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O DÍZIMO DO VELHO TESTAMENTO E A OFERTA DO NOVO TESTAMENTO

Brian Anderson

Introdução
A idéia de que todo crente é obrigado a dizimar (dar 10% da sua renda para a obra do Senhor) é largamente difundida nas igrejas evangélicas de hoje.  Já bem cedo na vida espiritual, praticamente todo crente é ensinado que tem que dizimar. Algumas igrejas crêem tão fortemente em dizimar que seus membros regularmente recitam o Credo do Dízimista "O dízimo é do Senhor. Em a verdade, o aprendemos. Em a fé, o cremos. Em a alegria, o damos. O dízimo!" Outros [muitos] pregadores têm clamado que qualquer crente que não dá o dízimo para o trabalho do Senhor está roubando Deus e está sob maldição, de acordo com Malaquias 3.8-10.

Neste livrinho, examinaremos o que a [própria] Bíblia ensina sobre o assunto do dízimo, sendo nosso propósito entendermos [somente pela Bíblia] qual a [real] relevância que o dízimo tem para os crentes no Senhor Jesus Cristo, vivendo sob o Novo Pacto. Faremos isto examinando o que a [própria] Bíblia tem a dizer sobre o dízimo: 1) antes da Lei ser dada; 2) sob a Lei Mosaica; 3) nas Escrituras do Novo Testamento.

1 - O dízimo, antes da Lei
Há duas passagens Bíblicas que falam de um dízimo sendo dado antes que a Lei fosse instituída no Sinai. As passagens envolvem Abraão e Jacó, dois dos patriarcas de Israel.

Gênesis 14.17-20: "E o rei de Sodoma saiu-lhe ao encontro (depois que voltou de ferir a Quedorlaomer e aos reis que estavam com ele) até ao Vale de Savé, que é o vale do rei. E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; e era este sacerdote do Deus Altíssimo. E abençoou-o, e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra; E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos. E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo. [Todas as citações são da Almeida Corrigida Fiel]"
Nesta passagem, somos ditos que Abraão deu um dízimo a Melquisedeque, presumivelmente como uma expressão de gratidão a Deus por capacitar-lhe e conceder-lhe resgatar seu sobrinho Ló, que tinha sido levado cativo. Aqueles que crêem que o dízimo é mandatório para os crentes do Novo Testamento argumentam que, uma vez que o dízimo foi praticado antes que a Lei Mosaica fosse dada, ele forçosamente também tem que ser praticado depois da Lei Mosaica (que tem sido feita obsoleta pelo estabelecimento do Novo Pacto, através do sacrifício de Cristo) (Hb 8.13). No entanto, antes que cheguemos a qualquer decisão dura e apressada, olhemos de mais perto o texto [acima] e façamos algumas observações pertinentes.

- Não há nenhuma evidência neste texto de que dizimar foi ordenado por Deus. De fato, tudo no texto nos leva a crer que dar o dízimo foi, completamente, uma decisão e [livre] escolha de Abraão. Como tal, foi completamente voluntária. Como veremos pouco depois em nosso estudo, o dízimo, na Lei, de modo algum era voluntário, mas sim obrigatório a todo o povo de Deus.
- Ademais, este é o único dízimo que as Escrituras mencionam que Abraão deu [em toda a sua vida]. Não temos nenhuma evidência de que dizimar era sua prática geral [habitual, constante].
- Ainda mais, este dízimo proveio do despojo da vitória que Abraão adquiriu por poderio militar. Como notaremos depois em nosso estudo, o dízimo exigido sob a Lei Mosaica era sobre o lucro da colheita, dos frutos e dos rebanhos, e para ser dado em uma base anual não o despojo de uma vitória militar!

Gênesis 28.20-22: E Jacó fez um voto, dizendo: Se Deus for comigo, e me guardar nesta viagem que faço, e me der pão para comer, e vestes para vestir; E eu em paz tornar à casa de meu pai, o SENHOR me será por Deus; E esta pedra que tenho posto por coluna será casa de Deus; e de tudo quanto me deres, certamente te darei o dízimo.
Jacó, nesta passagem, está fazendo um voto em resposta a uma visitação que recebeu de Deus, em um sonho. Neste sonho, Jacó viu uma escada alcançando o céu, com os anjos de Deus subindo e descendo por ela. No sonho, Deus estava de pé, acima da escada, e disse a Jacó "... Eu sou o SENHOR Deus de Abraão teu pai, e o Deus de Isaque; esta terra, em que estás deitado, darei a ti e à tua descendência; E a tua descendência será como o pó da terra, e estender-se-á ao ocidente, e ao oriente, e ao norte, e ao sul, e em ti e na tua descendência serão benditas todas as famílias da terra; E eis que estou contigo, e te guardarei por onde quer que fores, e te farei tornar a esta terra; porque não te deixarei, até que haja cumprido o que te tenho falado."  (Gn 28.13-15). Em resposta, Jacó fez o voto que, se Deus guardasse Sua promessa, ele, por sua vez, daria a Deus um dízimo. Novamente, em semelhança ao exemplo de Abraão, parece que este dízimo foi voluntário da parte de Jacó. Se ele de fato começou a dizimar [a Bíblia não o registra] depois que Deus cumpriu a promessa que lhe fez, Jacó ainda adiou o dizimar por 20 anos! [até depois da volta a Canaã.]

Estes dois são os únicos exemplos de dizimar que podem ser encontrados no Velho Testamento antes da Lei ser dada. Ambos são exemplos de algo voluntário, e nenhum desses dois dizimar foi pedido por Deus. Em nenhum dos personagens [Abraão e Jacó, que deram estes dois dízimos,] vemos um exemplo de dizimar como uma prática geral [habitual, constante] das suas vida. De fato, na vida de Abraão, parece que temos um dízimo como algo que ele só deu uma única vez em sua vida, e foi [um dízimo] dos despojos de uma vitória militar, dado a um sacerdote de Deus. Se nossa única evidência para obrigar crentes sob o Novo Pacto a dizimarem se apóia nestas duas passagens de Gênesis, parece-me que estamos nos apoiando em um fundamento muitíssimo inseguro!

2 - Dizimando, sob a Lei Mosaica
Que ensina a Bíblia sobre o dízimo sob a Lei Mosaica? Nesta seção do nosso estudo, examinaremos todas as passagens significantes que descrevam o dízimo sob a Lei, nas Escrituras.

Levítico 27.30-33: "Também todas as dízimas do campo, da semente do campo, do fruto das árvores, são do SENHOR; santas são ao SENHOR. Porém, se alguém das suas dízimas resgatar alguma coisa, acrescentará a sua quinta parte sobre ela. No tocante a todas as dízimas do gado e do rebanho, tudo o que passar debaixo da vara, o dízimo será santo ao SENHOR. Não se investigará entre o bom e o mau, nem o trocará; mas, se de alguma maneira o trocar, tanto um como o outro será santo; não serão resgatados."
Note que, nesta passagem, o dízimo é descrito como sendo parte do produto da terra, da semente do campo, do fruto das árvores, do gado, e do rebanho. O dízimo não era o dar dinheiro. Em local algum das Escrituras você encontrará que dizimar era o dar dinheiro para Deus. Ademais, o dízimo era provavelmente dado em uma base anual. Cada ano, depois que a terra tinha sido colhida, as pessoas traziam para os sacerdotes as décimas partes de suas colheitas e do aumento na manada e no rebanho. Daí, penso que podemos imediatamente ver que nossa contribuição semanal (ou mensal) de dez por cento de nossa renda monetária difere muito da prática do dízimo que encontramos na Bíblia.

Números 18.21-24 ["O Dízimo para os Levitas"]: E eis que aos filhos de Levi tenho dado todos os dízimos em Israel por herança, pelo ministério que executam, o ministério da tenda da congregação. E nunca mais os filhos de Israel se chegarão à tenda da congregação, para que não levem sobre si o pecado e morram. Mas os levitas executarão o ministério da tenda da congregação, e eles levarão sobre si a sua iniqüidade; pelas vossas gerações estatuto perpétuo será; e no meio dos filhos de Israel nenhuma herança terão, Porque os dízimos dos filhos de Israel, que oferecerem ao SENHOR em oferta alçada, tenho dado por herança aos levitas; porquanto eu lhes disse: No meio dos filhos de Israel nenhuma herança terão.
Note, neste texto, que o dízimo foi planejado para ser o sustento dos levitas. Uma vez que estes não tinham nenhuma herança [terra para atividade agro-pastoril] na Terra Prometida, tal como a tinham as outras tribos, Deus fez provisão para o sustento deles através do dízimo das outras famílias de Israel. De fato, em Números 18.31 somos ditos "E o comereis em todo o lugar, vós e as vossas famílias, porque vosso galardão é pelo vosso ministério na tenda da congregação." O dízimo foi o pagamento- recompensa que Deus supriu para os levitas, pelos seus serviços sacerdotais. Isto é similar ao sustento que os funcionários do governo recebem hoje no nosso país, através dos impostos e taxas pagos pelo trabalhador comum.

Deuteronômio 14.22-27 ["O Dízimo para o Festival"]: Certamente darás os dízimos de todo o fruto da tua semente, que cada ano se recolher do campo. E, perante o SENHOR teu Deus, no lugar que escolher para ali fazer habitar o seu nome, comerás os dízimos do teu grão, do teu mosto e do teu azeite, e os primogênitos das tuas vacas e das tuas ovelhas; para que aprendas a temer ao SENHOR teu Deus todos os dias. E quando o caminho te for tão comprido que os não possas levar, por estar longe de ti o lugar que escolher o SENHOR teu Deus para ali pôr o seu nome, quando o SENHOR teu Deus te tiver abençoado; Então vende-os, e ata o dinheiro na tua mão, e vai ao lugar que escolher o SENHOR teu Deus; E aquele dinheiro darás por tudo o que deseja a tua alma, por vacas, e por ovelhas, e por vinho, e por bebida forte, e por tudo o que te pedir a tua alma; come-o ali perante o SENHOR teu Deus, e alegra-te, tu e a tua casa; Porém não desampararás o levita que está dentro das tuas portas; pois não tem parte nem herança contigo.
Este texto fala de um dízimo sendo usado para prover para as festas e festivais religiosos de Israel. Números 18.21 nos diz que Deus deu todo o dízimo em Israel para ser a herança para os Levitas. Se todo o dízimo foi dado aos Levitas, então como é que este dízimo (em Dt 14) é dito para ser usado para as festas e festivais religiosos de Israel? A resposta tem que ser que este é um segundo dízimo. O primeiro era usado para o sustento dos Levitas e o segundo para prover para os festivais religiosos, tanto assim que chegou a ser referido como "O Dízimo para o Festival". O povo de Israel devia usar este dízimo para comer na presença do Senhor, em Jerusalém (o local que Ele escolheu para estabelecer seu nome). Se fosse demasiadamente incômodo para as pessoas de longe trazerem seus dízimos todo o caminho até Jerusalém, seria permitido que elas o vendessem e trouxessem o dinheiro [apurado] até Jerusalém, onde poderiam comprar aquilo de necessidade para os festivais. Deus expressamente encoraja as pessoas a gastarem o dinheiro deles em "tudo o que deseja a tua alma," incluindo bebida forte! O propósito era que o povo de Israel pudesse aprender [ambas as coisas:] a temer o Senhor e a regozijar ante Ele. Note que ter um sentimento de temor do Senhor, e regozijar ante Ele, não são mutuamente exclusivos, mas, na realidade, são complementares, deveriam acompanhar um ao outro! Este "Dízimo Para o Festival" tornou possível ao povo de Israel ter toda a comida e bebida necessárias para que pudesse usufruir gozosamente das festas religiosas de Israel, e adorar ante o Senhor.

Deuteronômio 14.28-29 ["O Dízimo para os Pobres"]: Ao fim de três anos tirarás todos os dízimos da tua colheita no mesmo ano, e os recolherás dentro das tuas portas; Então virá o levita (pois nem parte nem herança tem contigo), e o estrangeiro, e o órfão, e a viúva, que estão dentro das tuas portas, e comerão, e fartar-se-ão; para que o SENHOR teu Deus te abençoe em toda a obra que as tuas mãos fizerem.
Aqui, somos ensinados a respeito de um terceiro dízimo que é coletado a cada terceiro ano. Os comentaristas Bíblicos estão divididos quanto a se este é realmente um terceiro dízimo, em separado, ou apenas é o segundo dízimo usado de um modo diferente, no terceiro ano. O historiador judeu Flávio Josephus apóia o ponto de vista de que este foi um terceiro dízimo, em separado. Outros antigos comentaristas judeus têm escrito em apoio a que é [apenas] o segundo [tipo de] dízimo que, a cada três anos, era coletado e usado com outro fim. É impossível se determinar com absoluta certeza quem está certo. De qualquer modo, o povo judeu tinha sido ordenado a dar pelo menos [10 + 10  =] 20 por cento das suas colheitas e rebanhos, e talvez tanto quanto  [10 + 10 + 10/3] = 23.3 por cento! Este dízimo particular bem poderia ser chamado "O Dízimo para os Pobres". Não devia ser ajuntado em Jerusalém, mas nas aldeias. As pessoas de cada aldeia deviam trazer uma décima parte de suas colheitas e rebanhos e ajuntar tudo, para prover para os pobres da aldeia, incluindo os estrangeiros, os órfãos, e as viúvas.
Em muitos aspectos, parece que o dízimo exigido sob a Lei é hoje similar à taxação que o governo impõe sobre nós. Israel era governado por uma teocracia. Sob ela, o povo era responsável por prover para os trabalhadores do governo (os sacerdotes e os levitas em geral), para os dias santificados (festas de alegria ao Senhor), e para os pobres (estrangeiros, viúvas e órfãos).

Neemias 12.44: Também no mesmo dia se nomearam homens sobre as câmaras, dos tesouros, das ofertas alçadas, das primícias, dos dízimos, para ajuntarem nelas, dos campos das cidades, as partes da lei para os sacerdotes e para os levitas; porque Judá estava alegre por causa dos sacerdotes e dos levitas que assistiam ali. Note que o texto diz que os dízimos eram exigências "da Lei". Estes dízimos não eram voluntários como o foi nas vidas de Abraão e Jacó. Similarmente, lemos em Hebreus 7.5 "E os que dentre os filhos de Levi recebem o sacerdócio têm ordem, segundo a lei, de tomar o dízimo do povo, isto é, de seus irmãos, ainda que tenham saído dos lombos de Abraão." [Indiscutivelmente] o dízimo nunca foi voluntário, sob a Lei de Moisés. Note, aqui, que, nos dias de Neemias, homens eram indicados para ajuntarem as ofertas e os dízimos em câmaras designadas para aquele propósito particular. Estas câmaras eram para os bens armazenados, e depois se tornaram conhecidas como "casas do tesouro". Isto se tornará importante quando olharmos para o nosso próximo texto, em Malaquias 3.

Malaquias 3.8-12: Roubará o homem a Deus? Todavia vós me roubais, e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas. Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais, sim, toda esta nação. Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim nisto, diz o SENHOR dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós uma bênção tal até que não haja lugar suficiente para a recolherdes. E por causa de vós repreenderei o devorador, e ele não destruirá os frutos da vossa terra; e a vossa vide no campo não será estéril, diz o SENHOR dos Exércitos. E todas as nações vos chamarão bem-aventurados; porque vós sereis uma terra deleitosa, diz o SENHOR dos Exércitos.

Examinemos esta passagem verso por verso, para que dela possamos extrair algumas importantes verdades:
3.8 Este verso nos diz que quando um homem retém seus dízimos ele está roubando, na realidade, a Deus. Isto porque ele está retendo algo que não lhe pertence, antes é propriedade de Deus. Sob o Velho Pacto, o dízimo era mandatório, portanto retê-lo era se tornar um ladrão. Note também que Deus diz que o povo o estava roubando Nos dízimos. Ele não disse no "dízimo", mas sim nos "dízimoS" (plural). Estes "dízimos" têm que se referir aos diferentes dízimos requeridos do povo de Deus (o Dízimo para o Levita, o Dízimo para as Festas ao Senhor, e o Dízimo para os Pobres). Adicionalmente, observe que Deus não está condenando o reter apenas dos dízimos, mas também das ofertas. Estas, sem dúvida, referem-se às ofertas especificadas em Levíticos 1-5, tais como a oferta queimada [holocausto], a oferta dos manjares, a oferta de paz, a oferta pelos pecados, e a oferta pelas culpas. Todas estas ofertas eram constituídas, principalmente, de sacrifícios de animais. O suprimento de comida e mantimento para os Levitas era provido, em grande parte, através destes sacrifícios de animais, dos quais os Levitas eram permitidos participar [comendo-os], em certos casos. Uma importante pergunta emerge a este ponto. Por que é que reconhecemos que o sacrifício de animais não é coisa para o Novo Pacto, mas dizemos que o dízimo o é? Se estivéssemos sob a obrigação de pagar dízimos hoje, então, certamente, ainda estaríamos obrigados a oferecer sacrifícios de animais. Deus amarrou um ao outro (os dízimos e os sacrifícios), e disse que Seu povo O estava roubando por reter a ambos. Não podemos decidir "pegar e escolher" qual dos dois ofereceremos a Deus, hoje. Das duas uma: [a] estamos sob a obrigação de oferecer ambos, tanto dízimos como ofertas de animais (sacrifícios), ou [b] ambos [dízimo e sacrifício] têm sido abolidos pela ab-rogação da Lei Mosaica.

3.9 Aqui somos ditos que, como o povo de Israel estava retendo os dízimos e ofertas, conseqüentemente estava amaldiçoado com uma maldição. Note que o verso não diz "Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais, sim, toda a humanidade." Ao contrário, diz "Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais, sim, toda esta nação."
Se dizimar fosse um mandamento moral e eterno para todos os povos de todos os tempos, então todos estes estariam sob maldição. Mas o texto somente diz que é toda nação de Israel que estava sob a maldição. Agora, o que é interessante sobre esta "maldição" é que, em Deuteronômio 28, somos ditos que se Israel, sob a Lei Judaica, desobedecesse aos mandamentos de Deus, então a nação seria amaldiçoada. Note os seguintes textos: Deuteronômio 28.18 "Maldito o fruto do teu ventre, e o fruto da tua terra, e as crias das tuas vacas, e das tuas ovelhas. 23 E os teus céus, que estão sobre a cabeça, serão de bronze; e a terra que está debaixo de ti, será de ferro. 24 O SENHOR dará por chuva sobre a tua terra, pó e poeira; dos céus descerá sobre ti, até que pereças. 38 Lançarás muita semente ao campo; porém colherás pouco, porque o gafanhoto a consumirá. 39 Plantarás vinhas, e cultivarás; porém não beberás vinho, nem colherás as uvas; porque o bicho as colherá. 40 Em todos os termos terás oliveiras; porém não te ungirás com azeite; porque a azeitona cairá da tua oliveira. E todas estas maldições virão sobre ti, e te perseguirão, e te alcançarão, até que sejas destruído; porquanto não ouviste à voz do SENHOR teu Deus, para guardares os seus mandamentos, e os seus estatutos, que te tem ordenado;" (Dt 28.18, 23-24, 38-40, 45). Nestes versos, Deus adverte que, se o Seu povo desobedecesse A Seus mandamentos e estatutos, então as ceifas dele falhariam, as chuvas não viriam, as colheitas seriam pequenas, a locusta [tipo de grilos ou gafanhotos] consumiria a comida, e o fruto das árvores falharia.

3.10 Nesta passagem, Deus fala da "casa do tesouro". Com base em (Neemias 12.44), sabemos que isto se refere às câmaras no Templo, postas à parte e designadas para guardar os dízimos dados pelo povo para o sustento dos sacerdotes [e a todos os demais levitas]. Não existe sequer um fiapo de evidência de que devemos associar estas "casas do tesouro" aos prédios das igrejas para os quais os crentes do Novo Pacto devem trazer seus dinheiros. Ademais, a razão pela qual Israel devia trazer todos os dízimos para dentro da casa do tesouro era que houvesse [bastante] alimento na casa de Deus. Deus estava interessado em que os levitas tivessem comida para comer. Este era o propósito daqueles dízimos que eram trazidos para o Templo de Deus. Somos ditos, também, que se o povo de Deus fosse fiel em trazer seus dízimos para a casa do tesouro, Deus abriria as janelas do céu e derramaria para eles uma bênção até que transbordasse. Isto sem dúvidas refere-se à promessa de Deus de trazer abundantes chuvas para produzir a bênção de uma transbordante ceifa.

3.11 Neste verso, Deus promete que se Israel trouxer os dízimoS [e as ofertaS], Ele repreenderá o devorador para que não destrua o fruto da terra. Sem dúvidas, o "devorador" é uma referência às locustas que Deus adverte que virão sobre os campos de Israel se o povo falhar em trazer o dízimo (Dt 28.38; vide acima).

3.12 Neste verso, Deus graciosamente promete que, se Israel for obediente no dar os seus dízimoS e ofertaS, todas as nações a chamarão abençoada. É interessante que Deus não apenas advertiu Israel de que seria amaldiçoada se desobedecesse a Lei Mosaica, mas também prometeu que seria abençoada se a obedecesse. Note estes textos, "E será que, se ouvires a voz do SENHOR teu Deus, tendo cuidado de guardar todos os seus mandamentos que eu hoje te ordeno, o SENHOR teu Deus te exaltará sobre todas as nações da terra. E todas estas bênçãos virão sobre ti e te alcançarão, quando ouvires a voz do SENHOR teu Deus; (Dt 28.1-2). 4 Bendito o fruto do teu ventre, e o fruto da tua terra, e o fruto dos teus animais; e as crias das tuas vacas e das tuas ovelhas. 8 O SENHOR mandará que a bênção [esteja] contigo nos teus celeiros, e em tudo o que puseres a tua mão; e te abençoará na terra que te der o SENHOR teu Deus. 11 E o SENHOR te dará abundância de bens no fruto do teu ventre, e no fruto dos teus animais, e no fruto do teu solo, sobre a terra que o SENHOR jurou a teus pais te dar. 12 O SENHOR te abrirá o seu bom tesouro, o céu, para dar chuva à tua terra no seu tempo, e para abençoar toda a obra das tuas mãos; e emprestarás a muitas nações, porém tu não tomarás emprestado." (Dt 28.1-2,4,8,11-12). Aqui, Deus prometeu abençoar Israel materialmente, se ela fosse obediente. A promessa inclui abundantes colheitas, copiosas chuvas, e grandes aumentos nas manadas e nos rebanhos. Portanto, é minha convicção que as bênçãos e maldições escritas em Malaquias 3.8-12 referem-se às bênçãos materiais que Deus prometeu a Israel, se ela obedecesse seus mandamentos e estatutos. Dizimar foi um destes mandamentos.
. Portanto, que podemos concluir sobre o dízimo, sob a Lei Mosaica? Penso que, com segurança, podemos concluir que o dízimo não tinha nada a ver com o dar dinheiro regularmente, numa base semanal ou mensal, mas, ao contrário, tinha a ver com a adoração a Deus conforme ordenada no tempo do Velho Pacto. O mandamento para dizimar, tal como os mandamentos para não comer camarão nem ostras, tornou-se obsoleto e foi colocado de lado, pela inauguração do Novo Pacto, na morte de Cristo. O dízimo foi o sistema de impostos e taxas ordenado por Deus sob o sistema teocrático do Velho Testamento.

Se alguém deseja dizimar realmente [literalmente] de acordo com as Escrituras, teria que fazer o seguinte:
1°. Deixar seu trabalho e comprar uma terrinha, de modo que possa criar seu gado e plantar e colher [grãos, verduras e frutas].
2°. Encontrar algum descendente de Leví, para sustentá-lo [e este a um descendente do levita Arão (que realmente seja sacerdote, no Templo, em Jerusalém)].
3°. Usar suas colheitas para observar as festas religiosas do Velho Testamento (tais como Páscoa, Pães Asmos, Pentecostes, Tabernáculos) [quando, como e onde Deus ordenou. Literalmente];
4°. Começar por dar pelo menos 20 por cento de todas as suas colheitas e rebanhos a Deus; e
5°. Esperar que [com toda certeza] Deus amaldiçoe sua nação [em oposição ao próprio crente] com [grande] insuficiência material, se ela for infiel, ou a abençoe com [grande] abundância material, se for fiel.
. Penso que todos nós concluiríamos que isto é completamente absurdo! Todos reconhecemos que Cristo tem abolido o sacerdócio levítico, os sacrifícios de animais, e as festas religiosas, em Cristo. Bem, se isto é verdade, por que estamos tentando segurar [i.é  manter] o dízimo, que foi parte e parcela de todas essas ordenanças do Velho Testamento?

3 - Dizimando, no Novo Testamento
A coisa mais interessante sobre o conceito de dizimar, debaixo do Novo Testamento, é que é quase que virtualmente ausente.    No NT há [somente] quatro diferentes passagens que fazem alguma menção ao dízimo. [Examinemo-las.]

Mateus 23.23: "Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas."
Esta passagem em Mateus é também repetida de uma forma similar em Lc 11.42. Em ambos os casos é importante notar que o dízimo tinha a ver com ervas que serviam de condimentos e eram cultivadas no quintal (o produto do campo), ao invés de ter a ver com dinheiro. Adicionalmente, Jesus falou estas palavras aos fariseus, que eram muito religiosos e guardadores da Lei, e o fez enquanto a Lei ainda estava em vigor. Dizer que, uma vez que Jesus falou a estes fariseus que deviam dizimar, isto força que também nós devemos dizimar, ignora o fato que aqueles fariseus viviam sob pacto e leis diferentes daqueles de um salvo do Novo Testamento. Cristo, através da sua morte, inaugurou o Novo Pacto, assim efetivando uma mudança na Lei cf. (Lc 22.20; Hb 7.12) [Semelhantemente, tomou o cálice, depois da ceia, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue, que é derramado por vós. (Lucas 22.20) Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da lei. (Hebreus 7.12)]. Finalmente, notemos que o dízimo aqui mencionado não foi voluntário em nenhum sentido da palavra. Jesus lhes diz que "deveis" [tendes o dever de] dizimar. [O dízimo] era mandamento, ordem para todos os judeus e, assim, era obrigatório.

Lucas 18.12: "Jejuo duas vezes na semana, e dou os dízimos de tudo quanto possuo."
Jesus, nesta passagem, está ensinando a parábola acerca do fariseu e do cobrador de impostos. Cristo põe estas palavras na boca do fariseu que se via a si mesmo como justo: "dou os dízimos de tudo quanto possuo." Cristo está enfatizando [não o dever do crente neo-testamentário pagar o dízimo mosaico aos levitas] mas, que o homem se vê a si mesmo como justo, confia em suas obras para ser aceitável ante Deus, todavia, a despeito do melhor que faça, não é justificado ao olhos de Deus. Repetimos: Cristo está falando acerca de um fariseu que dá o dízimo, ao tempo em que vivia sob a Lei Mosaica, não de um crente [da Dispensação da Igreja] dizimando sob o Novo Pacto.

Hebreus 7.1-10: "Porque este Melquisedeque, que era rei de Salém, sacerdote do Deus Altíssimo, e que saiu ao encontro de Abraão quando ele regressava da matança dos reis, e o abençoou; A quem também Abraão deu o dízimo de tudo, e primeiramente é, por interpretação, rei de justiça, e depois também rei de Salém, que é rei de paz; Sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de vida, mas sendo feito semelhante ao Filho de Deus, permanece sacerdote para sempre. Considerai, pois, quão grande era este, a quem até o patriarca Abraão deu os dízimos dos despojos. E os que dentre os filhos de Levi recebem o sacerdócio têm ordem, segundo a lei, de tomar o dízimo do povo, isto é, de seus irmãos, ainda que tenham saído dos lombos de Abraão. Mas aquele, cuja genealogia não é contada entre eles, tomou dízimos de Abraão, e abençoou o que tinha as promessas. Ora, sem contradição alguma, o menor é abençoado pelo maior. E aqui certamente tomam dízimos homens que morrem; ali, porém, aquele de quem se testifica que vive. E, por assim dizer, por meio de Abraão, até Levi, que recebe dízimos, pagou dízimos. Porque ainda ele estava nos lombos de seu pai quando Melquisedeque lhe saiu ao encontro."
Nesta longa passagem, o objetivo do autor é mostrar a superioridade do sacerdócio de Cristo sobre o sacerdócio levítico e, portanto, exortar seus leitores para não retornarem às suas formas judaicas de adorar, repletas com seus sacerdócio, Templo e sacrifícios. O autor menciona o relato de Abraão pagando dízimos a Melquisedeque, [somente para o autor] mostrar que, desde que Levi estava nos lombos do patriarca Abraão, na realidade Levi pagou dízimos a Melquisedeque e foi abençoado por ele. Uma vez que é óbvio que o menor é sempre abençoado pelo maior, Melquisedeque e seu sacerdócio são maiores que os levitas e o sacerdócio deles. Aqui, o autor de Hebreus não está mais que reafirmando o fato que Abraão pagou dízimos a Melquisedeque, um fato que já temos analisado [acima]. Esta passagem não está exortando os crentes [neo testamentários] a darem [o dízimo] como Abraão o fez [mesmo que só do despojo de guerra e só uma vez na vida]. Ao contrário, está instruindo os crentes a perceberem a excelência de Cristo, o qual ministra como um sacerdote muitíssimo superior aos levitas. Portanto, esta passagem não pode ser usada para forçar o dízimo sobre os cristãos. Simplesmente, ela não foi escrita para tratar deste assunto. Ela não tem nada a ver com cristãos ofertando das suas rendas para Deus e sua obra, mas, ao contrário, tem tudo a ver com a superioridade de Cristo.
. Bem, aí você tem a totalidade do ensino do Novo Testamento sobre o dízimo. Não há nem sequer uma, uma só palavra em todo o Novo Testamento que ordene ou mesmo sugira que se espera que crentes, dentro do Novo Pacto, dizimem. Mas, enquanto o Novo Testamento fica em total silêncio sobre o dever dos cristãos dizimarem, não o fica sobre o assunto de ofertar, sobre isto o NT fala muito e muito alto.

O Novo Testamento nunca estipula um certo valor percentual como um padrão obrigatório e exigido para nossas contribuições. Ao contrário, as Escrituras declaram: "Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria." (2Co 9.7). O dízimo do Velho Testamento foi exigência legal.   Os judeus estavam sob obrigação de dá-lo. O ensino do Novo Testamento sobre o contribuir focaliza o seu caráter voluntário "Porque, segundo o seu poder (o que eu mesmo testifico) e ainda acima do seu poder, deram voluntariamente." (2Co 8.3). Esta contribuição voluntária é exatamente o que Abraão e Jacó estavam praticando antes da instituição da Lei, e é o que todos os cristãos devem estar praticando hoje. Os crentes de hoje têm a liberdade de ofertar tanto quanto decidam. Se quiserem dar dez por cento como Abraão e Jacó o fizeram [já vimos a ocasião e através de quem o fizeram], eles estão perfeitamente livres para tal. No entanto, se decidirem dar 9 por cento ou 11 por cento ou 20 por cento ou 50 por cento, então podem muito bem fazê-lo. O padrão de suas contribuições não é uma percentagem fixa, mas o exemplo de um maravilhoso Salvador "Porque já sabeis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo que, sendo rico, por amor de vós se fez pobre; para que pela sua pobreza enriquecêsseis." (2Co 8.9). Nosso [exemplo] padrão de contribuir é o próprio Cristo, o qual não deu 10 por cento nem 20 por cento nem mesmo 50 por cento, mas 100 por cento! Ele deu tudo que tinha inclusive sua própria vida, para redimir homens e mulheres pecadores como eu e como você! Algumas vezes aqueles que são ricos sentem que, se pagarem apenas seus dez por cento, Deus estará alegre com eles. No entanto, um rico que dá [apenas] dez por cento de seus rendimentos pode na verdade desagradar a Deus, se estiver vivendo uma vida de luxo extravagante enquanto dá [talvez mesmo de má vontade] uma mera "ração de fome" para a obra de Deus e para as necessidades dos outros. A vontade de Deus em relação a este homem pode ser que oferte de 50 a 80 por cento de seus rendimentos, ao invés de 10 por cento. Cada pessoa deve buscar a Deus sobre o [quanto e o] como ela deve ofertar.

Ademais, aqueles que são pobres não devem se sentir culpados se não forem capazes de dar dez por cento de seus rendimentos. É verdade que Deus honrará o homem que dá sacrificialmente, mas se uma pessoa decide que não pode dar dez por cento dos seus rendimentos e ainda assim satisfazer as necessidades mais básicas [suas e de sua família], nós temos que permiti-lo aquela liberdade, sem julgá-lo. Afinal, em lugar nenhum Deus falou aos cristãos que é dever deles dar qualquer percentagem fixa. Que o efeito deste estudo seja libertar-nos dos grilhões das tradições dos homens que não possam ser substanciadas pela Palavra de Deus (Mc 7.7-13) [... 7 Em vão, porém, me honram, Ensinando doutrinas que são mandamentos de homens. 8 Porque, deixando o mandamento de Deus, retendes a tradição dos homens; como o lavar dos jarros e dos copos; ... 9 E dizia-lhes: Bem invalidais o mandamento de Deus para guardardes a vossa tradição. ... 13 Invalidando assim a palavra de Deus pela vossa tradição, que vós ordenastes. ...]. Olhai para Jesus como o padrão e exemplo do vosso contribuir. Procurai a Deus diligentemente, sede generosos e prontos a compartilhar, para que entesoureis para vós mesmos o tesouro de uma boa fundação para o futuro, de modo que alcanceis aquela que é a verdadeira vida! (1Tm 6.18-19) “Que façam bem, enriqueçam em boas obras, repartam de boa mente, e sejam comunicáveis; 19 Que entesourem para si mesmos um bom fundamento para o futuro, para que possam alcançar  a vida eterna”.

4 - Ofertando, no Novo Testamento
Se for verdade que dizimar foi parte da adoração de Israel no Velho Testamento, e que não tem nenhuma injunção prática sobre os crentes do Novo Testamento, então vem à tona, naturalmente, a pergunta "Que é que o Novo Testamento realmente ensina sobre o dar das nossas rendas [a Deus]?" Seguramente, o local de partida para os crentes do Novo Pacto começarem a entender qual é a revelada vontade de Deus para o ofertar deles, está nas Escrituras do Novo Testamento. É exatamente para lá que eu gostaria de lhe levar, para juntos examinarmos a vontade de Deus para o ofertar do [verdadeiro] cristão.

4.1 - o quanto do nosso ofertar
Uma vez que já temos estabelecido que o dízimo não é o padrão para crentes na Nova Aliança, como então determinarmos quanto os [verdadeiros] cristãos devem contribuir? Examinemos três diferentes textos, para colhermos, com esforço e cuidado, algum [real e profundo] entendimento sobre este importante assunto.

1 Coríntios 16.1-2: "Ora, quanto à coleta que se faz para os santos, fazei vós também o mesmo que ordenei às igrejas da Galácia. No primeiro dia da semana cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade, para que não se façam as coletas quando eu chegar."
Em nosso texto, o apóstolo Paulo dá direções à igreja de Corinto: é em proporção ao quanto [cada um] tem prosperado que eles devem dar na coleta para os santos em Jerusalém, [os quais estão] em grande pobreza [e passando por enormes aflições]. Embora não exista nenhuma menção dos santos em Corinto darem um dízimo [ou qualquer outra percentagem imposta], eles são instruídos a darem proporcionalmente à sua prosperidade. O ponto em foco é simples, aqueles com mais dinheiro dêem mais, aqueles com menos dinheiro, podem dar menos. Nada mais claro nem mais simples.

Atos 11.27-30: "... 29 E os discípulos determinaram mandar, cada um conforme o que pudesse, socorro aos irmãos que habitavam na Judéia. ..."
Note, na narrativa, que foi proporcionalmente aos seus meios que os irmãos em Antioquia ofertaram para os irmãos que sofriam na Judéia. Em outras palavras, deram de acordo com suas capacidades. Aqueles com mais dinheiro deram mais, aqueles com menos dinheiro deram menos. Nada mais claro nem mais simples.

2 Coríntios 9.7: "Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria."
Aqui, Paulo dá direções à igreja, para que dêem aquilo que têm proposto em seus corações. Note que o apóstolo não lhes diz quanto dar, nem lhes impõe uma percentagem fixa como padrão. Ele simplesmente lhes diz que, o que quer que tenham decidido ofertar deve ir em frente e [efetivarem o] ofertar. Muitas vezes, no instante em que vemos uma necessidade, determinamo-nos a dar uma certa quantia, mas depois, quando o tempo de dar nos alcança, somos tentados a voltar atrás [ou ficar aquém]. Paulo ensina que devemos ser fiéis em fazer o bem segundo o que já tínhamos proposto em nosso coração. Mas note igualmente que o apóstolo Paulo deixa o valor a critério dos Coríntios. Não devemos permitir que outras pessoas [indevidamente] nos manipulem ou nos intimidem [psicologicamente ou de qualquer outra forma, levando-nos] a dar por um sentimento de culpa ou de pressão. Tem que não haver nenhuma compulsão [externa] em nosso dar; o valor tem que ser nossa própria decisão.

Estes textos do Novo Testamento nos ensinam que Deus deixa a nós o decidirmos sobre o valor das nossas contribuições. [Sim,] devemos dar em proporção aos nossos meios e a como Deus nos tem prosperado; mas, ao final, somos livres para darmos aquilo que temos o desejo de dar. Quão libertador isto é, quando consideramos as táticas manipulativas de arrancar dinheiro que muitas igrejas de hoje tão freqüentemente usam. Tenho estado em igrejas onde os líderes são induzidos a tomar empréstimos de mil ou dois mil dólares [22 a 44 salários mínimos brasileiros] [cada líder,] [para dar oferta extra à igreja, em certas campanhas]. Foram ditos que, se não derem [o estipulado], a obra de Deus fracassará. Os membros da congregação são pressionados a escrever e telefonar para parentes, pedindo dinheiro. Há campanhas pressionando para promessas [assinaturas de carnês, notas promissórias e outros documentos morais e legais] e para o fundo de construção, com grandes gráficos coloridos. À medida que o tempo passa, [todos] são pressionados a dar mais e mais. Permita-me submeter-lhe que tudo isto corre em direção contrária aos ensinos do Apóstolo em 2Co 9.7 [ver acima]. A vontade de Deus é que, quando vemos uma necessidade, oremos ferventemente por direção sobre como podemos satisfazer aquela necessidade. Então, com base na nossa situação financeira, ofertamos com um coração prazeroso e alegre.

4.2 - o propósito do nosso ofertar
A quais tipos de necessidades devemos usar nosso dinheiro para satisfazer? Será que o Novo Testamento nos dá alguma luz sobre este importante assunto? Creio que as Escrituras são muito claras nesta área. O Novo Testamento ensina que há três propósitos para nosso ofertar:

1. Satisfazer as necessidades dos santos:

Este tema é como um fio que vai através de [toda] a Escritura. Consideremos alguns textos:

Atos 2.44-45 "E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum. E vendiam suas propriedades e bens, e repartiam com todos, segundo cada um havia de mister." O espírito de amor e generosidade era tão grande, na igreja primitiva, que os crentes, de própria vontade e  alegremente, abriram mão de suas próprias propriedades e possessões, para ministrarem às necessidades dos outros santos. Eles chegaram mesmo ao ponto de vender suas terras e casas para tomarem conta um do outro (Atos 4.34).

1 João 3.17 "Quem, pois, tiver bens do mundo, e, vendo o seu irmão necessitado, lhe cerrar as suas entranhas, como estará nele o amor de Deus?"

Gálatas 6.9-10 "E não nos cansemos de fazer bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido. Então, enquanto temos tempo, façamos bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé." Embora o "façamos bem"  não seja claramente definido, seguramente incluiria o ofertar para satisfazer as necessidades dos domésticos da fé.

Em adição a estes claros textos, lemos também, em Mt 25.31-40, que, quando Cristo voltar, separará as ovelhas dos bodes. As ovelhas são descritas como aqueles que alimentaram Cristo quando ele estava faminto, deram-lhe de beber quando estava sedento, vestiram-no quando estava nu. Quando as ovelhas replicam: "Senhor, quando ... e te demos de comer?  ... e te demos de beber? 38 ... e te hospedamos?  ... e te vestimos? 39  ... e fomos ver-te?"  Cristo responde " Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes." Aqui, Jesus nos diz claramente que quando usamos nosso dinheiro para vestir e alimentar os irmãos de Cristo (crentes, de acordo com Mt 12.50 ["... qualquer que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus, este é meu irmão, e irmã e mãe."]), estamos ministrando a ele. Ademais, 1Tm 5.16 "... para que se possam sustentar as que deveras são viúvas." dá instruções sobre como a igreja deve sustentar viúvas desvalidas. Ainda mais, temos visto, nos textos já citados, as muitas exortações do apóstolo Paulo para ofertar aos santos pobres em Jerusalém. Portanto, é bastante claro que uma das prioridades do ofertar no Novo Testamento é satisfazer as necessidades dos santos.

2. Satisfazer as necessidades dos obreiros cristãos:
Além de usarmos nosso dinheiro para satisfazer as necessidades dos nossos irmãos e irmãs em Cristo, as Escrituras também nos levam a usar nosso dinheiro para sustentar os que trabalham na obra do Senhor. Consideremos as seguintes passagens:

1 Timóteo 5.17-18: "Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada honra, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina; Porque diz a Escritura: Não ligarás a boca ao boi que debulha. E: Digno é o obreiro do seu salário."
Neste texto, "honra" tem que significar mais que [meras] estima e respeito, pois, no verso 3 do mesmo capítulo, Paulo manda a Timóteo "Honra as viúvas que verdadeiramente são viúvas." Honrar estas viúvas é prover para elas (v. 8) e assisti-las (v. 16). Portanto, quando Paulo menciona "honrar" os anciãos que trabalham duramente na pregação e ensino [da Palavra], imediatamente depois que ele mencionou honrar as viúvas, Paulo tem que ter a mesma coisa em mente prover e assistir aos anciãos financeiramente, de modo que possam se dedicar ao trabalho de labutarem na Palavra. Um ancião ensinador é como um boi que deve ser permitido comer enquanto está debulhando. Em outras palavras, deve ser sustentado e cuidado enquanto está trabalhando com todo esforço. Ele também é como um operário, o qual é digno de seu salário. A uniforme prática apostólica do Novo Testamento foi a de apontar anciãos para superintenderem as igrejas que os apóstolos plantavam. Paulo simplesmente está dirigindo as igrejas a proverem e assistirem financeiramente estes anciãos, de modo que possam dar seu tempo à tarefa de ministrarem ao rebanho.

1 Coríntios 9.6-14 "Ou só eu e Barnabé não temos direito de deixar de trabalhar? Quem jamais milita à sua própria custa? Quem planta a vinha e não come do seu fruto? Ou quem apascenta o gado e não se alimenta do leite do gado? Digo eu isto segundo os homens? Ou não diz a lei também o mesmo? Porque na lei de Moisés está escrito: Não atarás a boca ao boi que trilha o grão. Porventura tem Deus cuidado dos bois? Ou não o diz certamente por nós? Certamente que por nós está escrito; porque o que lavra deve lavrar com esperança e o que debulha deve debulhar com esperança de ser participante. Se nós vos semeamos as coisas espirituais, será muito que de vós recolhamos as carnais? Se outros participam deste poder sobre vós, por que não, e mais justamente, nós? Mas nós não usamos deste direito; antes suportamos tudo, para não pormos impedimento algum ao evangelho de Cristo. Não sabeis vós que os que administram o que é sagrado comem do que é do templo? E que os que de contínuo estão junto ao altar, participam do altar? Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho."
Nesta passagem Paulo está clamando que os apóstolos tinham todo o direito de abster-se de [viverem de] trabalhos seculares e todo o direito de receberem o sustento material daqueles a quem serviam. De fato, Paulo assevera que o Senhor mandou àqueles que proclamam o evangelho que obtenham seu viver do evangelho.

Filipenses 4.15-18 "E bem sabeis também, ó filipenses, que, no princípio do evangelho, quando parti da Macedônia, nenhuma igreja comunicou comigo com respeito a dar e a receber, senão vós somente; Porque também uma e outra vez me mandastes o necessário a Tessalônica. Não que procure dádivas, mas procuro o fruto que cresça para a vossa conta. Mas bastante tenho recebido, e tenho abundância. Cheio estou, depois que recebi de Epafrodito o que da vossa parte me foi enviado, como cheiro de suavidade e sacrifício agradável e aprazível a Deus."
Neste texto o apóstolo declara expressamente que a dádiva que os filipenses lhe haviam enviado foi um fragrante aroma, um sacrifício aceitável, e foi agradável a Deus. O próprio Deus nos tem dado sua aprovação para usarmos nosso dinheiro para sustento de fiéis obreiros cristãos. Portanto, é importante que o povo de Deus utilize seus recursos financeiros para sustentar obreiros cristãos, quer sejam anciãos de uma igreja local, ou evangelistas itinerantes, ou missionários.

3. Satisfazer as necessidades dos pobres: 
Em adição ao uso do nosso dinheiro para satisfazer às necessidades dos santos e dos obreiros cristãos, as Escrituras também nos mandam usar nosso dinheiro na satisfação das necessidades dos pobres. Considere os seguintes textos:

Lucas 12.33-34 "Vendei o que tendes, e dai esmolas. Fazei para vós bolsas que não se envelheçam; tesouro nos céus que nunca acabe, aonde não chega ladrão e a traça não rói. Porque, onde estiver o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração."

Efésios 4.28 "Aquele que furtava, não furte mais; antes trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha o que repartir com o que tiver necessidade."
Aqui a pessoa que sofre a necessidade não é identificada como crente, mas presumivelmente pode ser qualquer um padecendo privação.

Tiago 1.27 "A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo."
. Visitar órfãos e viúvas em suas necessidades têm que significar mais que fazer-lhes uma mera visitinha social. Está implícita, na declaração, a idéia de ajudar estes órfãos e viúvas, o que, sem dúvidas, requereria ofertar sacrificialmente.

Como temos visto, podemos desta maneira sumariar o ensino do Novo Testamento sobre o propósito do ofertar
[a] satisfazer as necessidades dos santos,
[b] satisfazer as necessidades dos obreiros cristãos, e
[c] satisfazer as necessidades dos pobres.
Note que o ofertar, no Novo Testamento, é sempre para satisfazer as necessidades das pessoas. É interessante que aquela coisa na qual a igreja na América gasta a maior parte do seu dinheiro, depois de pagar o salário do seu pessoal, não é de modo algum mencionada [no Novo Testamento] prédios da igreja! A Bíblia simplesmente não fala de [nenhuma] igreja entrando em débito para comprar [ou construir] caros prédios, pela simples razão de que a igreja primitiva não se reunia em prédios especiais. Eles se reuniam em casas. Assim, não havia despesa "não estrita e diretamente com o evangelho e com pessoas" [tal despesa], só faria drenar a energia e as finanças da igreja. Desta maneira, todas as dádivas do povo de Deus podiam ir diretamente para satisfazer as necessidades de pessoas.

Incidentalmente, não há nas Escrituras nada de que eu tenha conhecimento e que exija que todo nosso ofertar ao Senhor tem que ser primeiramente entregue aos líderes da igreja, e depois distribuídos por eles [conforme eles o prefiram]. De fato, creio que algumas das nossas dádivas devem ser feitas diretamente de pessoa para pessoa, para preservarmos o anonimato (Mt 6.1-4). É, razoável, portanto, colocar de lado (em casa ou numa conta bancária separada e especial) uma parte da sua dádiva total, de modo que, quando uma necessidade especial ou uma emergência surgir, tenhamos alguns recursos financeiros de que possamos sacar para satisfazer aquela necessidade.
  
4.3 - o modo do nosso ofertar
Além de nos iluminar sobre o valor total e sobre o propósito do nosso ofertar, as Escrituras nos ensinam diversas coisas sobre como devemos ofertar.

1. Devemos ofertar anonimamente:
Em Mateus 6.1-4 “Guardai-vos de fazer a vossa esmola diante dos homens, para serdes vistos por eles; aliás, não tereis galardão junto de vosso Pai, que está nos céus. Quando, pois, deres esmola, não faças tocar trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. Mas, quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita; Para que a tua esmola seja dada em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, ele mesmo te recompensará publicamente”
Jesus nos ensina a ofertar em segredo, para que aquele que vê em segredo nos recompense. Este tipo de ofertar é preferível pois protege o ofertador de orgulho espiritual. Quando você quiser dar uma dádiva a alguém, procure maneiras de satisfazer a necessidade que você percebeu, sem que o beneficiário jamais saiba quem deu o dinheiro.

2. Devemos ofertar voluntariamente (por nossa vontade, com amor):

2 Coríntios 8.3-4 diz " Porque, segundo o seu poder (o que eu mesmo testifico) e ainda acima do seu poder, deram voluntariamente. Pedindo-nos com muitos rogos que aceitássemos a graça e a comunicação deste serviço, que se fazia para com os santos."
Somos aqui ensinados que as igrejas da Macedônia deram de suas próprias vontades. Ninguém os estava manipulando [emocional e psicologicamente], nem lhes torcendo o braço [obrigando-os]. Em 2Co 9.7 Paulo diz "Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria."  Se não devemos ofertar  com tristeza ou sob compulsão [externa], então devemos ofertar voluntariamente [de ânimo pronto, com prazer e alegria]. Deus quer que nosso ofertar provenha do nosso coração. Ele quer que ofertemos porque temos todo o desejo de fazê-lo.

3. Devemos ofertar expectativamente:

Quando ofertamos, devemos esperar que Deus nos abençoe nesta presente vida. Consideremos os ensinos do apóstolo Paulo.

2 Coríntios 9.6 "E digo isto: Que o que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia em abundância, em abundância ceifará."
Quando alguém semeia por girar seu braço e espalhando abundantemente as sementes com a mão aberta, parece que está apenas jogando fora bom grão. Mas, se ele firmemente prendesse as sementes na sua mão [não deixando nenhuma escapar], ou se apenas jogasse uma ou duas sementes, teria uma ceifa muito pequena. Assim também com o ofertar do crente. Se não dermos nada ou se dermos muito pouco, só podemos esperar muito poucas bênçãos. Mas, se dermos com uma mão aberta e generosa, podemos esperar que colhamos abundantemente. John Bunyan disse uma certa vez: "Um santo nunca dizia 'esta moeda é minha', e, quanto mais ele ofertava, mais ele tinha." Muitos têm torcido 2Co 9.9 como se ensinasse que Deus quer que ofertemos tendo, dentro de nós mesmos, o objetivo de recebermos. Este tipo de ensino apela para a carne, e faz crescer um espírito de avareza e cobiça nos crentes. Mas, ao contrário disto, Paulo nesta passagem está ensinando que devemos ofertar com o objetivo de recebermos mais para podermos ofertar [ainda] mais. Vejamos como Paulo expressa isto, nos versos 8-11: "8 E Deus é poderoso para fazer abundar em vós toda a graça, A FIM DE QUE, tendo sempre, em tudo, toda a suficiência, abundeis em toda a boa obra; 9 Conforme está escrito: Espalhou, deu aos pobres; A sua justiça permanece para sempre. 10 Ora, aquele que dá a semente ao que semeia, também vos dê pão para comer, e multiplique a vossa sementeira, e aumente os frutos da vossa justiça; 11 Para que em tudo enriqueçais PARA toda a beneficência, a qual faz que por nós se dêem graças a Deus." Notemos, nesta passagem, que Paulo está asseverando que Deus abençoará o ofertador generoso fazendo toda a graça abundar sobre ele, para que, em conseqüência, este tenha uma abundância para toda boa obra. Ademais, Deus promete multiplicar a semente do ofertador para semear e [promete] aumentar a colheita de sua retidão. Estas passagens sem dúvida alguma apontam para o fato de que Deus abençoa aqueles que ofertam, de modo que possam dar ainda mais. Uma vez que Deus é o maior ofertador de todos, devemos nos esforçar para sermos na semelhança dele. E a única maneira de podermos ser maiores ofertadores no futuro é começarmos a dar generosamente agora! É muito interessante que isto seja exatamente o que os Provérbios de Salomão nos ensinam, embora tenham sido escritos centenas de anos antes.

Provérbios 19.17 "Ao SENHOR empresta o que se compadece do pobre, Ele lhe pagará o seu benefício."

Provérbios 11.24-25 "Ao que distribui mais se lhe acrescenta, e ao que retém mais do que é justo, é para a sua perda. A alma generosa prosperará e aquele que atende também será atendido."
Em adição, também devemos esperar que Deus nos abençoará na vida futura. Se há uma coisa que a Bíblia deixa muito clara é que, quando ofertamos, estamos entesourando para nós mesmos tesouros no céu. Note a ênfase nos tesouros celestiais, futuros, nas seguintes passagens:

Mateus 6.19-21 "Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam;  Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração."

Lucas 12.33 "Vendei o que tendes, e dai esmolas. Fazei para vós bolsas que não se envelheçam; tesouro nos céus que nunca acabe, aonde não chega ladrão e a traça não rói."

1 Timóteo 6.18-19 "Que façam bem, enriqueçam em boas obras, repartam de boa mente, e sejam comunicáveis; Que entesourem para si mesmos um bom fundamento para o futuro, para que possam alcançar a vida eterna."
Em todas estas passagens (quer dirigidas aos discípulos, ao rico jovem proprietário, ou aos opulentos crentes de Éfeso) a mensagem é a mesma o generoso ofertar será recompensado por tesouros celestiais. Preferirias tu ter seu tesouro na terra, onde perecerá, ou no céu, onde o gozarás eternamente? Tua resposta a esta pergunta terá muito a ver com o como verás e usarás tuas riquezas.

4. Devemos ofertar animadamente (com ânimo, alegria):
Em 2Coríntios 9.7 nós aprendemos qual espírito devemos ter ao ofertarmos "Cada um contribua segundo propós no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria."
Se cada crente soubesse quão grande chuva de bênçãos gozaríamos através do ofertar, seríamos como os crentes da Macedônia, que imploraram a Paulo para terem a oportunidade de ofertar (2Co 8.3-4)! Ofertar deveria ser visto como um grande privilégio, não como uma pesada carga ou um doloroso dever. Deus não deseja que seu povo oferte movido por um sentimento de compulsão [ser empurrado à força e contra a vontade], mas sim movido por uma atitude de alegria e animação. A suprema e definitiva passagem no NT que declara a atitude com a qual devemos ofertar, descrevê-a como "com alegria". Que Deus nos ajude a ofertar em um espírito que O honre!

5. Devemos ofertar sacrificialmente:

Nas Escrituras temos vários exemplos onde Deus olha com aprovação para o nosso ofertar sacrificial:
2 Coríntios 8.1-5 "Também, irmãos, vos fazemos conhecer a graça de Deus dada às igrejas da Macedónia; Como em muita prova de tribulação houve abundância do seu gozo, e como a sua profunda pobreza abundou em riquezas da sua generosidade. Porque, segundo o seu poder (o que eu mesmo testifico) e ainda acima do seu poder, deram voluntariamente. Pedindo-nos com muitos rogos que aceitássemos a graça e a comunicação deste serviço, que se fazia para com os santos. E não somente fizeram como nós esperávamos, mas a si mesmos se deram primeiramente ao Senhor, e depois a nós, pela vontade de Deus."
Logo de partida, notemos que os crentes macedônicos tinham pouquíssimos dinheiro e bens. São descritos como estando suportando muita aflição e experimentando profunda pobreza. Apesar de tudo, também é dito que tinham ofertado além das suas possibilidades! Que Deus nos habilite a os imitarmos em nossas próprias vidas!

Marcos 12.41-44 "E, estando Jesus assentado defronte da arca do tesouro, observava a maneira como a multidão lançava o dinheiro na arca do tesouro; e muitos ricos deitavam muito. Vindo, porém, uma pobre viúva, deitou duas pequenas moedas, que valiam meio centavo. E, chamando os seus discípulos, disse-lhes: Em verdade vos digo que esta pobre viúva deitou mais do que todos os que deitaram na arca do tesouro; Porque todos ali deitaram do que lhes sobejava, mas esta, da sua pobreza, deitou tudo o que tinha, todo o seu sustento."
Jesus escolheu esta mulher para servir aos seus discípulos de maravilhoso exemplo do ofertar. Quando Cristo viu o espírito sacrificial dela [amoroso e de vontade livre e boa], Ele chamou os Seus discípulos para se aproximarem, observarem, e aprenderem uma lição, através da vida dela. Que também aprendamos, e saiamos, e façamos semelhantemente!
Podes tu afirmar que teu ofertar é caracterizado por um espírito de sacrifício [com felicidade]? Teu ofertar realmente te é custoso? [Realmente representa um sacrifício?] Na realidade, não é quanto ofertamos que é tão importante, mas sim quanto [é que resta e] guardamos para nós mesmos, depois de ofertarmos. Que nosso grande e glorioso Deus nos habilite a praticarmos um gozoso e sacrificial ofertar!

4.4 - a motivação do nosso ofertar
Agora que já temos visto os que as Escrituras nos ensinam com referência ao total, ao propósito, e à maneira de ofertarmos, voltemo-nos para examinar o que a Bíblia nos ensina sobre qual deve ser a motivação do nosso ofertar.

1. O exemplo de Cristo:
Justo na metade da mais extensa exposição do Novo Testamento sobre o ofertar  (2Co 8-9), o apóstolo Paulo lança mão do exemplo de Jesus Cristo para estabelecer qual deve ser nossa maior motivação. Considere as palavras de Paulo em 2Co 8.9, "Porque já sabeis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo que, sendo rico, por amor de vós se fez pobre; para que pela sua pobreza enriquecêsseis." Cristo era infinitamente rico em sua existência pré-encarnação, no céu. Era incessantemente adorado por uma grande hoste de seres angelicais. Sendo Deus, exercia onipotência, onisciência e onipotência. Juntamente com o Pai e o Espírito Santo, reinava sobre todo o universo que tinham criado. Todavia, Cristo de livre vontade escolheu se tornar pobre. Jogou no chão seu direito ao exercício independente de seus atributos. Nasceu em um estábulo e foi criado por pais muito pobres. Viveu uma vida obscura e simples.  Dependeu do [Deus] Pai para toda a sua sobrevivência. Nunca acumulou possessões durante [todo o] tempo de sua vida; na verdade, parece que as únicas possessões que ele podia chamar de suas foram as roupas sobre suas costas. Ao final de sua vida, [pela própria vontade] ele entregou a única coisa que ainda lhe restava, sua própria vida. Ao depor sua vida Jesus estava dando tudo, para nos livrar dos nossos pecados. Embora fosse rico, tornou-se pobre. E qual foi o propósito deste grande ato de sacrifício? Foi que, através de sua pobreza, nós nos tornássemos ricos. Nós, aqueles que cremos nele, temos herdado grandes riquezas: perdão, adoção, justificação, Deus o Espírito Santo habitando em nós, paz com Deus, acesso a Deus, santificação, e a glória eterna que em breve virá! Note que Cristo não nos deu apenas dez por cento dos seus recursos ao nos comprar e presentear tamanhos tesouros! Ele deu 100%! Um discípulo naturalmente deseja ser como seu senhor. Portanto, empenhemo-nos esforçadamente para imitar nosso Senhor. Não nos contentemos em dar uma pequena fração de nossa renda. Oremos que Deus nos habilite a dar mais e mais, para ajudar pessoas sofrendo e para expandir o reino de Deus através do mundo!

2. A ordem de Cristo:
Não apenas temos o exemplo de Cristo para nos motivar, como também temos sua ordem. Jesus expressou-se muito claramente em João 15.12-13, "O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos.". Jesus, nesta passagem, está ordenando aos seus seguidores que amem um ao outro de modo idêntico àquele com que Ele os amou -- a saber, sendo totalmente dedicado a eles. Este tipo de dedicação tem que, pela própria natureza do caso, incluir a vontade de darmos dos nossos recursos para ajudarmos um ao outro. Jesus deu tudo, inclusive sua própria vida, por nós. É deste modo que somos ordenados amar um ao outro. Saberemos se realmente amamos nossos irmãos e irmãs quando estivermos desejosos de abrir nossa carteiras ou talões de cheque e dar para satisfazer suas [reais] necessidades. Que Deus nos habilite a seguirmos seu Filho em obediência!

5 - Conclusão
As Escrituras não ensinam que o dízimo é obrigatório sobre os crentes durante [a dispensação de] o Novo Testamento. No entanto, as mesmas Escrituras [decididamente] ensinam que os crentes devem ser ofertadores generosos, sacrificiais, expectantes, e gozosamente animados! Será que isto descreve você? É minha sincera oração que o Espírito Santo use este escrito para desafiá-lo a repensar os seus padrões de ofertar, e para verificar se eles se alinham com a vontade de Deus, conforme expressa no Novo Testamento. Se não estiverem, vá ao Senhor em oração e peça-lhe o poder e a graça para lhe obedecer plenamente em todas as coisas.

Brian Anderson
Milpitas Bible Fellowship, 1715 E. Calaveras Blvd, Milpitas, Ca 95035, brian@solidrock.net
Traduzido por Hélio de Menezes Silva, visite http://solascriptura-tt.org

[0] Nota do Tradutor: Ninguém pode deixar de se impressionar com a perfeita semelhança entre os argumentos dos maiores defensores (e rebatedores) da extensão da obrigatoriedade da guarda do sétimo dia para os crentes da dispensação da igreja (tão literalmente como se estivéssemos sob a Lei) e os argumentos dos maiores defensores (e rebatedores) da obrigatoriedade dos 10% para os crentes da dispensação da igreja (tão literalmente como se estivéssemos sob a Lei)!...

[1] Nota do Tradutor: Melquisedeque foi especialíssimo, nem mesmo nenhum outro sacerdote pode ser comparado a ele, e parece ter sido uma Cristofania, isto é, uma manifestação do Verbo antes de Sua encarnação. No Novo Testamento, todos os crentes são sacerdotes.

[2] Nota do Tradutor: A questão não é esta. Se, no contexto tecnológico e econômico de hoje, fôssemos o mesmo povo [Israelitas] sob a mesma dispensação [da Lei] em que viveu Davi, então o mesmo princípio que vigorava quando quase todos viviam da agricultura, com renda anual, estender-se-ia a nós, quando quase todos têm renda em períodos menores que anuais e não oriundas do praticarem a agricultura ...

[3] Nota do Tradutor: Lembremos que:
(a) nós, os crentes desta dispensação, somos sacerdotes e reis;
(b) estes não podiam beber nada alcoólico;
(c) Deus (talvez por ironia, ou com desgosto, ou para nos testar) às vezes, por certo tempo, expressou  TOLERAR-nos certos erros (esta é Sua vontade PERMISSIVA), mas, depois, ORDENOU-nos Sua vontade PERFEITA. Compare com o divórcio, a poligamia, etc. !!! ...

[4] Nota do Tradutor: Arrisquemo-nos a ser repetitivos, para que ninguém perca algum aspecto da verdade -- O Velho Testamento fala de vários tipos dízimos:
- Todos os israelitas davam um dízimo de suas rendas anuais, aos levitas (Lev 27:30-33; Nu 18:21-24; 2Cr 31:4-12; Ne 10:37; 12:44; 13:5; Ml 3:8-12), para alimentação e sustento deles (não para o Templo!); davam a si mesmos outro dízimo das suas rendas anuais, deleitando-se ao comerem e descansarem e alegrarem-se, em gozoso "acampamento - férias - festa - adoração", que só podia ser em Jerusalém (Dt 12:6-7,11-21; 14:22-27); e, a cada 3 anos, davam aos pobres outro dízimo das suas rendas, para que se deleitassem ao comerem e descansarem e alegrarem-se aonde quer que morassem (Dt 14:28-29; 26:12).
- Os levitas davam aos sacerdotes (que eram levitas descendentes de Arão) o dízimo do dízimo que tinham recebido  (Nu 18:26-29; Ne 10:38-39; 12:44; 13:5,12; Ml 3:8-12).
- Ag 2:9-11 não tem nada a ver com nenhum destes tipos de dízimo e sim com ofertas para a reconstrução do Templo. Há analogia entre cada crente neotestamentário e o Templo, mas não há nenhuma analogia entre o Templo e os prédios de uma igreja local.

[5] Nota do Tradutor: Muito mais importante é que ninguém mais o saiba!

Para ajudar um pastor ou missionário ou irmão em necessidade:
Pôr um envelope com dinheiro e anônimo por baixo da porta dele [0 pessoas lhe glorificarão] é melhor que
Dar-lhe pessoalmente, pedindo-lhe segredo [1 pessoa glorificará a você] é melhor que
Pedir a um irmão (de outra igreja?) que leve sua oferta a ele, sem lhe revelar a fonte [1 pessoa glorificará a você] é melhor que
Pedir seu pastor ou 1 oficial que leve sua oferta a ele, sem lhe revelar a fonte [1 pessoa glorificará a você] é melhor que
Pedir a todo o corpo de oficiais que leve sua oferta a ele, sem lhe revelar a fonte [8 pessoas glorificarão a você] é melhor que
Dar-lhe ante toda a igreja, fazendo-o anunciar pelo microfone [1000 pessoas glorificarão a você]. [Que coisa horrível! Mesmo alguns descrentes ofertam anonimamente]

[6] Nota do Tradutor: Por causa da presente ênfase em "riquezas e todo tipo de prosperidade, já", dos pentecostais, é bom notarmos que o autor não necessariamente está enfatizando bênçãos materiais ...

ALIANÇAS

 Marcos Alexandre Damazio

Semelhantemente, depois da ceia, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo pacto em meu sangue, que é derramado por vós”. (Lc 22:20).
Uma aliança1 é um acordo em que duas partes juram cumprir certas promessas ou condições.
Uma aliança condicional é uma promessa feita por uma parte, e que só será honrada se a outra parte cumprir certas condições. “Eu farei isto, se você fizer aquilo”.
Se ouvires atentamente a voz do Senhor teu Deus, tendo cuidado de guardar todos os seus mandamentos que eu hoje te ordeno, o Senhor teu Deus te exaltará sobre todas as nações da terra”. (Dt 28:1).
Uma aliança incondicional é uma promessa feita por uma parte sem impor condições à outra parte. “Eu farei isto, não importa o que você faça, ou deixe de fazer”.
Este é o pacto que farei com eles depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei as minhas leis em seus corações, e as escreverei em seu entendimento; acrescenta: E não me lembrarei mais de seus pecados e de suas iniqüidades”. (Hb 10:16,17).

O ANTIGO PACTO
Disse mais o Senhor a Moisés: Escreve estas palavras; porque conforme o teor destas palavras tenho feito pacto contigo e com Israel”. (Ex 34:27).
Deus tinha servos fiéis que o adoravam isoladamente como Enos, Enoque, Noé, Jó, etc. Porém, Deus não tinha um povo exclusivamente seu, um povo para o adorar como Deus. Em Abraão Deus formou um povo para si, o povo de Israel. O Senhor Deus viu que precisava fazer um pacto (testamento) com seu povo, e levantou o seu servo Moisés para através dele estabelecer um pacto com Israel. E a lei é este pacto (aliança). Deus fez este pacto somente com o povo de Israel, e não com os outros povos existentes na época, que obviamente não eram obrigados a guardar a lei, que era um pacto entre Deus e Israel somente (Ex 6:4; Ex 19:5), e a lei não justificou ninguém (Gl 3:11).
Deus prometeu fazer de Israel um reino de sacerdotes, uma nação santa e um povo especial, se Israel guardasse as suas leis e obedecessem aos seus mandamentos. Então por que Deus estabeleceu a lei em Israel?
A lei veio para mostrar ao homem o quanto ele é pecador e o quanto Deus é santo. O homem adulterava e “não sabia” que estava pecando, pois não havia lei que dissesse: “Não adulterarás”. Porém, todo homem tem consciência para discernir entre o bem e o mal. Deus firmou o pacto da lei para evidenciar que o pecado é uma ofensa a sua santa pessoa (Rm 5:20).
Sendo a lei um pacto condicional entre Deus e Israel deveria ser cumprido por ambas as partes. Deus sempre foi fiel ao pacto da lei cumprindo a sua parte na integra, abençoando, guardando, alimentando, curando e estando o tempo todo com o povo de Israel. Este povo nunca foi fiel ao pacto da lei e jamais cumpriu a sua parte, que era guardar as ordenanças da lei do Senhor (Dt 28:1,2).
O povo de Israel tinha um grande obstáculo para cumprir o severíssimo pacto da lei: “Porque qualquer que guardar toda a lei, e tropeçar em um só ponto, tornou-se culpado de todos”. (Tg 2:10,11).

O PROPÓSITO DA ANTIGA ALIANÇA – Êxodo 20:1-26
Depois disse o Senhor a Moisés: Sobe a mim ao monte, e espera ali; e dar-te-ei tábuas de pedra, e a lei, e os mandamentos que tenho escrito, para lhes ensinares”. (Ex 24:12).
Aqueles que buscam a justificação pelas obras da lei logo descobrem que estão tentando realizar um feito impossível. Nunca foi dito que a benção viria por meio da lei, mas sim pela fé em graça. A lei é oposta à fé (Hc 2:4).
O homem não pode ser justificado diante de Deus pelo que faz, mas somente pela fé.
A lei foi dada a Israel, através dos mandamentos, expressando a vontade justa de Deus. Os juízos e as ordenanças para governar a vida social e religiosa de Israel formavam um todo completo e inseparável. A lei também é a dispensação que foi do Sinai até o Calvário.
Podemos classificar os preceitos da lei de Israel em:
  1. Lei Moral – Regulamentos estabelecidos para um santo viver.
  2. Lei Civil – Leis para a nação israelita quanto à vida social e jurídica.
  3. Lei Cerimonial – Leis que abordavam as cerimônias e os ritos que deviam ser praticados na adoração a Jeová.
O Antigo Testamento não está em contradição com o Novo, pois tanto no Antigo como no Novo Testamento a vida eterna é oferecida à humanidade por Cristo, que é o único mediador entre Deus e os homens, sendo ele mesmo Deus e Homem; portanto, não se deve dar ouvidos àqueles que dizem que os patriarcas tinham em vista somente promessas transitórias. Embora a lei dada por Deus a Moisés, quanto às cerimônias e ritos, não se aplique aos cristãos, e nem tão pouco os seus preceitos civis devam ser necessariamente aceitos por qualquer governo. No entanto, nenhum cristão está isento de obedecer aos mandamentos morais do Antigo Testamento que são ratificados na graça.
Todos os preceitos da lei mosaica foram revogados. Mas é evidente que muitos preceitos morais e civis da lei são repetidos na graça. Entretanto, tais preceitos não são mais da lei, e sim da graça, pois, o fim da lei é Cristo (Rm 10:4).
A lei não tornou os homens santos. Ela era uma lista de “faça isto e não faça aquilo”.
Na verdade o propósito da lei não era fazer os homens santos, mas sim revelar o quanto são pecadores. A santidade da lei não tem a ver com sua capacidade salvífica, visto que não a possui. O lado positivo da lei é que ela nos ajuda a ver o quanto somos pecadores e o quanto necessitamos da graça de Deus.
A lei foi dada para regulamentar os critérios estabelecidos por Deus, provando que nenhum ser humano é capaz de cumprir tais critérios, estando todos em perdição (Rm 3:23). A lei nunca justificou a ninguém, pois em todos os tempos o Salvador é Jesus, o Cristo (Rm 3:20; Gl 2:16).
A lei deu ao pecado o caráter de transgressão e de culpa pessoal. A lei foi o aio que nos conduziu a Cristo para que fossemos justificados pela fé. O aio era um escravo especialmente escolhido, cuja função era tomar a criança romana pela mão e conduzi-la até à escola em sua menoridade. Ao terminar a fase escolar daquela criança, ela não precisava mais de seu “tutor” (Gl 3:24,25).

O NOVO PACTO
Próximo de terminar seu ministério terreno Jesus disse: “Isto é o meu sangue, o sangue do Novo Testamento, que por muitos é derramado”. (Mc 14:24).
O pacto da lei (Antigo Testamento) era um pacto entre Deus e Israel somente, por este motivo Jesus veio para salvar:
  • Povo de Israel – Mt 1:21; Mt 2:6
  • As ovelhas perdidas da Casa de Israel – Mt 10:6
  • Povo que já era seu povo – Jo 1:11
Deus planejou um pacto melhor, mais abrangente, que fosse perfeito, e então estabeleceu o pacto da graça, que é glorioso (2ª Co 3:7-11). Deus fez com que o povo de Israel rejeitasse o seu Filho, e então Deus deu as costas para Israel e se voltou para os gentios (Rm 11:11), ou seja, as demais pessoas da Terra (Jo 1:11,12). Assim Deus formou para si um novo povo, a Igreja.
Neste pacto da graça tudo é novo, até o povo de Deus. Nós não éramos povo de Deus (Rm 9:25,26) e nem buscávamos a Deus, mas seu Filho Jesus nos conduziu ao Pai (Rm 10:20), e nos fez o povo de propriedade exclusiva de Deus Pai (1ª Pe 2:9,10).
Qual a posição de Israel no pacto da graça?
O pacto da graça é universal, isto é, firmado entre Deus e toda a humanidade, de todos os povos, raças, línguas, tribos e nações (Ap 7:9).
Deus endureceu o povo de Israel para que não vissem a superioridade da graça sobre a lei (Jo 12:37-40). Para entrar neste Testamento da graça Israel precisa crer que Jesus é o Cristo.
Deus endureceu todo o povo de Israel para sempre?
Não, o endurecimento foi parcial (Rm 11:5-8) e permanecerá até que o ultimo gentio seja salvo (Rm 11:25,26).
Este pacto foi firmado entre Deus e todos os homens, tendo Jesus Cristo como mediador (1ª Tm 2:4,5), não escrito em tábuas de pedras, mas de carne, isto é, em nossos corações (2ª Co 3:3).
Coube a Deus todas as tarefas do pacto da lei, e mais: nos tornar o seu templo; habitar em nossos corpos através do seu Espírito; dar gratuitamente a salvação àquele que crê; etc.
Coube ao homem: crer que Cristo nos livrou da lei; crer que estamos debaixo da graça; crer em Jesus como diz as Escrituras (Jo 7:38); etc.
Coube a Cristo como fiador deixar sua glória; tornar-se homem; morrer em nosso lugar, levar nossos pecados, doenças e maldições sobre si; vencer todos os nossos inimigos; nos dar livre acesso ao Pai; nos comprar para Deus; nos libertar de prisões; nos dar vida eterna; nos tornar filhos de Deus; etc.
Coube ao Espírito Santo como penhor convencer mundo do pecado, da justiça e do juízo; regenerar e santificar o crente, selar os salvos, etc.
Por que Cristo firmou um Novo Testamento, o pacto da graça?
Na Antiga Aliança estávamos debaixo de maldição, pois ninguém jamais conseguiu cumprir a lei na íntegra.
...Maldito é todo aquele que não permanece em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las”. (Gl 3:10).
Gênesis
A primeira lei implantada
Gn 2:16,17
Êxodo
A formação do pacto da lei
Ex 20:1-17
Levítico
Os mandamentos gerais
Lv 27:34
Números
Os mandamentos e os juízos
Nm 36:13
Deuteronômio
O livro da lei
Dt 31:24-26
O livro da lei é o Pentateuco. Na lei não havia comunhão direta com Deus, tudo era feito através dos sacerdotes (Hb 10:19,20); na graça temos livre acesso ao Pai (Ef 2:18), e nós mesmos somos sacerdotes (1ª Pe 2:9).
A graça é um pacto de superiores promessas, sem defeitos. A lei era defeituosa (Hb 8:6-9), estava doente e não venceu o pecado (Rm 8:3), mas Cristo venceu. O fim da lei é Cristo (Rm 10:4), pois quando o Senhor Jesus Cristo disse Nova Aliança (Mc 14:24), ele anulou a Velha Aliança (Hb 8:13). Pois, a lei não passa de ordenanças da carne, baseadas somente em comidas, bebidas e diversas abluções, impostas até ao tempo oportuno de reforma (Hb 9:10-12; Hb 7:16). Lembre-se, o fim da lei é Cristo. Na lei, ano após ano o povo oferecia sacrifícios a Deus com sangue de animais, mas é impossível que o sangue de animais remova pecado. Cristo com um só sacrifício nos aperfeiçoou para sempre. Deus não se agrada de sacrifícios de animais, e é por isso que Cristo diz: “Remova o primeiro (pacto da lei) para estabelecer o segundo (pacto da graça)”. (Hb 10:9).
Deus escreveu os mandamentos da lei em tábuas de pedra. A lei era santa (Rm 7:12), mas fria, difícil e pesada para suportar. Ela estava sempre no exterior de cada israelita, fazendo exigências que o homem interior não podia cumprir.
A graça, ao contrário da lei, é uma obra do Espírito Santo que escreve a sua vontade em nossos corações e mentes.

O PROPÓSITO DA NOVA ALIANÇA
Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus”. (Rm 3:24).
A graça é a essência da salvação. A graça é a maneira de Deus tratar com o homem independente deste merecer ou não. Na Cruz Cristo pagou toda a pena do pecado, pois levou consigo os certificados contendo todos os pecados de toda a humanidade (Cl 2:14), e de uma vez por todas resolveu o problema do pecado, eliminando a barreira por ele levantada nas relações entre o homem e Deus (Cl 1:20). E o Pai diz: “E não me lembrarei mais de seus pecados e de suas iniqüidades.” (Hb 10:17). O profeta Isaías registrou estas palavras do Senhor, que têm o mesmo significado: “Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim, e dos teus pecados não me lembro”. (Is 43:25). Esta verdade é o sólido alicerce sobre o qual o crente constrói sua vida espiritual, de modo a experimentar a realidade da justificação e do perdão de Deus em sua vida diária. Pois, nenhum homem foi, e jamais será, condenado a morte eterna por causa do pecado (1ª Jo 2:2).
A lei era uma manifestação externa, uma ordenança que vem de fora. Porém, a lei não pôde dar-nos o poder para cumprirmos seus mandamentos. A lei nos dissera o que devíamos realizar, mas não nos deu nenhum poder para fazê-lo. Ela nos mostrou o quanto somos fracos e pecadores, mas não nos proveu de nenhum talento para obedecermos os seus mandamentos.
Na graça, Deus diz ao seu povo: “Eu farei por vocês o que vocês não podem fazer por si mesmos. Eu cumprirei a lei, que tem sido externa, e a escreverei em seu interior, em seus corações e suas mentes”.
Na graça, Deus nos leva a cumprir fielmente a sua vontade e a andar nos seus caminhos. Além disso, a graça não impõe nenhuma condição senão a fé. A única coisa que é preciso é crer e receber o evangelho da graça. Este é o presente de Deus.

O NOVO PACTO SUBSTITUI O ANTIGO PACTO
Para entender a salvação é preciso compreender a grande diferença que existe entre a antiga aliança e a nova aliança.
Davi foi um dos primeiros homens a compreender a diferença entre a lei e a graça: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito inabalável”. (Sl 51:10).
Davi entendeu que a lei era boa; mas seu coração, mau. Ele não podia estabelecer uma coexistência pacífica entre os dois. O apóstolo Paulo também entendeu este problema: “Miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta morte?” (Rm 7:24).
Com relação a este problema, nunca encontramos alivio nas tabuas de pedra da lei. Na verdade, a lei é santa, justa e boa (Rm 7:12), contudo nossa carne é pecaminosa.
Há aproximadamente 400 anos depois de Davi, o profeta Jeremias abordou o mesmo tema: “Eis que os dias vêm, diz o Senhor, em que farei um pacto novo com a casa de Israel e com a casa de Judá, não conforme o pacto que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito, esse meu pacto que eles invalidaram, apesar de eu os haver desposado, diz o Senhor. Mas este é o pacto que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. E não ensinarão mais cada um a seu próximo, nem cada um a seu irmão, dizendo: Conhecei ao Senhor; porque todos me conhecerão, desde o menor deles até o maior, diz o Senhor; pois lhes perdoarei a sua iniqüidade, e não me lembrarei mais dos seus pecados”. (Jr 31:31-34).
Deus disse através de Jeremias que quando trouxe o povo de Israel do Egito para o monte Sinai, ele fez uma aliança (a lei) com Israel. Deus disse que faria um Novo Pacto com a casa de Israel e com a casa de Judá, não conforme o pacto que ele fez com seus pais quando os tirou da terra do Egito.
Também vos darei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne. Ainda porei dentro de vós o meu Espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis as minhas ordenanças, e as observeis”. (Ez 36:26,27).
Esta promessa do Senhor através do profeta Ezequiel, vai de encontro com a oração de Davi, que pediu a Deus coração e espírito novos. Assim, Deus tirou da nossa carne o coração de pedra, ou seja, as tábuas de pedra da lei, e nos deu um coração de carne. Assim Deus nos deu um coração novo, e colocou dentro de nós o seu Espírito Santo para nos fazer andar nos seus estatutos, e guardar as suas ordenanças.
Durante séculos a lei tinha estado gravada em pedra. Agora, pela primeira vez, Deus prometera escrever a lei no coração do homem, através de uma nova aliança.
Em suma, a graça liberta enquanto a lei escraviza. A graça provém do âmago do coração de Deus. A lei apesar de ser boa, é algo que Deus instituiu para nós reconhecermos a nossa necessidade da graça devido a nossa condição de pecador perdido.

JESUS CUMPRIU A LEI
Sabendo Deus que o povo de Israel jamais cumpriria toda a lei, enviou seu Filho, que se tornou homem e judeu, para cumpri-la pelo povo. Jesus ao iniciar seu ministério terreno disse: “Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim revogar, mas cumprir. Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei, sem que tudo seja cumprido”. (Mt 5:17,18).
Jesus disse que não veio revogar ou destruir a lei, mas sim cumprir a parte que o povo de Israel jamais conseguiu cumprir, e que por este motivo já havia se tornado uma maldição para os judeus (Gl 3:13). Se Jesus veio para cumprir a lei, então devemos crer que Cristo já cumpriu a lei. Pensar diferente é dizer que Cristo falhou na sua missão, pois ele mesmo disse: “Eu não vim para revogar, vim para cumprir”. (Mt 5:17).
Jesus disse que o pacto da lei não seria revogado sem que fosse cumprido, sendo Jesus o único capacitado e encarregado para esta missão impossível ao homem: cumprir a lei.
Após ser cumprida, a lei foi revogada por causa de sua fraqueza e inutilidade (Hb 7:18,19). Jesus é vencedor, levou até ao fim sua missão, cumpriu a lei, revogou-a e ainda estabeleceu um Novo Testamento, ou seja, o pacto da graça. O fim da lei é Cristo (Rm 10:4).

A LEI AINDA VIGORA?
A lei e os profetas vigoraram até João; desde então é anunciado o evangelho do reino de Deus, e todo homem forceja por entrar nele.” (Lc 16:16).
Não, de maneira alguma, pois Cristo já aboliu a lei e já firmou outro pacto com a raça humana (2ª Co 3:14). Quando Jesus morreu na cruz, o véu do templo se rasgou de alto a baixo. Isto significou o fim da lei, pois a partir daquele momento o templo de Deus passou a ser os nossos corpos, onde Deus habita através do seu Espírito. O véu que foi rasgado é a lei que terminava (Rm 10:4), pois quando alguém se converte ao Senhor, o véu lhe é retirado (2ª Co 3:13-17). Vejamos porque lei na graça é inaceitável pelo Senhor:
Estamos em novidade de espírito, e não na caducidade da letra.
Romanos 7:6
Nós somos guiados pelo Espírito, logo, somos filhos de Deus.
Romanos 8:14
Somos guiados pelo Espírito, e não estamos debaixo da lei.
Gálatas 5:18
O fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê
Romanos 10:4
Cristo já foi condenado pelas nossas transgressões
Gálatas 3:19
A lei não pode vivificar e nem justificar
Gálatas 3:21
Nós não estamos no pacto da lei.
Romanos 6:14
Nós estamos mortos para a lei
Romanos 7:4
A lei forma homens débeis
Hebreus 7:28
Cristo é Senhor do Sábado
João 5:18
Nós não estamos na carne
Romanos 7:5
Cristo já cumpriu a lei
Mateus 5:17-20
Estamos livres da lei
Romanos 7:6
A lei mata
Romanos 7:9
A lei mata
2ªCoríntios 3:6
Diante de a lei todo ser humano é culpado, sendo a lei um ministério de condenação, morte e maldição (2ª Co 3:7,9;Gl 3:10).
... Tudo o que a lei diz, aos que estão debaixo da lei o diz; para que toda a boca esteja fechada e todo mundo seja condenável diante de Deus”. (Rm 3:19).
A lei não justifica o pecador, nem santifica o crente (Gl 3:11,12). A lei condena o melhor homem, e a graça justifica o pior homem. Não há um justo que possa ficar de pé diante da lei. Aquilo que deveria servir como o caminho da salvação do homem veio a ser uma maldição: “E o mandamento que era para vida achei eu que era para morte”. (Rm 7:10). A graça é mais excelente, é superior e tem melhores promessas: “Porque se aquela primeira aliança tivesse sido sem defeito, de maneira alguma estaria sendo buscado lugar para a segunda (graça)”. (Hb 8:7).

Quando ele (Jesus) diz Nova (graça), torna antiquada a primeira (lei). Ora, aquilo que se torna antiquado e envelhecido, está prestes a desaparecer”. (Hb 8:13).
Muitas vezes o povo de Deus confundimos costumes tradicionais com doutrinas bíblicas; misturamos a lei e a graça; e muitas vezes vemos em nosso Pai um grande ditador. O primeiro pecado do homem foi a transgressão de Adão. E o que Adão transgrediu?
Uma lei que dizia: “Não comerás da arvore do conhecimento do bem e do mal”. (Gn 2:17). Pare e pense: e se não houvesse essa lei. Adão não teria nada para transgredir, e assim não teria cometido aquele pecado. Pense novamente: se sem lei não há transgressão, então porque Deus criou aquela lei para Adão?
Deus quando cria uma lei ou nos dá uma ordem, ele não está pensando em si mesmo, pois não é um ditador. Quando Deus criou aquela lei para Adão para provar o livre-arbítrio de Adão, ele estava pensando em proteger Adão de algo terrível: “... porque no dia em que daquela árvore comeres, certamente morrerás”. (Gn 2:17).
Esta lei foi promulgada somente para Adão, pois Eva ainda não havia sido criada por Deus. Eva comeu o fruto primeiro e depois deu a Adão e este comeu (Gn 3:6). Eva, porém, não pecou, pois a lei foi dada a Adão e não a Eva. Contudo, Eva era conhecedora da lei e se deixou enganar por satanás (1ª Tm 2:14).
Porque antes da lei já estava o pecado no mundo, mas onde não há lei o pecado não é levado em conta. No entanto a morte reinou desde Adão até Moisés, mesmo sobre aqueles que não pecaram à semelhança da transgressão de Adão o qual é figura daquele que havia de vir”. (Rm 5:13,14).
Depois de ter dado uma lei a Adão, Deus só voltou a dar leis a Moisés. Neste longo período entre Adão e Moisés o povo viveu sem lei, portanto, não havia transgressão, pois não havia lei para ser transgredida (Rm 5:13,14).
Pode haver pecado sem lei que antes o defina como pecado?
Neste longo período de Adão até Moisés as pessoas que roubavam não transgrediam nenhuma lei, pois não havia lei que dissesse: “Não roubarás” (Rm 7:7).
Como Deus julgará as pessoas que viveram de Adão a Moisés?
Estas pessoas pecaram, porém não transgrediram nenhuma lei, e o pecado não é levado em conta quando não há lei que o defina anteriormente como pecado. Deus julgará tais pessoas pelos pecados que cometeram, pois, apesar de não haver lei, tais pessoas foram dotadas de consciência que as acusa ou as defende (Rm 2:14,15).
As pessoas que viveram no mundo no período que vai de Adão até Moisés, serão julgadas por terem transgredido suas próprias consciências (Rm 2:12), e por isso receberam o salário do pecado: a morte física (Rm 6:23).
Quanto as demais pessoas, os que já ouviram o Evangelho são responsáveis por todos os seus pecados, inclusive o de rejeitar a Cristo; os que nunca ouviram o Evangelho são livres do pecado de rejeitar a Cristo, apesar de serem responsáveis pelos outros pecados pelos quais serão considerados culpados. Os gentios que nunca ouviram o Evangelho serão julgados de acordo de suas consciências diante da luz natural e da graça comum.
Muitas vezes ouvimos em nossas igrejas preletores dizerem que é necessário guardar pontos da lei para sermos justificados. A Bíblia nos diz que não há um justo sequer sobre a terra, porém nós fomos e somos justificados pelo sangue de Jesus. Sabedores que somos justificados, mediante a fé, pelo sangue de Jesus (Rm 5:1,9), cremos então que nunca poderemos ser justificados pela lei, pois esta não justifica a ninguém (Gl 2:16; Gl 3:11). O que muitas vezes os pregadores ignoram é que quem olha para a lei dá as costas para Cristo e está desligado de Cristo (Gl 5:4). A lei era inútil e nunca aperfeiçoou coisa alguma, mas pela graça chegamos a Deus (Hb 7:18,19).
Pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie”. (Ef 2:8).
Devemos crer que somos justificados inteiramente pela graça do Senhor Jesus, pois a graça não é apenas uma dispensação, mas principalmente, um favor imerecido de Deus por nós, pois fomos salvos quando éramos ainda ímpios (Rm 5:6-8).
  • Tendo em vista que não se promulga lei para quem é justo, mas para os transgressores e rebeldes, irreverentes e pecadores, ímpios e profanos, parricidas e matricidas, homicidas, impuros, sodomitas, raptores de homens, mentirosos, perjuros, e para tudo o que se opõe à sã doutrina”. (1ª Tm 1:9,10).
  • Nós éramos tudo isso, porém nós fomos lavados, purificados, santificados e justificados em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus (1ª Co 6:9-11).
A LEI NA GRAÇA
Infelizmente, muitos cristãos sinceros são tentados a voltar para o domínio da lei. Mas veja o que o apóstolo Paulo disse sobre isto: “Ou ignorais, irmãos (pois falo aos que conhecem a lei), que a lei tem domínio sobre o homem por todo o tempo que ele vive? Porque a mulher casada está ligada pela lei a seu marido enquanto ele viver; mas, se ele morrer, ela está livre da lei do marido. De sorte que, enquanto viver o marido, será chamada adúltera, se for de outro homem; mas, se ele morrer, ela está livre da lei, e assim não será adúltera se for de outro marido. Assim também vós, meus irmãos, fostes mortos quanto à lei mediante o corpo de Cristo, para pertencerdes a outro, àquele que ressurgiu dentre os mortos a fim de que demos fruto para Deus. Pois, quando estávamos na carne, as paixões dos pecados, suscitadas pela lei, operavam em nossos membros para darem fruto para a morte. Mas agora fomos libertos da lei, havendo morrido para aquilo em que estávamos retidos, para servirmos em novidade de espírito, e não na velhice da letra”. (1ª Co 7:1-6).
O apóstolo Paulo usa as leis matrimoniais para ilustrar o nosso relacionamento com Cristo sob o Novo Testamento (Nova Aliança).
Como pecadores, éramos “casados” com a lei e presos às suas exigências. Quando recebemos a Cristo como Salvador, fomos colocados em seu Corpo (1ª Co 12:13). Assim fomos identificados com ele na sua morte e ressurreição.2
Quando Cristo morreu na cruz, nós estávamos potencialmente “nele”. Quando ele ascendeu aos céus nós também ascendemos potencialmente “nele” e estamos assentados com ele nos céus (Ef 2:1-6).
O apóstolo Paulo afirma que fomos libertos da lei, pois, quando Cristo ressuscitou, nós também revivemos “nele”. Quando Jesus ressurgiu, ele se tornou o nosso marido divino, e nós nos tornamos a noiva de Cristo. Portanto, nós não estamos mais debaixo das exigências da lei, o nosso antigo e falecido esposo.
Muitos cristãos sinceros são tentados a voltar para o domínio da lei. Eles ainda parecem atraídos a voltar a ter um relacionamento amigável com o ex-marido (a lei). Sem perceberem o que estão fazendo, esses cristãos estão de paquera com a lei, e isso pode conduzi-los ao adultério espiritual.
Eles não estão confiando totalmente na consumação da obra de Cristo na cruz, e nem estão crendo que Cristo cumpriu a lei por nós. Então, sentem que precisam acrescentar algo para satisfazer completamente as exigências da lei. Tais cristãos não entendem que, quando olham para a lei, eles estão sendo infiéis ao novo marido, o Senhor Jesus Cristo. Nós não podemos confiar na lei e na graça ao mesmo tempo.
Pela nossa morte na cruz (em Cristo), nós não apenas fomos feitos livres do domínio do pecado, mas também livres de nossa “escravidão matrimonial” para com a lei. Agora somos livres para casarmos com “outro”, a saber, Jesus Cristo.
O apóstolo Paulo teve grandes problemas ao ver duas igrejas se desviarem da verdade e seguirem “heresias bíblicas”3:

A igreja de Jerusalém – Atos 15:1-35
Nessa igreja, como em muitas de nossos dias, havia pessoas que achavam que deveríamos crer em Jesus e guardar a lei, sem terem ciência de que quem crê em Jesus não pode guardar a lei, e quem guarda a lei está desligado de Jesus (Gl 5:4). Houve grande contenda de Paulo e Barnabé contra os hereges que afirmavam ser necessário guardar a lei. Os apóstolos e presbíteros convocaram um concílio para examinar a questão (At 15:1-5). Durante o concílio houve grande debate, então o apóstolo Pedro que era um dos pastores daquela igreja, saiu em defesa da verdade dizendo: “Porque tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discípulos um jugo (lei) que nem nossos pais puderam suportar, nem nós? Mas cremos que fomos salvos pela graça do Senhor Jesus, como também aqueles o foram”. (At 15:10,11).
Podemos ver que guardar a lei na graça é tentar a Deus. Pedro vai além ao dizer que todos os que foram salvos no regime da lei foram salvos pela graça, pois a lei não justifica ninguém (Gl 4:4,5), pois Cristo em graça resgatou também os que viveram na lei antes que viesse a graça. Se Cristo descesse da cruz, Moisés, Enoque, Elias e todos os profetas do Antigo Testamento desceriam do Céu direto para o Inferno. Tiago, o principal pastor da igreja de Jerusalém toma a palavra e diz: “Pelo que julgo eu, não devemos perturbar aqueles que, dentre os gentios se convertem a Deus”. (At 15:19,24).
Tiago diz que a lei de Moisés é pregada até hoje nas sinagogas dos judeus e não nas igrejas do Senhor Jesus Cristo, pois a lei na graça não passa de perturbação (At 15:21).
O concílio de Jerusalém chegou a seguinte conclusão: “Pois pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor maior encargo além destas coisas essenciais: que vos abstenhais das coisas sacrificadas a ídolos, bem como do sangue, da carne de animais sufocados e das relações sexuais ilícitas; destas coisas fareis bem se vos guardardes”. (At 15:28,29).

As igrejas da Galácia – Toda a carta aos Gálatas
O apóstolo Paulo pregou o evangelho genuíno na Galácia, porém os hereges se infiltraram na igreja pregando que a igreja deveria guardar a lei de Moisés. Paulo diz aos Gálatas que qualquer pessoa, e até mesmo um anjo do céu que fosse pregar outro evangelho diferente do que ele (Paulo) havia pregado, que tal pessoa fosse anátema (Gl 1:6-9).
Paulo diz que a lei na graça é segundo os homens, mas ele foi chamado pela graça (Gl 1:10-12). Pois, a lei espreita a liberdade e conduz a escravidão, e quem prega a lei na graça são os falsos irmãos (Gl 2:4; Gl 4:9-11). Introduzir a lei na graça é nos obrigar a viver como os judeus, e nós não somos judeus (Rm 2:17; Gl 2:14). Além disso, a lei não justifica o crente, pois nós estamos mortos para a lei, portanto não podemos anular a graça de Deus; pois se a justiça é mediante a lei, segue-se que Cristo morreu em vão (Gl 2:11-21). Qualquer pessoa que crê que devemos guardar uma letra da lei, está crendo que Cristo morreu em vão. Tudo o que Jesus conquistou na cruz nós recebemos pela graça, mediante a fé e não pela lei (Gl 3:1-5). A lei é uma maldição e todos os que guardam os seus preceitos estão debaixo de maldição. No pacto da lei, Israel tinha que guardar todos os preceitos da lei, e se um só preceito fosse quebrado, todos os outros também seriam quebrados (Tg 2:10,11). Dessa forma ninguém nunca poderia cumprir a lei, e esta nunca pôde justificar ninguém, e não havia nem um justo sequer. Na graça somos justificados mediante a fé (Rm 3:10-12; Rm 5:1) e Cristo nos resgatou da maldição da lei e nos colocou na sua maravilhosa graça (Gl 3:10-13) que é anterior a lei, pois Deus prometeu a graça a Abraão e ao seu descendente (Jesus) 430 anos antes de dar a lei a Moisés. A lei não pode anular a graça, pois esta é anterior àquela (Gl 3:15-17).
  • De Adão até Cristo o povo de Deus foi justificado pela fé na promessa de que Deus enviaria o Salvador.
  • De Cristo até hoje o povo de Deus é justificado pela fé no cumprimento dessa promessa.
O pacto da lei foi o nosso tutor antes que se cumprisse a promessa da graça em Cristo Jesus, nosso Senhor (Gl 3:23-25; Gl 4:1-5).
Paulo pergunta aos gálatas se eles querem estar sob a lei, pois os que estão sob a lei não são guiados pelo Espírito Santo (Rm 8:14), e também não são filhos de Deus (Gl 5:18). Por este motivo devemos lançar fora a lei e ficarmos na graça somente (Gl 4:21-31). Paulo nos diz que as pessoas que pregam a lei na graça adulteram a palavra de Deus, pois o verdadeiro evangelho está encoberto para os que se perdem, pois o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos (2ª Co 4:2-4).

OU A LEI OU CRISTO – Gálatas 5:1-12
Muitas de nossas igrejas crêem que devemos guardar preceitos doutrinários da lei mesmo estando na graça. Crêem que devemos guardar o sábado ou guardar preceitos da lei que falam sobre vestes (Dt 22:5). Mas a Bíblia nos diz:
Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais de novo a jugo de escravidão”. (Gl 5:1).
Devemos permanecer na graça onde nós somos livres e não devemos nos colocar debaixo da lei (Gl 4:21-31).
Eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará”. (Gl 5:2).
Vemos aqui que Cristo só salva os que estão debaixo da graça, e que qualquer pessoa que cumpre qualquer preceito da lei (a circuncisão é um preceito da lei) está fora da salvação de Cristo.
De novo testifico a todo homem que se deixa circuncidar, que está obrigado a guardar toda a lei”. (Gl 5:3).
Este texto deixa claro a todo homem que pensa em guardar o sábado, que para guardar um preceito tem que guardar todos os demais preceitos da lei, ou seja, milhares de preceitos que não podem salvar ninguém.
De Cristo vos desligastes vós que procurais justificar-vos na lei, da graça decaístes”. (Gl 5:4).
O cristão sincero, que não entende a base de sua salvação, pode ser facilmente enganado. Ele quer verdadeiramente agradar a Deus e ter a sua aprovação. Tentar cumprir as exigências da lei parece-lhe um bom caminho. Pode parecer certo, mas está errado!
Qualquer pessoa que crê que a lei ainda vigora na graça está totalmente desligada de Cristo, já decaiu da graça, e não tem a menor noção de quem é Jesus Cristo e o que ele fez por nós, qual a posição do cristão na graça de Deus, desconhece por completo o que é ser filho de Deus, desconhece o Deus vivo e as bases do seu pacto com a Igreja e não tem nem uma vaga noção do que é justificação pela fé em Cristo Jesus nosso Senhor.

O PESO DA GRAÇA
A graça de Jesus se caracteriza pela grande liberdade dos cristãos (Gl 5:1), todavia esta liberdade, não é libertinagem como querem alguns (Jd 1:4), pois a liberdade em Cristo não é licença para continuar pecando. Jesus disse que o pacto da graça tinha em seu fiador um jugo suave e um fardo leve (Mt 11:30). Ao contrário da graça, a lei tem um jugo insuportável que nem o povo de Israel conseguiu levar e nunca ninguém suportará este fardo na integra sobre seus ombros (At 15:10). Hoje vemos em muitas de nossas igrejas homens falando de si mesmos e atando fardos pesados da lei sobre os seus membros, e dizendo que temos que pagar o preço da salvação, e dessa maneira eles não entram no reino e nem deixam entrar aqueles que de coração, mais sem conhecimento, querem se achegar a Deus através de Cristo (Mt 23:4,13). O povo de Israel nega que Jesus é o Cristo, e assim negam a graça e a verdade que são por Jesus e preferem ficar com a lei de Moisés sobre suas costas encurvadas pelo peso insuportável do pacto da lei (Jo 1:17; Rm 11:10).
O pacto da lei consistia de muitas ordenanças que não podiam justificar ninguém, e eram prejudiciais ao homem ao passo que este nunca poderia cumpri-las plenamente, porém Cristo cancelou a nossa dívida pagando o preço de sangue e de morte, e se fazendo maldito em nosso lugar, removeu por completo a maldição da lei (Cl 2:14; Gl 3:13).

A LEI DE CRISTO - 1ª Coríntios 9:21
Levai as cargas uns dos outros, e assim cumprireis a lei de cristo”. (Gl 6:2).
Jesus cumpriu a lei mosaica por nós e levou o jugo insuportável e fardo pesado da lei mosaica em nosso lugar, e nos deixou o seu jugo suave e o seu fardo leve. Este jugo suave e este fardo leve formam a lei de Cristo que é o fundamento da liberdade do cristão. A lei de Cristo é conhecida como lei da liberdade (Tg 2:12,13) e lei perfeita (Tg 1:25). A lei de Moisés é conhecida como lei da condenação e da morte (2ª Co 3:7,9). Vejamos porque:
Na lei de Moisés
Não é licito trabalhar no sábado
Lucas 6:2
Na lei de Cristo
Todas as coisas me são lícitas
1ª Coríntios 10:23
Na lei de Moisés
Não toqueis em coisas impuras
Levítico 5:2
Na lei de Cristo
Todas as coisas são puras
Romanos 14:14
Por ser uma aliança superior à lei, a graça é mais severa exatamente por ter o testador morrido pela humanidade para confirmar o Testamento (Hb 9:16,17), sendo assim quem profanar a graça não levando o seu fardo leve e o seu jugo suave por querer levar o pesado fardo que Cristo já levou por nós, o Senhor punirá rigidamente. Querer introduzir os ritos e o fardo pesado da lei na graça é uma profanação do sangue da graça derramado por Cristo na Cruz, e é também um ultraje ao Espírito Santo (Hb 10:26-31).
Na lei os filhos rebeldes e as pessoas adúlteras eram apedrejados até a morte por homens pecadores (Lv 20:10; Dt 21:18-21). Na graça não há distinção de pecados, pois todos ofendem a Deus (Rm 5:17), é por isso que Jesus diz aos homens pecadores que queriam condenar uma mulher adúltera: “Quem não tiver pecado seja o primeiro a atirar a pedra”. E ninguém atirou, pois todos eram pecadores também e não podiam condená-la, embora todos quisessem, mas todos são iguais perante o Senhor. E Jesus diz a mulher adúltera: “Nem eu tão pouco te condeno; vai, e não peques mais”. (Jo 8:1-11). Esta é a lei de Cristo, onde a misericórdia triunfa sobre o juízo, ou seja, a graça triunfa sobre a lei, o perdão triunfa sobre a condenação. E é por esta lei da liberdade que os homens são julgados (Tg 2:12,13). A lei de Cristo é a lei da fé e do amor e da liberdade (Rm 3:27,28; Gl 6:1-5), e não visa o interesse próprio, e sim o interesse de outrem (1ª Co 10:23), por isso a lei régia é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo (Tg 2:8).
A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, exceto o amor com que vos ameis uns aos outros: pois quem ama ao próximo, tem cumprido a lei. Pois isto: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não cobiçarás, e se há qualquer outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. O amor não pratica o mal contra o próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor”. (Rm 13:8-10).

A LEI E O PECADO – Romanos 7:7-9
... Porque sem lei está morto o pecado”. (Rm 7:8).
A Bíblia nos mostra que a lei é santa, boa, justa e espiritual se for cumprida total e legitimamente (1ª Tm 1:8; Rm 7:12). Todavia, como cumprir toda a lei é impossível aos homens, a lei se tornou enferma, maldição, inútil e carnal (Rm 8:3; Hb 7:16). As nossas igrejas que têm costumes mais rígidos fundamentados sobre a lei de Moisés, se consideram mais santas do que as igrejas mais liberais (não libertinas) que têm seus costumes baseados na graça. Vejamos o que a Bíblia nos diz da relação da lei com o pecado:
Porque a lei suscita ira; mas onde não há lei, também não há transgressão”. (Rm 4:15).
Quanto mais a lei invade a graça por nossas igrejas legalistas, o pecado a acompanha. Sendo assim, as igrejas mais rígidas têm mais ira e mais transgressões, pois há muitos preceitos para serem quebrados. Portanto, quanto mais rígidos forem os costumes, mais pecadora a igreja será.
Mas afinal, de que Jesus nos salvou?
Dentre muitas coisas Jesus nos livrou do pecado (transgressão da lei), da maldição e da ira da lei (Gl 3:13; Rm 5:9). Deus sempre pensa em tudo. Sabedor de que a lei suscita ira, Deus fez um plano para nos salvar da ira da lei, pois éramos filhos da ira (Ef 2:3).
Como sem a lei está morto o pecado, alguns acham que podem pecar a vontade por estarem debaixo da graça. O pecado é senhor de todo aquele que o pratica. E o cristão não pode servir a dois senhores (Rm 6:15,16).
A lei veio para avultar o pecado, mas onde abundou o pecado, superabundou a graça (Rm 5:20,21). Nós morremos para a lei para pertencermos a Cristo, o Senhor, pelo qual obtemos a salvação (Rm 7:4).
Hoje vemos em nossas igrejas pessoas querendo ressuscitar-nos para o pecado ao impor a lei na graça, pois o pecado tem domínio sobre os que estão na lei (Rm 6:14). Vejamos o que o Espírito Santo diz através do apóstolo Paulo:
O pecado é realçado pela lei
Romanos 7:5
Não estamos subordinados a lei
Gálatas 3:23-26
Nós estamos libertos da lei
Romanos 7:6
Nós estamos mortos para o pecado
Romanos 6:11
O pecado vem por meio da lei
Romanos 7:7
O pecado está morto sem a lei
Romanos 7:8
A lei traz a morte através do pecado
Romanos 7:9-11
Pela lei vem o pleno conhecimento do pecado
Romanos 3:20
... eu não teria conhecido o pecado, senão por intermédio da lei; pois não teria eu conhecido a cobiça, se a lei não dissera: Não cobiçarás”. (Rm 7:7).

A LIBERDADE NO ESPÍRITO SANTO
E não somos como Moisés, que trazia um véu sobre o rosto, para que os filhos de Israel não atentassem na terminação do que se desvanecia; mas o entendimento lhes ficou endurecido. Pois até o dia de hoje, à leitura do velho pacto, permanece o mesmo véu, não lhes sendo revelado que em Cristo é ele abolido; sim, até o dia de hoje, sempre que Moisés é lido, um véu está posto sobre o coração deles. Contudo, convertendo-se um deles ao Senhor, é-lhe tirado o véu”. (2ª Co 3:13-16).
O Espírito Santo nos liberta das exigências da lei para que possamos viver com liberdade. Ele nos fez livres da lei escrita em pedras, para obedecermos à lei escrita em nosso coração.
Esta liberdade não nos autoriza a seguir os nossos desejos carnais. Se assim agirmos, seremos convencidos e disciplinados pelo Espírito Santo.
Após sujeitarmos o nosso espírito ao Espírito Santo, e a nossa mente à Palavra de Deus, com certeza, não precisamos ter medo. Cometemos alguns erros, mas Deus é fiel em operar junto a eles para o nosso bem e para a sua glória. O Espírito de Deus nos ensinará com amor e mansidão, e nos disciplinará no nosso cotidiano.
O Espírito Santo não veio substituir a Bíblia como ensinam algumas pessoas. Ele veio explicar a Bíblia e aplica-la em nossa vida. Portanto, a obra do Espírito Santo em nossa vida sempre estará de acordo com a Palavra de Deus. Ele transforma a Palavra escrita em Palavra viva em nosso coração.
Ora, o Senhor é o Espírito; e onde está o Espírito do Senhor aí há liberdade. Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Senhor, o Espírito”. (2ª Co 3:17,18).

O TESTADOR
Pois onde há testamento, necessário é que intervenha a morte do testador. Porque um testamento não tem força senão pela morte, visto que nunca tem valor enquanto o testador vive”. (Hb 9:16,17).
Para que uma aliança tenha efeito, ela deve ser ratificada. Somente a morte do testador poderia ratificar a nova aliança.
Quando um homem faz um testamento, registrando sua ultima vontade, as leis da maioria dos países determinam que este testamento só pode ser executado quando este homem morrer.
Deus também estabeleceu a sua vontade em forma de um Novo Testamento (Aliança ou Pacto). Este Novo Testamento não poderia entrar em vigor até que aquele que o estabelecera tivesse morrido.
Por isso Deus, o Filho, veio a esta Terra como homem. Cristo, o testador, veio morrer para que o seu Novo Testamento tivesse efeito.
Semelhantemente, depois da ceia, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo pacto em meu sangue, que é derramado por vós”. (Lc 22:20).

O TESTAMENTEIRO
E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre”. (Jo 14:16).
Quando o testador morre é necessário que alguém tome as medidas relacionadas ao testamento para cumprir a vontade do testador. A pessoa nomeada para tal atividade é o testamenteiro.
Cristo poderia se tornar, legalmente no céu, o testamenteiro de seu próprio testamento, pois morreu, porém, ressuscitou.
Uma vez que o sacrifício de Cristo foi aceito pelo Pai no céu, a nova aliança estava estabelecida no céu. Agora faltava coloca-la em vigor aqui na Terra. Por isso, do céu, Deus enviou o Espírito Santo no dia de Pentecostes para ser o testamenteiro do testamento de Cristo. Assim, fica mais fácil compreendermos as palavras de Cristo acerca do ministério terreno do Espírito Santo:
Quando vier, porém, aquele, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá o que tiver ouvido, e vos anunciará as coisas vindouras. Ele me glorificará, porque receberá do que é meu, e vo-lo anunciará. Tudo quanto o Pai tem é meu; por isso eu vos disse que ele, recebendo do que é meu, vo-lo anunciará”. (Jo 16:13-15).
Jesus disse que o Espírito Santo receberia algo que lhe pertencia, e nos anunciaria. Jesus estava se referindo ao Novo Testamento que o Espírito Santo como testamenteiro iria nos anunciar toda vontade do testador.
E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre”. (Jo 14:16).
O termo ‘outro’, no grego allos (allos), significa outro da mesma classe, similar. Já o termo ‘Consolador’, no grego parakletos (parakletos), tem um significado mais amplo do que consolador ou ajudador. Esta palavra vem da combinação de duas palavras gregas: para, que significa “ao lado de”, e kaleo, cujo sentido é “chamar”. Juntas essas palavras querem dizer “chamado para o lado da pessoa”. Esta palavra, parakletos, significa muitas coisas no Novo Testamento. É traduzida como intercessor, consolador, ajudante, defensor, conselheiro. Ela conceitua um advogado que representa um dos lados num tribunal: “Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; mas, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo”. (1ª Jo 2:1).
Um advogado é um conselheiro legal ou um defensor. Ele pleiteia a causa de seu cliente no tribunal de justiça. Portanto, o advogado fica ao lado de seu cliente, providenciando-lhe acesso a todos os benefícios da lei.
Nós temos dois advogados. Um deles está à mão direita de Deus Pai, e é o próprio Senhor Jesus. Desta forma, se nós pecarmos temos um advogado que atua no céu para pleitear a nossa causa. Embora Deus, o justo juiz, está totalmente ao nosso lado. Deus é por nós (Rm 8:31). No entanto, Deus tem de satisfazer sua perfeita justiça, exigindo a penalidade pelo pecado cometido. Mas Deus satisfez a sua justiça quando nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós (Rm 8:32).
O outro advogado está dentro de nós, e é o Espírito Santo, desta forma, temos um advogado que atua na Terra para pleitear a nossa causa, ou seja, nos fazer andar nos estatutos do Senhor (Ez 36:27).
Deus colocou a sua lei em nossos corações através da presença4 do Espírito Santo que habita em nós. Assim, o Espírito Santo nos ensinará todas as coisas (Jo 14:26) e nos guiará a toda a verdade (Jo 16:13).
O Espírito santo não só nos revelará a vontade do testador, mas também nos capacitará a cumpri-la.
Na verdade, a lei do Espírito da vida, gravada no coração de carne, é mais exigente até do que a lei de Moisés, gravada nas tábuas de pedra. Porém, a lei do Espírito Santo não exige nenhuma sujeição severa, mas sim, uma obediência amorosa.
Na antiga aliança, a lei estava fora de nós, escritas em tábuas de pedra. Na nova aliança, a lei está dentro de nós, escrita em nosso coração e mente.
Na antiga aliança, a lei poderia forçar uma conformidade externa que teria duração temporária. Na nova aliança, o Espírito Santo que habita em nós pode transformar o nosso interior permanentemente.
O Espírito Santo é o testamenteiro, o executor da vontade de Cristo e do seu testamento. Ele é quem executa a nova aliança com suas bênçãos e benefícios.
Diante desta revelação se cumpre a profecia de Deus: “Porei dentro de vós o meu Espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis as minhas ordenanças, e as observeis”. (Ez 36:27).


A ALIANÇA ETERNA
“Eis que os dias vêm, diz o Senhor, em que farei um pacto novo com a casa de Israel e com a casa de Judá.” (Jr 31:31).
A graça é chamada nova aliança. Isso contrasta com a aliança anterior que o Senhor fez com Israel quando o trouxe para fora do Egito. É nova no que diz respeito ao principio em que se norteia. o Senhor tinha dito aos seus que se guardassem as seus mandamentos e andassem nos seus estatutos, Ele os abençoaria. Ele colocou diante deles uma lista de ricas bênçãos; todas elas seriam suas se obedecessem à lei do Senhor. Mas nos dias presentes o Senhor, em Cristo Jesus, tem feito uma nova aliança com a verdadeira descendência de Abraão, com todos os crentes verdadeiros, não segundo o teor da antiga, nem condicional e finita como aquela.
Muitos não atentam para a verdadeira natureza da aliança da graça. Falam sobre da graça, mas pensam que ela depende de mérito humano. Falam sobre a misericórdia de Deus, porém a condicionam, fazendo com que seja mais justiça do que graça. Se a salvação é por graça, não é por obras, senão, a graça já não seria graça. (Rm 11:6).
“Farei com eles aliança eterna segundo a qual não deixarei de lhes fazer o bem; e porei o meu temor no seu coração, para que nunca se apartem de mim.” (Jr 32:40).
No entanto, a nova aliança é uma aliança eterna. A velha aliança foi de duração finita; mas esta é uma aliança eterna. Ao contrário de alguns eruditos modernos da teologia processual, eu creio que a palavra eterna significa que dura para sempre.
Creio que o primeiro motivo pelo qual a graça é uma aliança eterna é que foi feita conosco em Jesus Cristo. O primeiro Adão era falho, e fracassou; ele não conseguiu suportar a tensão da sua responsabilidade. Mas o fiador da nova aliança é Jesus Cristo, e ele não tem falhas, é perfeito. Creio que o segundo motivo pelo qual a nova aliança não pode falhar é devido o lado humano dela ter sido cumprido. O lado humano poderia ser considerado o lado fraco; no entanto quando Jesus se tornou homem, esse lado ficou firme até este momento Ele tem cumprido integralmente a nova aliança da qual Ele é o Fiador. Visto, portanto, que foi cumprida aquela parte da aliança que pertence ao homem, só falta ser cumprida a parte de Deus, que consiste em promessas ncondicionais. Porventura Deus não cumprirá o que prometeu? Sim, certamente.
“Então aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas imundícias, e de todos os vossos ídolos, vos purificarei. Também vos darei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne. Ainda porei dentro de vós o meu Espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis as minhas ordenanças, e as observeis.” (Ez 36:25-27).
Além disso, a nova aliança é eterna, porque é fundamentada na livre graça de Deus. A primeira aliança dependia da condição da obediência dos homens. Se guardassem a lei, Deus os abençoaria; mas fracassaram pela desobediência, e herdaram a maldição.

1Aliança é sinônimo de pacto, acordo, concerto, e em certo sentido é sinônimo de testamento.
2Leia o capítulo 6 da carta de Paulo aos Romanos.
3Toda doutrina antibíblica ou extrabíblica é uma heresia. E toda doutrina, conceito ou princípio baseado na Bíblia, porém interpretado erroneamente, ou interpretado forçosamente a bel-prazer, ou interpretação de um texto fora de seu contexto literário, geográfico e histórico, ou ainda a interpretação de um texto isolado criando um pretexto doutrinário, é uma heresia bíblica.
4A presença do Espírito Santo não substitui a Palavra de Deus. O Espírito Santo veio para explicar a Palavra de Deus e aplica-la em nossas vidas.