resultado da morte de Cristo e se por meio da substituição, na qual, Cristo nosso Cordeiro Pascal se oferece para morrer em nosso lugar. Quando Adão pecou, ele foi condenado pelo que fez de errado (1ª Jo 3:4). Cristo em sua obra vicária corrigiu os erros de Adão, obedecendo as ordens e as proibições dos mandamentos de Deus, pois a lei inclui proibições (não adulterarás, etc.) e ordenanças (amarás a Deus, etc.). O perdão é, portanto o ato judicial de Deus pelo qual ele concede ao pecador, na cruz, os benefícios resultantes da obediência passiva de Cristo. O perdão é o ato judicial de Deus pelo qual nos é concedida a anistia da culpa.

Neste tópico estou tratando do perdão de pessoas já regeneradas, que cometem pecados após o novo nascimento. 

O perdão é uma concessão divina recebida mediante o arrependimento e confissão. O arrependimento é condição indispensável para se alcançar o perdão divino (Lc 24:47).

arrependimento deve levar o penitente à confissão dos pecados.

Não há pecado tão pequeno que não mereça a condenação, assim também não há pecado tão grande que possa trazer a condenação sobre os que se arrependem verdadeiramente.

"Se dissermos que não temos pecado nenhum, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça". 1ª Jo 1:8,9).

Apesar da nossa regeneração e da nossa justificação às vezes somos traídos pelo nosso velho homem, e somos levados a praticar alguns pecados contra Deus e contra nosso próximo.

O salmista Davi mostra a importância da confissão de pecados: "Bem-aventurado aquele cuja transgressão é perdoada, e cujo pecado é coberto. Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não atribui a iniqüidade, e em cujo espírito não dolo. Enquanto guardei silêncio, consumiram-se os meus ossos pelo meu bramido durante o dia todo. Porque de dia e de noite a tua mão pesava sobre mim; o meu humor se tornou em sequidão de estio. Confessei-te o meu pecado, e a minha iniqüidade não encobri. Disse eu: Confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e tu perdoaste a culpa do meu pecado". (SI 32:1-5).

O peso de uma consciência acusadora por causa de pecados não confessados, constitui-se em uma das principais causas de doenças psicossomáticas. O complexo de culpa gerado por pecados não confessados causa problemas de medo, insônia, complexo de inferioridade, etc.

Um psiquiatra cristão disse que se pudesse comunicar perdão a seus pacientes, teria 70% deles curados em um dia só.

Não estou dizendo que todas as doenças psicossomáticas dos cristãos são causadas por pecados não confessados, e sim que os cristãos desfrutariam de melhor saúde se descobrissem o poder da confissão de pecados a Deus e ao próximo.

Os pecados não confessados geram o mau humor, a falta de alegria na vida dos crentes, por isto Davi disse que o seu humor se tornou em sequidão de estio. 

Os pecados não confessados impedem a prosperidade na vida dos crentes.

"O que encobre as suas transgressões nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia". (Pv 28:13).

Deus continua a perdoar os pecados dos que são justificados. Embora a justificação deles seja para sempre, eles poderão, ainda assim, desobedecer a Deus, e ficar sem a sua glória, até que se humilhem, se arrependam, confessem os seus pecados,

Pecado confessado é pecado perdoado, e onde há perdão, há paz gerada pela certeza do perdão divino, e a culpa é cancelada. Por isto Davi disse: tu perdoaste a culpa do meu pecado.

Apesar da nossa regeneração e da nossa justificação, o nosso pecado ainda ofende a Deus, por isso devemos nos arrepender e confessar este arrependimento a Deus, pois o sangue de Jesus seu Filho nos purifica de todo pecado.

O perdão divino para o pecado, em qualquer dispensação, sejam quais forem as condições, sempre se baseia no sacrifício de Jesus Cristo.

"Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus seu Filho nos purifica de todo pecado". (1ª Jo 1:7).