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COLOCANDO UM TEXTO DENTRO DE SEU CONTEXTO

“Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles.” Mateus 18:20

A confusão na interpretação desse versículo está em tirá-lo do contexto. Lendo o contexto vemos claramente o seu significado, e observaremos que se trata de um processo de disciplina na igreja. O contexto aponta para uma busca de reconciliação de dois irmãos, onde um pecou contra o outro.

Certa vez ouvi alguém dizendo que não compreendia este versículo porque ele passava a impressão que quando a pessoa está orando sozinha, Deus não estará presente e não a ouvirá.

O contexto refere-se apenas a instruções sobre como proceder em relação a quem nos tem ofendido. Jesus ensina como ofendido deve repreender o ofensor. A primeira coisa a fazer é ir procurar o ofensor em particular, sem esperar que este lhe peça perdão. Se o ofensor mostrar-se arrependido, a comunhão com o ofendido será restaurada.

Se o ofensor não se arrepender, numa segunda repreensão o ofensor deve levar consigo UM (que com ele soma DOIS) ou DOIS (com ele soma TRÊS), para que por DUAS ou TRÊS testemunhas toda a estória seja confirmada como previsto em Deuteronômio 19:15.

Se o ofensor ainda assim não se mostrar arrependido, o caso deve ser levado à igreja local para exame do assunto (isso se o pecado cometido for suficientemente grave para afetar a comunhão da igreja local).

Se o ofensor não se arrepender diante da igreja, ele não deve mais ser considerado um cristão, mas sim como ímpio (gentio e publicano). É claro que tal tratamento deve envolver todos os esforços para leva-lo ao arrependimento.

A decisão da igreja local em ASSUNTOS DE DISCIPLINA será ratificada no céu. Tudo o que ligardes na terra neste contexto refere-se apenas ao perdão do pecador. Já tudo o que desligardes refere-se à exclusão do pecador impenitente. É claro que as estas decisões devem ser tomadas sempre com oração, conforme a Palavra e sob orientação do Espírito Santo. Por isso, quando Jesus soprou o Espírito Santo aos apóstolos disse-lhes: “Àqueles a quem perdoardes os pecados lhes são perdoados; e àqueles a quem os retiverdes lhes são retidos.” João 20:23.

A promessa de que a oração será atendida se ao menos DOIS de vós concordardes, fornece uma prova de que as decisões tomadas pela igreja local, NAS QUESTÕES DE DISCIPLINA, serão divinamente aprovadas se levadas a Deus por meio da oração. Essa promessa relativa À ORAÇÃO DE COMUM ACORDO NAS QUESTÕES DE DISCIPLINA (à luz do contexto) somente será ligada ou desligada nos céus PORQUE onde estiverem DOIS ou TRÊS (duas ou três testemunhas) reunidos em meu nome, ou seja, com autoridade para ligar ou desligar, aí estou Eu no meio deles. Observe que Jesus fala de uma igreja cristã já indicando sua ausência física.

Assim, quando duas ou mais pessoas se reúnem no nome de Jesus, em obediência à Sua palavra, têm a autoridade vinda de Deus para a solução de questões disciplinares. O foco desse texto é a solução de um “litígio” entre irmãos na igreja local. Isso mostra que Deus está no meio do Seu povo, conferindo-lhe a autoridade de Seu nome, quando estes se reúnem para decidir questões disciplinares. Assim, a presença de Deus confere autoridade na condução da disciplina ao ofensor que precisa arrepender-se de seu pecado. Esse é o significado correto desse texto à luz do seu contexto. A presença de Jesus confere valor à atividade disciplinar da igreja no tratamento de litígios entre irmãos.

Assim, não há nada de estranho neste versículo, pois Bíblia comprova que Deus ouve as nossas orações quando estamos sozinhos. Jesus nos ensinou a entrar no quarto e orarmos a Deus sozinhos. O próprio Cristo orou várias vezes sozinho.
Mas, Deus também ouve as orações de dois ou três que se reúnem para outros fins justos.

O que está errado é achar que isso é uma regra que estipule que Deus está presente apenas onde temos dois ou três reunidos em Seu nome. É importante que fique claro que esse não é o significado do texto de Mateus 18 dentro do contexto apresentado.

Lembre-se que Deus é onipresente, o que significa que Ele está em todos os lugares!

“Ora, se teu irmão pecar contra ti, vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, ganhaste a teu irmão;
Mas, se não te ouvir, leva ainda contigo um ou dois, para que pela boca de duas ou três testemunhas toda a palavra seja confirmada.
E, se não as escutar, dize-o à igreja; e, se também não escutar a igreja, considera-o como um gentio e publicano.
Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu.
Também vos digo que, se dois de vós concordarem na terra acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por meu Pai, que está nos céus.
Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles.” Mateus 18:15-20


Oséias Graça Tavares

DESASTEANDO AS BANDEIRAS DOS DESIGREJADOS


“Mas o Altíssimo não habita em templos feitos por mãos de homens, como diz o profeta: O céu é o meu trono, e a terra o estrado dos meus pés. Que casa me edificareis? diz o Senhor, Ou qual é o lugar do meu repouso?” (Atos 7:48,49).

Com base no versículo acima, muitos lobos (o lobo arrebata e dispersa as ovelhas - João 10:12) têm dito que o crente não deve ir a templos de igrejas, porque são construções humanas, e Deus não habita em construções humanas. 

Bem, há diversos erros nesta afirmação:

1-  DEUS NÃO HABITA EM TEMPLOS FEITOS POR MÃOS HUMANAS.
O grande problema dos pseudos cristãos é a leitura superficial do texto. O versículo diz que o Altíssimo não habita em templos construídos por homens. Mas afinal quem é o Altíssimo? Vejamos:

Havia uma profecia do anjo Gabriel à Maria dizendo que Jesus seria chamado de filho do Altíssimo (Lucas 1:32). Assim ficamos sabendo que Jesus era Filho do Altíssimo. Porém, estes falsos crentes não sabem quem é o Altíssimo, mas até os demônios sabem quem é o Altíssimo, pois uma legião disse a Jesus com grande voz: “Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Peço-te que não me atormentes.” (Lucas 8:28). Logo, concluímos que quando a Bíblia cita o Altíssimo está referindo-se ao Pai.

2-   ONDE HABITA O ALTÍSSIMO?
Sabemos que Deus habita nas alturas (Salmos 113:5), e do alto do seu santuário, desde os céus, o Senhor contempla a terra (Salmos 102:19). Porém, o Senhor fez uma pergunta a Davi: Edificar-me-ás tu uma casa para minha habitação? E o Senhor mesmo respondeu dizendo que desde o dia em que fez subir os filhos de Israel do Egito havia andado em tendas e tabernáculos, mas levantaria um dos filhos de Davi para que este edificasse uma casa ao Seu nome (2 Samuel 7:5,6,13).

“Atenta desde os céus, e olha desde a tua santa e gloriosa habitação. Mas tu és nosso Pai.” (Isaías 63:15,16).

Assim, a habitação do Altíssimo está nos céus, mas sua glória enche os céus, a terra e todas as coisas.
Coloquei essa introdução para mostrar que o Altíssimo não pode ser limitado a estruturas construídas pelo homem, porque Ele enche o mundo inteiro, e não existe um tipo de casa que possa contê-lo. Santuário, casa, habitação, moradas, templos, tendas e tabernáculos são simbologias apenas. Deus não tem um lugar físico ou um trono físico para chamar de sua habitação. Deus enche e preenche tudo com sua glória.

“E para levares a prata e o ouro que o rei e os seus conselheiros voluntariamente deram ao Deus de Israel, cuja habitação está em Jerusalém (Esdras 7:15).”

Um leitor apressado ao ler o texto acima concluirá que Deus habita em Jerusalém. Mas, não é isso que o texto diz, senão que a habitação de Deus ESTÁ em Jerusalém.

"Ouve, pois, a súplica do teu servo, e do teu povo Israel, quando orarem neste lugar; também ouve tu no lugar da tua habitação nos céus." (1 Reis 8:30).      
      
3-  A HABITAÇÃO DE DEUS É O LUGAR ONDE A SUA GLÓRIA SE FAZ PRESENTE
“Senhor, eu tenho amado a habitação da tua casa e o lugar onde permanece a tua glória” (Salmos 26:8).

Deus prometeu que o povo de Israel Lhe faria um santuário, o Senhor habitaria no meio deles. (Êxodo 25:8). Mas muitos dirão que hoje nós somos o santuário, e que Deus habita em nós. Todavia, o Senhor Deus não muda. Houve mudança de pacto, mudança de sacerdócio, mas não há em Deus mudança e nem mesmo sombra de variação. O fato de Deus habitar em nós representativamente pelo seu Espírito Santo não anula o fato de que Deus habita no meio de nós, no meio de nossos louvores e de que sua glória encha todas as coisas, até mesmo o templo feito por mãos humanas na visitação (não habitação) do Altíssimo. Por isso a Bíblia afirma que o Deus imutável tem um único santuário para as moradas do Altíssimo (Salmos 46:4). Sim, Deus tem muitas moradas, como teve tendas e tabernáculos, mas tem um só santuário, que é a cidade de Deus.

Por isso o salmista já dizia: “Quão amáveis são os teus tabernáculos, SENHOR dos Exércitos! Porque vale mais um dia nos teus átrios do que mil. Preferiria estar à porta da casa do meu Deus, a habitar nas tendas dos ímpios.” (Salmos 84:1,10). Sim, o Altíssimo sempre teve muitas moradas, tabernáculos e tendas, mas um único Santuário onde Cristo ofereceu o seu sangue imaculado prefigurado pelo Santo dos Santos, onde o Senhor nos introduzirá, no lugar da Sua habitação, no santuário, ó Senhor, que as tuas mãos estabeleceram. (Êxodo 15:17) .

Hoje, nós somos os tabernáculos, não somos os templos de Deus. Somos O TEMPLO de Deus, e o Espírito de Deus habita em NÓS. (1 Coríntios 3:16).

O corpo de cada um de nós é um tabernáculo, algo frágil, temporário e finito. Por isso Paulo disse que se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos humanas, eterna, nos céus. E por isso também gememos, desejando ser revestidos da nossa habitação, que é do céu. (2 Coríntios 5:1,2).

Por isso, embora tenhamos o penhor do Espírito Santo, enquanto estivermos no corpo (tabernáculo), vivemos ausentes do Senhor. Mas se desejamos deixar este corpo, para habitar com o Senhor, como pode este corpo ser individualmente seu templo? Individualmente este corpo é um tabernáculo, e não um templo. (2 Coríntios 5:5,6,8).

Contudo, coletivamente nossos corpos são O TEMPLO. Vejam a diferença:

"Não sabeis vós que os vossos corpos (plural) são membros (plural) de Cristo?" (1 Coríntios 6:15).

"Ou não sabeis que o vosso corpo (singular) é o templo (singular) do Espírito Santo?" (1 Coríntios 6:19).

“Jesus Cristo é a principal pedra da esquina; no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor. No qual também vós JUNTAMENTE sois edificados para morada de Deus em Espírito.” (Efésios 2:20-22).

4- SE DEUS NÃO HABITA EM NADA FEITO PELAS MÃOS DOS HOMENS, ONDE NOS CONGREGAREMOS?
Há um ensinamento bíblico que nos ordena a não deixarmos de nos congregar. Contudo, há um erro por parte dos desigrejados em julgar que o motivo de nos reunirmos é por causa de Deus. O templo ou qualquer outra construção onde os irmãos possam se reunir são locais construídos por mãos humanas.

ENTÃO NÃO É NECESSÁRIO IR AO TEMPLO?

"E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum." (Atos 2:44).

Na verdade, temos várias razões para irmos ao templo. Mas, nenhuma delas por causa de Deus. Vejamos:

1- Devemos ir ao templo para comungar com os nossos irmãos;
2- Devemos ir ao templo para ajudar os irmãos mais necessitados;
3- Devemos ir ao templo para interceder por nossos irmãos;
4- Devemos ir ao templo compartilhar dons espirituais;
5- Devemos ir ao templo dar testemunhos;
6- Devemos ir ao templo ouvir a palavra de Deus;
7- Devemos ir ao templo estudar a palavra de Deus;
8- Devemos ir ao templo participar da ceia;
9- Devemos ir ao templo fortalecer os irmãos fracos na fé.

"E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações." (Atos 2:42).

Resumindo, vamos ao templo apenas para ter comunhão com nossos irmãos em Cristo.

5-  ONDE OS APÓSTOLOS E A IGREJA PRIMITIVA SE REUNIAM?

A- NAS CASAS
O escritor Bob Fitts defende o desenvolvimento de igrejas em casas.

"E, considerando ele nisto, foi à casa de Maria, mãe de João, que tinha por sobrenome Marcos, onde muitos estavam reunidos e oravam." (Atos 12:12).

“Saudai Priscila e Áquila, meus cooperadores em Cristo Jesus... saudai igualmente a igreja que se reúne na casa deles” (Romanos 16.3-5).

“Saudai os irmãos de Laodicéia, e Ninfa, e à igreja que ela hospeda em sua casa” (Colossenses 4,15).

“Ao amado Filemom e à igreja que está em tua casa” (Filemom 1,2).

Com base nos versículos acima, é óbvio que a Igreja Primitiva reunia-se em casas. Essas casas não eram o que poderíamos chamar de um prédio característico e específico de uma igreja. Eram casas em que as pessoas moravam, e eram abertas como um local de reunião para a igreja. Contudo, Bob Fitts defende as igrejas em casas alegando que o Altíssimo não habita em templo feito por mãos humanas, esquecendo-se que as casas também são construções de mãos humanas. Neste caso, também não poderíamos nos reunir em casas, e os apóstolos e a igreja primitiva teriam errado ao se reunirem nas casas.

B-  NO TEMPLO
A igreja primitiva e os apóstolos se reuniam no templo.

"E todos os dias, no templo e nas casas, não cessavam de ensinar, e de anunciar a Jesus Cristo." (Atos 5:42).

“E Pedro e João subiam juntos ao templo à hora da oração, a nona.” (Atos 3:1) – (2 ou 3 reunidos).

“E aconteceu que, tornando eu para Jerusalém, quando orava no templo, fui arrebatado para fora de mim.” (Atos 22:17)

Com base nos versículos acima, é óbvio que a Igreja Primitiva também se reunia no templo. O texto bíblico também mostra que é possível louvar a Deus mesmo estando dentro de um templo feitos por mãos humanas:

“E, saltando ele, pôs-se em pé, e andou, e entrou com eles no templo, andando, e saltando, e louvando a Deus.” (Atos 3:8).

Mas, o texto bíblico também nos mostra que era possível pecar contra um templo consagrado a Deus:

“Mas ele, em sua defesa, disse: Eu não pequei em coisa alguma contra a lei dos judeus, nem contra o templo, nem contra César.” (Atos 25:8).

C-  NO ALPENDRE DE SALOMÃO
A igreja primitiva também se reunia no alpendre de Salomão, que era um pórtico apoiado em grandes colunas e construído no pátio do Templo.

“Os apóstolos realizavam muitos sinais e maravilhas entre o povo. Todos os que creram costumavam reunir-se no Pórtico de Salomão.” (Atos 5:12).

Mais uma vez fica evidente que a igreja se reunia até mesmo na varanda do templo, pois o que importava era a comunhão entre os irmãos.

D-  NO CENÁCULO
A palavra cenáculo não aparece originalmente na Bíblia. Na verdade essa palavra vem do latim cenaculum, e é utilizada nos textos bíblicos para traduzir algumas palavras hebraicas e gregas. Basicamente, a palavra cenáculo significa algo como “sala de refeições”, ou, de modo mais genérico, “quarto no andar superior de uma casa”. Essa palavra é derivada do termo latino cena, que significa “jantar” ou “ceia”.

Já no livro de Atos dos Apóstolos, cenáculo traduz a palavra grega huperoon e indica o lugar onde os discípulos se reuniram após a ascensão de Cristo ao céu:

“E, entrando, subiram ao cenáculo, onde permaneciam Pedro e João, Tiago e André, Felipe e Tomé, Bartolomeu e Mateus; Tiago, filho de Alfeu, Simão o Zelote, e Judas, filho de Tiago.” (Atos 1:13)

Foi no cenáculo onde ocorreu a escolha de Matias para ocupar o lugar de Judas Iscariotes (Atos 1:26) e onde o Espírito Santo foi derramado sobre eles no dia de Pentecostes (Atos 2).

Foi no cenáculo onde Dorcas foi ressuscitada (Atos 9:39), e também foi no cenáculo que Paulo pregava quando um Jovem, por nome de Êutico, caiu de uma janela (Atos 20:8,9).

Mais uma vez fica evidente que a igreja primitiva primeiramente se reunia no cenáculo.

Concluímos que tanto o cenáculo, quanto o templo, o alpendre de Salomão e as casas são criações de mãos humanas, e nem por isso a Igreja deixou de se reunir nestes locais.

Jesus afirmou que estaria até mesmo onde 2 ou 3 estivessem reunidos em seu nome. E, se esses 2 ou 3 se reunirem no templo o Senhor estará no meio deles, pois ali está aquele que é maior do que o templo (Mateus 12:6).

6- JESUS CUROU NO TEMPLO?
Muitos desigrejados na dureza de seus corações afirmam que Jesus jamais operou curas ou milagres no templo. De fato, Jesus ia pouco ao templo, dando preferência às sinagogas, onde Jesus operou maravilhas:

“E outra vez entrou na sinagoga, e estava ali um homem que tinha uma das mãos mirrada. E estavam observando-o se curaria no sábado, para o acusarem. E disse ao homem que tinha a mão mirrada: Levanta-te e vem para o meio. E perguntou-lhes: É lícito no sábado fazer bem, ou fazer mal? salvar a vida, ou matar? E eles calaram-se. E, olhando para eles em redor com indignação, condoendo-se da dureza do seu coração, disse ao homem: Estende a tua mão. E ele a estendeu, e foi-lhe restituída a sua mão, sã como a outra.” (Marcos 3:1-5).

Portanto, Jesus curou o homem da mão mirrada numa sinagoga, que eram locais de adoração, oração e aprendizado da palavra de Deus.

As sinagogas eram uma espécie de casa que recebia as pessoas para cultuar a Deus. Provavelmente após o cativeiro elas se multiplicaram ainda mais, por causa de seu modelo simples e funcional, e evoluíram em estrutura, tornando-se muito populares.

As sinagogas são citadas em vários trechos da Bíblia:

“Indo (Jesus) para Nazaré, onde fora criado, entrou, num sábado, na sinagoga, segundo o seu costume, e levantou-se para ler.” (Lucas 4:16).

“Depois da leitura da lei e dos profetas, os chefes da sinagoga mandaram dizer-lhes: Irmãos, se tendes alguma palavra de exortação para o povo, dizei-a.” (Atos 13:15).

“E, navegando de Pafos, Paulo e seus companheiros dirigiram-se a Perge da Panfília. João, porém, apartando-se deles, voltou para Jerusalém. Mas eles, atravessando de Perge para a Antioquia da Pisídia, indo num sábado à sinagoga, assentaram-se.” (Atos 13:13,14).

Note que as sinagogas, no tempo citado nos versículos, eram parte do culto normal do povo. E, no início do cristianismo, as sinagogas serviram como locais de propagação da Palavra de Jesus.

7-   ONDE O ANTICRISTO SE ASSENTARÁ?
O apóstolo Paulo nos advertiu para que não sejamos enganados por ninguém quanto à volta de Cristo.
Paulo ensinou que a volta de Cristo será precedida de grande apostasia, e também da manifestação do anticristo, o homem do pecado, o filho da perdição (2 Tessalonicenses 2:3).

“O qual se opõe, e se levanta contra tudo o que se chama Deus, ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus.” (2 Tessalonicenses 2:4).

Paulo esclarece que o anticristo se oporá e se levantará contra tudo o que fizer referência a Deus e ao seu culto. E até pretenderá mesmo tomar o lugar de Deus assentando-se no próprio templo de Deus, fazendo-se passar por Deus mesmo. Porém, os desigrejados afirmam que não existe templo de Deus, e por isso jamais saberão explicar em qual templo de Deus o anticristo se assentará.

8-  DESASTEANDO AS BANDEIRAS DOS DESIGREJADOS
"Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; E desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas." (2 Timóteo 4:3,4).

Os desigrejados, destemplados, desprotocolados, os sem igreja, etc. negam a igreja como instituição, não reconhecem a autoridade do pastor sobre a igreja, pregam a proibição de reunir-se em templos, negam a aliança da santa ceia que é o sacerdócio da graça, e muitas outras tolices. Falando contra tudo e todos, contra igrejas e pastores, chamando os pastores de cães gulosos por causa de pedirem dízimos e receberem um ordenado.

Os desigrejados não lutam somente contra a reunião dos irmãos num templo. Na verdade os desigrejados não odeiam o templo, eles também não odeiam a instituição que requer líderes (pastores, presbíteros ou bispos). Por sua vez, a presença de líderes requer governo que requer sujeição e obediência, e é isto que os desigrejados odeiam. Vejamos algumas heresias pregadas pelos desigrejados:

A – NÃO HÁ LÍDERES NA IGREJA DE DEUS
“Lembrem-se dos seus líderes, que lhes falaram a palavra de Deus. Observem bem o resultado da vida que tiveram e imitem a sua fé.” (Hebreus 13:7).

A fé cristã não é uma anarquia, portanto tem que existir liderança e líderes. O próprio Cristo determinou a Pedro, e somente a ele, o pastoreio de suas ovelhas. O que não há na igreja de Deus é tirania.

A fé em Cristo não vem pelo estudar a Bíblia, mas pelo ouvir a palavra pela boca do homem de Deus: "Pois, quem é Paulo, e quem é Apolo, senão ministros PELOS QUAIS CRESTES ..." (1 Coríntios 3:5).

B – PASTORADO É UM DOM, E NÃO UM OFÍCIO.
“E, depois de terem jantado, disse Jesus a Simão Pedro: Simão, filho de Jonas, amas-me mais do que estes? E ele respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta os meus cordeiros.” (João 21:15)

Mas um engano maligno dos desigrejados. O pastorado (episcopado ou bispado) não é um dom, mas sim um ministério.

“Mas a cada um de nós foi dada a graça conforme a medida do dom de Cristo. Por isso diz: Quando ele subiu ao alto, levou cativo o cativeiro, deu dons aos homens. Ele deu uns como apóstolos, outros como profetas, outros como evangelistas, outros como pastores e mestres, tendo em vista o aperfeiçoamento dos santos para o trabalho do ministério, para a edificação do corpo de Cristo.” (Efésios 4:7,8,11,12)

Observem que a nós foi dada a graça a cada um, mas aos homens (do mundo e da igreja) Cristo deu dons. Estes dons dados a todos os homens são as pessoas que exercem os ministérios de liderança de sua igreja. Assim, apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres são dons de Cristo a humanidade. O pastorado é um ministério, mas o pastor é um dom de Cristo aos homens (à humanidade) cujo objetivo é preparar os santos para a obra do ministério, para que o corpo de Cristo seja edificado (Efésios 4:12). Não há edificação do corpo sem esses aos quais foi conferida a graça de preparar os santos até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da plenitude de Cristo. O propósito é que não sejamos mais como crianças, levados de um lado para outro pelas ondas, nem jogados para cá e para lá por todo vento de doutrina e pela astúcia e esperteza de homens que induzem ao erro (Efésios 4:13,14).

E Paulo ainda explica que o pastorado é uma obra, um ministério, e não um dom: “Esta é uma palavra fiel: se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja.” (1 Timóteo 3:1).

Mas ao contrário dos desigrejados que lutam para desgarrar as ovelhas da comunhão de suas igrejas locais e da liderança de seus pastores, Cristo tem grande compaixão de ovelhas desgarradas.

“E, vendo as multidões, teve grande compaixão delas, porque andavam cansadas e desgarradas, como ovelhas que não têm pastor. Então, disse aos seus discípulos: A seara é realmente grande, mas poucos os ceifeiros. Rogai, pois, ao Senhor da seara, que mande ceifeiros para a sua seara.” (Mateus 9:36-38).

C – PASTOR DEVE TRABALHAR DE GRAÇA.
Os desigrejados afirmam que o pastorado é um dom, e por isso o pastor não deve receber salário, uma vez que o dom foi recebido de graça, e deve ser exercido de graça. Ora, tudo que um homem possui é dom de Deus. A vida é dom de Deus. Mas, eu nem vou me alongar nisto porque a Bíblia é clara demais quanto a este assunto:

“Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada honra, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina; Porque diz a Escritura: Não ligarás a boca ao boi que debulha. E: Digno é o obreiro do seu salário. Não aceites acusação contra o presbítero, senão com duas ou três testemunhas.” (1 Timóteo 5:17-19).

Paulo reafirma o direito que o pastor tem de receber salário da Igreja, e ainda dá a entender que os outros apóstolos recebiam salários. No entanto, Paulo alega um satisfação pessoal em pregar sem receber salários.

“Só Barnabé e eu é que devemos trabalhar para ganhar o nosso sustento? Qual é o soldado no exército que paga as suas próprias despesas? Alguma vez já ouviram de um agricultor que depois da colheita não tenha o direito de comer dela? Qual o pastor que não tenha direito de beber do leite do seu rebanho? Nem o que eu estou aqui a dizer são meras considerações humanas. Trata-se daquilo que diz a própria lei de Deus. Porque na lei que Deus deu a Moisés está escrito: Não ponhas uma mordaça na boca de um boi para impedir que coma do trigo que está a trilhar. Acham vocês que Deus estava a pensar apenas nos bois quando disse isto? Não se referia também a nós? Com certeza que sim. Tal como aqueles que lavram a terra, e que debulham o trigo devem contar em receber parte da colheita, os obreiros cristãos devem ser pagos pelos crentes a quem servem. Nós plantamos a semente espiritual nas vossas almas. Será pois muito esperar em troca apoio material? Se já o fizeram a outros que têm pregado no vosso meio, não deveríamos nós também ter esse direito, ainda mais do que eles? E no entanto nunca o reclamamos, mas sempre suprimos nós próprios às nossas necessidades. E isto para não levantar qualquer obstáculo à ação do evangelho de Cristo no vosso meio. Vocês bem sabem, que Deus mandou que os que servissem no seu templo tomassem para seu próprio sustento parte dos produtos alimentares que eram trazidos como oferta? Igualmente os que se ocupavam do altar de Deus recebiam para si uma porção dos alimentos que ali eram oferecidos. Da mesma forma, o Senhor manda que aqueles que pregam as boas novas sejam mantidos pelos que o aceitam. E contudo nunca vos pedi fosse o que fosse. Nem tão pouco estou a escrever estas coisas para dar a entender que gostaria que se começasse agora a fazer assim comigo. A verdade é que preferiria morrer de fome do que perder a satisfação que me dá o fato de vos ter pregado sem nunca ter recebido nada vosso. Por pregar boas novas não me posso por isso vangloriar. É Deus quem me obriga a pregar. Ai de mim se não o fizer! Se eu estivesse a fazer isso de minha livre vontade, então receberia um salário. Mas é que foi Deus quem me impôs este dever. Sendo assim, qual será a minha paga? É o sentimento de profunda satisfação em anunciar as boas novas, sem encargos seja para quem for, sem reclamar aquilo que seria o meu direito.” (1 Coríntios 9:6-18).

D –   PASTOR NÃO É AUTORIDADE
“Cuidem de vocês mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo os colocou como bispos, para pastorearem a igreja de Deus, que ele comprou com o seu próprio sangue.” (Atos 20:28).

Foi o Espírito Santo quem constituiu pastores (bispos) SOBRE TODO O REBANHO para pastorearem a igreja de Deus. Logo, se rebelar ou não aceitar a liderança dos ministros constituídos por Espírito Santo é um pecado contra Deus.

Paulo afirma que um dos requisitos para ser um pastor é saber governar bem a sua casa, tendo seus filhos em sujeição com todo o respeito. Paulo coloca este requisito porque é função do pastor apascentar a igreja de Deus, tendo as ovelhas em sujeição com todo o respeito. E Paulo conclui: “Se um homem não sabe governar a sua casa, como cuidará da igreja de Deus?” (1 Timóteo 3:4,5).

Se pastor não é autoridade como afirmam os desigrejados, então porque razão a Bíblia nos admoesta a obedecê-los e a nos sujeitar a eles?

“Obedecei a vossos pastores, e sujeitai-vos a eles; porque velam por vossas almas, como aqueles que hão de dar conta delas; para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos seria útil.” (Hebreus 13:17).

De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz. (Filipenses 2:5-8).

Falta aos desigrejados este mesmo sentimento que houve em Jesus Cristo que mesmo sendo Deus não se apegou aos seus atributos divinos abrindo mão deles, e sendo reconhecido como servo, e como humano ficou menor do que os anjos. Este sentimento de humildade, de ser servo obediente e sujeito a Deus.

E – SÓ EXISTE UM PASTOR VERDADEIRO: JESUS CRISTO – TODOS OS OUTROS SÃO FALSOS PASTORES
Esta é mais uma rebeldia dos desigrejados contra o próprio Senhor que ordenou a Pedro que apascentasse as suas ovelhas.

O próprio Senhor deu pastores como dons aos homens. A Bíblia nos ordena não só a obedecer, mas também a ser submissos aos nossos pastores que sobre todo o rebanho o Espírito Santo os constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus (Atos 20:28).

A igreja de Deus não é uma anarquia. Jesus não veio para estabelecer um conceito sobre igreja a partir de um modelo anárquico, ou seja, algo que acontece a revelia de todos os padrões mínimos que caracterizam a formação e o estabelecimento de grupos sociais com objetivos comuns.

Pedro diz que Jesus é o SUMO PASTOR. Ora, o que seria o SUMO PASTOR senão o maioral dos pastores. E, quando aparecer o Sumo Pastor, alcançareis a incorruptível coroa da glória (1 Pedro 5:4). Ou somente porque há um sumo sacerdote em Israel, os demais sacerdotes tornaram-se falsos sacerdotes?

“Por isso, irmãos santos, participantes da vocação celestial, considerai a Jesus Cristo, apóstolo e sumo- sacerdote da nossa confissão.” (Hebreus 3:1).

Se Cristo é o único pastor, também é o único apóstolo e único sacerdote. No entanto, a Bíblia cita 16 apóstolos e afirma que todos nós somos sacerdotes.

“Ora, o Deus de paz, que pelo sangue da aliança eterna tornou a trazer dos mortos a nosso Senhor Jesus Cristo, grande pastor das ovelhas.” (Hebreus 13:20).

Jesus é o grande pastor das ovelhas que confiou suas ovelhas aos pequenos pastores, aos quais Ele prometeu que jamais estariam sós.

F – SÓ EXISTE UMA IGREJA SEM PLACA DENOMINACIONAL, SEM CNPJ E SEM DÍZIMO.
“Porque Deus não é Deus de confusão, senão de paz, como em todas as igrejas dos santos.” (1 Coríntios 14:33).

Quanto ao dízimo não quero me alongar porque é algo anterior à Lei como a circuncisão, não há condenação neotestamentária como há com a circuncisão, e está no âmbito da livre administração da igreja local. Usando o poder de ligar e desligar, a Igreja ligou o diaconato e tomou algumas decisões em Atos 15, e decidiu estabelecer como oferta um percentual da renda dos seus membros.  

Um grupo de pessoas pode se associar para cultuar a Deus nas casas. Mas, qualquer reunião de cristãos tem que ter por objetivo a salvação do perdido através da pregação do Evangelho. Assim, Deus dará o crescimento, e a partir daí este grupo precisará de um lugar maior para se reunir. Precisará também OBRIGATORIAMENTE de CNPJ, razão social (placa denominacional) e alvará dos bombeiros e da Prefeitura e de todos os documentos contábeis que a Lei exige. Dai a César o que é de César, e dai a Deus o que é de Deus.

O Código Civil em seu inciso IV artigo 44, estabelece que as organizações religiosas são pessoas jurídicas de direito privado, necessitando assim, obrigatoriamente seu registro no Cartório de Pessoa Jurídica. Ou seja, obrigatoriamente tem que ter CNPJ e razão social (placa denominacional).

Mas os desigrejados não possuem o mínimo entendimento do que é igreja. Pois, se espiritualmente pudessem discernir o que é a Igreja do Senhor, saberiam que todo o corpo de Cristo, para efetuar o crescimento dado por Deus, precisa obrigatoriamente ser provido e organizado pelas juntas e ligaduras (Colossenses 2:19). Mas, os desigrejados não aceitam a organização do corpo de Cristo e também negam as juntas e ligaduras que organizam e alimentam o corpo. Portanto, mostrarei que igreja é um ajuntamento regular, localizável e organizado:

Deus não habita nem em prédios de tijolo nem em corações de pedra. Então, cabe perguntar, o que é uma igreja? Bem, igreja, conforme a doutrina cristã é um ajuntamento regular, localizável e organizado. O próprio nome grego Eclésia (Assembleia) já demanda, por si só, estas características.

Assim, não é possível estabelecer um conceito sobre igreja a partir de um modelo anárquico, ou seja, algo que acontece a revelia de todos os padrões mínimos que caracterizam a formação e o estabelecimento de grupos sociais com objetivos comuns.

É impossível pensar em igreja sem regularidade, pois, se não há um propósito para o ajuntamento, o que existe é a informalidade do encontro e tal característica, dificilmente, viabiliza a perenidade de um grupo humano. O que faz com que laços se constituam e se mantenham é a regularidade do convívio, pois, como é possível a comunidade de fé ser um Corpo se cada membro tem sua própria agenda e, sendo assim, não prioriza o encontro que atende a objetivos comuns?

Também não é possível ser igreja sem que haja um lugar para o culto, o partir do pão, a adoração, a coleta para os necessitados, o serviço solidário, o exercício dos dons, as missões, o ensino e tantas outras características que vemos no livro dos Atos e nas epístolas.

A igreja é Universal, no sentido de sua constituição atemporal, não espacial e mística, como Corpo de Cristo e Família de Deus, mas ela também é local, no sentido de seu ajuntamento geográfico formal! Todas as comunidades neotestamentárias possuíam um lugar próprio de encontro e culto, mesmo que ele fosse uma casa, um salão, ou até mesmo o cemitério! As cartas do Apocalipse, enviadas pelo próprio Senhor, bem como as cartas de Paulo, foram endereçadas a igrejas localizáveis e não apenas aos errantes espalhados pelo mundo anunciando a Salvação.

A existência de um lugar promove não só o acolhimento, mas até mesmo o desenvolvimento das pessoas, com estruturas adequadas para as ministrações, para a comunhão e o serviço. Desconstruir isso é investir na impessoalização da fé, num mundo onde tudo já está impregnado pelo virtual e pelo individual.

Por último, a igreja é organizada, uma vez que existem pessoas exercendo funções específicas e serviços sendo ministrados: assistência aos pobres, ensino das Escrituras, preparação e envio de missionários, atendimentos pastorais, atividades ligadas à oração, a adoração, dentre outros tantos. Sem uma organização, mínima que seja, não é possível uma estrutura funcionar. Não há pecado em formalizar as coisas, o pecado está no culto que se faz à forma!

Portanto, você pode ser de Deus e ser discípulo de Jesus mesmo escolhendo não se ajuntar, mas é impossível imaginar que uma igreja se estabeleça como algo casual, que acontece a qualquer hora, em qualquer lugar, ou informal, que promove encontros descompromissados. Não devemos confundir a vida dos que estão na igreja com a igreja em si.

No encontro de dois ou três, sem agenda, espaço ou propósito fixo, Jesus se faz presente, se ele for buscado e, como sabemos, Deus não se prende a templos e aboliu toda a geografia que diz respeito ao sagrado, por isso nos reunimos para ter comunhão com os irmãos. Contudo, o encontro ocasional e fortuito, de maneira nenhuma, se constitui igreja e isso conforme o que nos está dito no livro dos Atos dos Apóstolos, nas Epístolas e no Apocalipse de João.

Assim, “Desigrejado”, para mim, não é o sujeito sem igreja, mas o que escolheu não ser igreja!

“Mas se alguém quiser fazer polêmica a esse respeito, nós não temos esse costume, nem as igrejas de Deus.” (1 Coríntios 11:16).

9-   AS RAZÕES DE ESTEVÃO
Estêvão declarou enfaticamente que o Altíssimo não pode ser limitado a estruturas construídas pelo homem, porque Ele enche o mundo inteiro, e não existe um tipo de casa que possa contê-lo.
Estêvão fôra acusado de blasfemar contra Deus por rejeitar o Templo. Sua resposta foi que a história de Israel provou por si mesma que o Templo era apenas uma instituição temporária e não era essencial para a verdadeira adoração a Deus. No entanto, nem Estevão e nem nenhum apóstolo ensinou que os cristãos não devam erguer construções onde os crentes possam estar juntos e ter tudo em comum, e onde possam perseverar na doutrina dos apóstolos, e manter comunhão com os irmãos no partir do pão, e nas orações (Atos 2:42,44).

“Olhemos uns pelos outros para estímulo à caridade e às boas obras. Não abandonemos a nossa assembleia, como é costume de alguns, mas admoestemo-nos mutuamente, e tanto mais quando vedes aproximar-se o Grande Dia. Depois de termos recebido e conhecido a verdade, se a abandonarmos voluntariamente, já não haverá sacrifício para expiar este pecado. Só teremos que esperar um juízo tremendo e o fogo ardente que há de devorar os rebeldes.” (Hebreus 10:24-27).

Oséias Graça Tavares

O DÍZIMO DO VELHO TESTAMENTO E A OFERTA DO NOVO TESTAMENTO

Brian Anderson

Introdução
A idéia de que todo crente é obrigado a dizimar (dar 10% da sua renda para a obra do Senhor) é largamente difundida nas igrejas evangélicas de hoje.  Já bem cedo na vida espiritual, praticamente todo crente é ensinado que tem que dizimar. Algumas igrejas crêem tão fortemente em dizimar que seus membros regularmente recitam o Credo do Dízimista "O dízimo é do Senhor. Em a verdade, o aprendemos. Em a fé, o cremos. Em a alegria, o damos. O dízimo!" Outros [muitos] pregadores têm clamado que qualquer crente que não dá o dízimo para o trabalho do Senhor está roubando Deus e está sob maldição, de acordo com Malaquias 3.8-10.

Neste livrinho, examinaremos o que a [própria] Bíblia ensina sobre o assunto do dízimo, sendo nosso propósito entendermos [somente pela Bíblia] qual a [real] relevância que o dízimo tem para os crentes no Senhor Jesus Cristo, vivendo sob o Novo Pacto. Faremos isto examinando o que a [própria] Bíblia tem a dizer sobre o dízimo: 1) antes da Lei ser dada; 2) sob a Lei Mosaica; 3) nas Escrituras do Novo Testamento.

1 - O dízimo, antes da Lei
Há duas passagens Bíblicas que falam de um dízimo sendo dado antes que a Lei fosse instituída no Sinai. As passagens envolvem Abraão e Jacó, dois dos patriarcas de Israel.

Gênesis 14.17-20: "E o rei de Sodoma saiu-lhe ao encontro (depois que voltou de ferir a Quedorlaomer e aos reis que estavam com ele) até ao Vale de Savé, que é o vale do rei. E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; e era este sacerdote do Deus Altíssimo. E abençoou-o, e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra; E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos. E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo. [Todas as citações são da Almeida Corrigida Fiel]"
Nesta passagem, somos ditos que Abraão deu um dízimo a Melquisedeque, presumivelmente como uma expressão de gratidão a Deus por capacitar-lhe e conceder-lhe resgatar seu sobrinho Ló, que tinha sido levado cativo. Aqueles que crêem que o dízimo é mandatório para os crentes do Novo Testamento argumentam que, uma vez que o dízimo foi praticado antes que a Lei Mosaica fosse dada, ele forçosamente também tem que ser praticado depois da Lei Mosaica (que tem sido feita obsoleta pelo estabelecimento do Novo Pacto, através do sacrifício de Cristo) (Hb 8.13). No entanto, antes que cheguemos a qualquer decisão dura e apressada, olhemos de mais perto o texto [acima] e façamos algumas observações pertinentes.

- Não há nenhuma evidência neste texto de que dizimar foi ordenado por Deus. De fato, tudo no texto nos leva a crer que dar o dízimo foi, completamente, uma decisão e [livre] escolha de Abraão. Como tal, foi completamente voluntária. Como veremos pouco depois em nosso estudo, o dízimo, na Lei, de modo algum era voluntário, mas sim obrigatório a todo o povo de Deus.
- Ademais, este é o único dízimo que as Escrituras mencionam que Abraão deu [em toda a sua vida]. Não temos nenhuma evidência de que dizimar era sua prática geral [habitual, constante].
- Ainda mais, este dízimo proveio do despojo da vitória que Abraão adquiriu por poderio militar. Como notaremos depois em nosso estudo, o dízimo exigido sob a Lei Mosaica era sobre o lucro da colheita, dos frutos e dos rebanhos, e para ser dado em uma base anual não o despojo de uma vitória militar!

Gênesis 28.20-22: E Jacó fez um voto, dizendo: Se Deus for comigo, e me guardar nesta viagem que faço, e me der pão para comer, e vestes para vestir; E eu em paz tornar à casa de meu pai, o SENHOR me será por Deus; E esta pedra que tenho posto por coluna será casa de Deus; e de tudo quanto me deres, certamente te darei o dízimo.
Jacó, nesta passagem, está fazendo um voto em resposta a uma visitação que recebeu de Deus, em um sonho. Neste sonho, Jacó viu uma escada alcançando o céu, com os anjos de Deus subindo e descendo por ela. No sonho, Deus estava de pé, acima da escada, e disse a Jacó "... Eu sou o SENHOR Deus de Abraão teu pai, e o Deus de Isaque; esta terra, em que estás deitado, darei a ti e à tua descendência; E a tua descendência será como o pó da terra, e estender-se-á ao ocidente, e ao oriente, e ao norte, e ao sul, e em ti e na tua descendência serão benditas todas as famílias da terra; E eis que estou contigo, e te guardarei por onde quer que fores, e te farei tornar a esta terra; porque não te deixarei, até que haja cumprido o que te tenho falado."  (Gn 28.13-15). Em resposta, Jacó fez o voto que, se Deus guardasse Sua promessa, ele, por sua vez, daria a Deus um dízimo. Novamente, em semelhança ao exemplo de Abraão, parece que este dízimo foi voluntário da parte de Jacó. Se ele de fato começou a dizimar [a Bíblia não o registra] depois que Deus cumpriu a promessa que lhe fez, Jacó ainda adiou o dizimar por 20 anos! [até depois da volta a Canaã.]

Estes dois são os únicos exemplos de dizimar que podem ser encontrados no Velho Testamento antes da Lei ser dada. Ambos são exemplos de algo voluntário, e nenhum desses dois dizimar foi pedido por Deus. Em nenhum dos personagens [Abraão e Jacó, que deram estes dois dízimos,] vemos um exemplo de dizimar como uma prática geral [habitual, constante] das suas vida. De fato, na vida de Abraão, parece que temos um dízimo como algo que ele só deu uma única vez em sua vida, e foi [um dízimo] dos despojos de uma vitória militar, dado a um sacerdote de Deus. Se nossa única evidência para obrigar crentes sob o Novo Pacto a dizimarem se apóia nestas duas passagens de Gênesis, parece-me que estamos nos apoiando em um fundamento muitíssimo inseguro!

2 - Dizimando, sob a Lei Mosaica
Que ensina a Bíblia sobre o dízimo sob a Lei Mosaica? Nesta seção do nosso estudo, examinaremos todas as passagens significantes que descrevam o dízimo sob a Lei, nas Escrituras.

Levítico 27.30-33: "Também todas as dízimas do campo, da semente do campo, do fruto das árvores, são do SENHOR; santas são ao SENHOR. Porém, se alguém das suas dízimas resgatar alguma coisa, acrescentará a sua quinta parte sobre ela. No tocante a todas as dízimas do gado e do rebanho, tudo o que passar debaixo da vara, o dízimo será santo ao SENHOR. Não se investigará entre o bom e o mau, nem o trocará; mas, se de alguma maneira o trocar, tanto um como o outro será santo; não serão resgatados."
Note que, nesta passagem, o dízimo é descrito como sendo parte do produto da terra, da semente do campo, do fruto das árvores, do gado, e do rebanho. O dízimo não era o dar dinheiro. Em local algum das Escrituras você encontrará que dizimar era o dar dinheiro para Deus. Ademais, o dízimo era provavelmente dado em uma base anual. Cada ano, depois que a terra tinha sido colhida, as pessoas traziam para os sacerdotes as décimas partes de suas colheitas e do aumento na manada e no rebanho. Daí, penso que podemos imediatamente ver que nossa contribuição semanal (ou mensal) de dez por cento de nossa renda monetária difere muito da prática do dízimo que encontramos na Bíblia.

Números 18.21-24 ["O Dízimo para os Levitas"]: E eis que aos filhos de Levi tenho dado todos os dízimos em Israel por herança, pelo ministério que executam, o ministério da tenda da congregação. E nunca mais os filhos de Israel se chegarão à tenda da congregação, para que não levem sobre si o pecado e morram. Mas os levitas executarão o ministério da tenda da congregação, e eles levarão sobre si a sua iniqüidade; pelas vossas gerações estatuto perpétuo será; e no meio dos filhos de Israel nenhuma herança terão, Porque os dízimos dos filhos de Israel, que oferecerem ao SENHOR em oferta alçada, tenho dado por herança aos levitas; porquanto eu lhes disse: No meio dos filhos de Israel nenhuma herança terão.
Note, neste texto, que o dízimo foi planejado para ser o sustento dos levitas. Uma vez que estes não tinham nenhuma herança [terra para atividade agro-pastoril] na Terra Prometida, tal como a tinham as outras tribos, Deus fez provisão para o sustento deles através do dízimo das outras famílias de Israel. De fato, em Números 18.31 somos ditos "E o comereis em todo o lugar, vós e as vossas famílias, porque vosso galardão é pelo vosso ministério na tenda da congregação." O dízimo foi o pagamento- recompensa que Deus supriu para os levitas, pelos seus serviços sacerdotais. Isto é similar ao sustento que os funcionários do governo recebem hoje no nosso país, através dos impostos e taxas pagos pelo trabalhador comum.

Deuteronômio 14.22-27 ["O Dízimo para o Festival"]: Certamente darás os dízimos de todo o fruto da tua semente, que cada ano se recolher do campo. E, perante o SENHOR teu Deus, no lugar que escolher para ali fazer habitar o seu nome, comerás os dízimos do teu grão, do teu mosto e do teu azeite, e os primogênitos das tuas vacas e das tuas ovelhas; para que aprendas a temer ao SENHOR teu Deus todos os dias. E quando o caminho te for tão comprido que os não possas levar, por estar longe de ti o lugar que escolher o SENHOR teu Deus para ali pôr o seu nome, quando o SENHOR teu Deus te tiver abençoado; Então vende-os, e ata o dinheiro na tua mão, e vai ao lugar que escolher o SENHOR teu Deus; E aquele dinheiro darás por tudo o que deseja a tua alma, por vacas, e por ovelhas, e por vinho, e por bebida forte, e por tudo o que te pedir a tua alma; come-o ali perante o SENHOR teu Deus, e alegra-te, tu e a tua casa; Porém não desampararás o levita que está dentro das tuas portas; pois não tem parte nem herança contigo.
Este texto fala de um dízimo sendo usado para prover para as festas e festivais religiosos de Israel. Números 18.21 nos diz que Deus deu todo o dízimo em Israel para ser a herança para os Levitas. Se todo o dízimo foi dado aos Levitas, então como é que este dízimo (em Dt 14) é dito para ser usado para as festas e festivais religiosos de Israel? A resposta tem que ser que este é um segundo dízimo. O primeiro era usado para o sustento dos Levitas e o segundo para prover para os festivais religiosos, tanto assim que chegou a ser referido como "O Dízimo para o Festival". O povo de Israel devia usar este dízimo para comer na presença do Senhor, em Jerusalém (o local que Ele escolheu para estabelecer seu nome). Se fosse demasiadamente incômodo para as pessoas de longe trazerem seus dízimos todo o caminho até Jerusalém, seria permitido que elas o vendessem e trouxessem o dinheiro [apurado] até Jerusalém, onde poderiam comprar aquilo de necessidade para os festivais. Deus expressamente encoraja as pessoas a gastarem o dinheiro deles em "tudo o que deseja a tua alma," incluindo bebida forte! O propósito era que o povo de Israel pudesse aprender [ambas as coisas:] a temer o Senhor e a regozijar ante Ele. Note que ter um sentimento de temor do Senhor, e regozijar ante Ele, não são mutuamente exclusivos, mas, na realidade, são complementares, deveriam acompanhar um ao outro! Este "Dízimo Para o Festival" tornou possível ao povo de Israel ter toda a comida e bebida necessárias para que pudesse usufruir gozosamente das festas religiosas de Israel, e adorar ante o Senhor.

Deuteronômio 14.28-29 ["O Dízimo para os Pobres"]: Ao fim de três anos tirarás todos os dízimos da tua colheita no mesmo ano, e os recolherás dentro das tuas portas; Então virá o levita (pois nem parte nem herança tem contigo), e o estrangeiro, e o órfão, e a viúva, que estão dentro das tuas portas, e comerão, e fartar-se-ão; para que o SENHOR teu Deus te abençoe em toda a obra que as tuas mãos fizerem.
Aqui, somos ensinados a respeito de um terceiro dízimo que é coletado a cada terceiro ano. Os comentaristas Bíblicos estão divididos quanto a se este é realmente um terceiro dízimo, em separado, ou apenas é o segundo dízimo usado de um modo diferente, no terceiro ano. O historiador judeu Flávio Josephus apóia o ponto de vista de que este foi um terceiro dízimo, em separado. Outros antigos comentaristas judeus têm escrito em apoio a que é [apenas] o segundo [tipo de] dízimo que, a cada três anos, era coletado e usado com outro fim. É impossível se determinar com absoluta certeza quem está certo. De qualquer modo, o povo judeu tinha sido ordenado a dar pelo menos [10 + 10  =] 20 por cento das suas colheitas e rebanhos, e talvez tanto quanto  [10 + 10 + 10/3] = 23.3 por cento! Este dízimo particular bem poderia ser chamado "O Dízimo para os Pobres". Não devia ser ajuntado em Jerusalém, mas nas aldeias. As pessoas de cada aldeia deviam trazer uma décima parte de suas colheitas e rebanhos e ajuntar tudo, para prover para os pobres da aldeia, incluindo os estrangeiros, os órfãos, e as viúvas.
Em muitos aspectos, parece que o dízimo exigido sob a Lei é hoje similar à taxação que o governo impõe sobre nós. Israel era governado por uma teocracia. Sob ela, o povo era responsável por prover para os trabalhadores do governo (os sacerdotes e os levitas em geral), para os dias santificados (festas de alegria ao Senhor), e para os pobres (estrangeiros, viúvas e órfãos).

Neemias 12.44: Também no mesmo dia se nomearam homens sobre as câmaras, dos tesouros, das ofertas alçadas, das primícias, dos dízimos, para ajuntarem nelas, dos campos das cidades, as partes da lei para os sacerdotes e para os levitas; porque Judá estava alegre por causa dos sacerdotes e dos levitas que assistiam ali. Note que o texto diz que os dízimos eram exigências "da Lei". Estes dízimos não eram voluntários como o foi nas vidas de Abraão e Jacó. Similarmente, lemos em Hebreus 7.5 "E os que dentre os filhos de Levi recebem o sacerdócio têm ordem, segundo a lei, de tomar o dízimo do povo, isto é, de seus irmãos, ainda que tenham saído dos lombos de Abraão." [Indiscutivelmente] o dízimo nunca foi voluntário, sob a Lei de Moisés. Note, aqui, que, nos dias de Neemias, homens eram indicados para ajuntarem as ofertas e os dízimos em câmaras designadas para aquele propósito particular. Estas câmaras eram para os bens armazenados, e depois se tornaram conhecidas como "casas do tesouro". Isto se tornará importante quando olharmos para o nosso próximo texto, em Malaquias 3.

Malaquias 3.8-12: Roubará o homem a Deus? Todavia vós me roubais, e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas. Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais, sim, toda esta nação. Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim nisto, diz o SENHOR dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós uma bênção tal até que não haja lugar suficiente para a recolherdes. E por causa de vós repreenderei o devorador, e ele não destruirá os frutos da vossa terra; e a vossa vide no campo não será estéril, diz o SENHOR dos Exércitos. E todas as nações vos chamarão bem-aventurados; porque vós sereis uma terra deleitosa, diz o SENHOR dos Exércitos.

Examinemos esta passagem verso por verso, para que dela possamos extrair algumas importantes verdades:
3.8 Este verso nos diz que quando um homem retém seus dízimos ele está roubando, na realidade, a Deus. Isto porque ele está retendo algo que não lhe pertence, antes é propriedade de Deus. Sob o Velho Pacto, o dízimo era mandatório, portanto retê-lo era se tornar um ladrão. Note também que Deus diz que o povo o estava roubando Nos dízimos. Ele não disse no "dízimo", mas sim nos "dízimoS" (plural). Estes "dízimos" têm que se referir aos diferentes dízimos requeridos do povo de Deus (o Dízimo para o Levita, o Dízimo para as Festas ao Senhor, e o Dízimo para os Pobres). Adicionalmente, observe que Deus não está condenando o reter apenas dos dízimos, mas também das ofertas. Estas, sem dúvida, referem-se às ofertas especificadas em Levíticos 1-5, tais como a oferta queimada [holocausto], a oferta dos manjares, a oferta de paz, a oferta pelos pecados, e a oferta pelas culpas. Todas estas ofertas eram constituídas, principalmente, de sacrifícios de animais. O suprimento de comida e mantimento para os Levitas era provido, em grande parte, através destes sacrifícios de animais, dos quais os Levitas eram permitidos participar [comendo-os], em certos casos. Uma importante pergunta emerge a este ponto. Por que é que reconhecemos que o sacrifício de animais não é coisa para o Novo Pacto, mas dizemos que o dízimo o é? Se estivéssemos sob a obrigação de pagar dízimos hoje, então, certamente, ainda estaríamos obrigados a oferecer sacrifícios de animais. Deus amarrou um ao outro (os dízimos e os sacrifícios), e disse que Seu povo O estava roubando por reter a ambos. Não podemos decidir "pegar e escolher" qual dos dois ofereceremos a Deus, hoje. Das duas uma: [a] estamos sob a obrigação de oferecer ambos, tanto dízimos como ofertas de animais (sacrifícios), ou [b] ambos [dízimo e sacrifício] têm sido abolidos pela ab-rogação da Lei Mosaica.

3.9 Aqui somos ditos que, como o povo de Israel estava retendo os dízimos e ofertas, conseqüentemente estava amaldiçoado com uma maldição. Note que o verso não diz "Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais, sim, toda a humanidade." Ao contrário, diz "Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais, sim, toda esta nação."
Se dizimar fosse um mandamento moral e eterno para todos os povos de todos os tempos, então todos estes estariam sob maldição. Mas o texto somente diz que é toda nação de Israel que estava sob a maldição. Agora, o que é interessante sobre esta "maldição" é que, em Deuteronômio 28, somos ditos que se Israel, sob a Lei Judaica, desobedecesse aos mandamentos de Deus, então a nação seria amaldiçoada. Note os seguintes textos: Deuteronômio 28.18 "Maldito o fruto do teu ventre, e o fruto da tua terra, e as crias das tuas vacas, e das tuas ovelhas. 23 E os teus céus, que estão sobre a cabeça, serão de bronze; e a terra que está debaixo de ti, será de ferro. 24 O SENHOR dará por chuva sobre a tua terra, pó e poeira; dos céus descerá sobre ti, até que pereças. 38 Lançarás muita semente ao campo; porém colherás pouco, porque o gafanhoto a consumirá. 39 Plantarás vinhas, e cultivarás; porém não beberás vinho, nem colherás as uvas; porque o bicho as colherá. 40 Em todos os termos terás oliveiras; porém não te ungirás com azeite; porque a azeitona cairá da tua oliveira. E todas estas maldições virão sobre ti, e te perseguirão, e te alcançarão, até que sejas destruído; porquanto não ouviste à voz do SENHOR teu Deus, para guardares os seus mandamentos, e os seus estatutos, que te tem ordenado;" (Dt 28.18, 23-24, 38-40, 45). Nestes versos, Deus adverte que, se o Seu povo desobedecesse A Seus mandamentos e estatutos, então as ceifas dele falhariam, as chuvas não viriam, as colheitas seriam pequenas, a locusta [tipo de grilos ou gafanhotos] consumiria a comida, e o fruto das árvores falharia.

3.10 Nesta passagem, Deus fala da "casa do tesouro". Com base em (Neemias 12.44), sabemos que isto se refere às câmaras no Templo, postas à parte e designadas para guardar os dízimos dados pelo povo para o sustento dos sacerdotes [e a todos os demais levitas]. Não existe sequer um fiapo de evidência de que devemos associar estas "casas do tesouro" aos prédios das igrejas para os quais os crentes do Novo Pacto devem trazer seus dinheiros. Ademais, a razão pela qual Israel devia trazer todos os dízimos para dentro da casa do tesouro era que houvesse [bastante] alimento na casa de Deus. Deus estava interessado em que os levitas tivessem comida para comer. Este era o propósito daqueles dízimos que eram trazidos para o Templo de Deus. Somos ditos, também, que se o povo de Deus fosse fiel em trazer seus dízimos para a casa do tesouro, Deus abriria as janelas do céu e derramaria para eles uma bênção até que transbordasse. Isto sem dúvidas refere-se à promessa de Deus de trazer abundantes chuvas para produzir a bênção de uma transbordante ceifa.

3.11 Neste verso, Deus promete que se Israel trouxer os dízimoS [e as ofertaS], Ele repreenderá o devorador para que não destrua o fruto da terra. Sem dúvidas, o "devorador" é uma referência às locustas que Deus adverte que virão sobre os campos de Israel se o povo falhar em trazer o dízimo (Dt 28.38; vide acima).

3.12 Neste verso, Deus graciosamente promete que, se Israel for obediente no dar os seus dízimoS e ofertaS, todas as nações a chamarão abençoada. É interessante que Deus não apenas advertiu Israel de que seria amaldiçoada se desobedecesse a Lei Mosaica, mas também prometeu que seria abençoada se a obedecesse. Note estes textos, "E será que, se ouvires a voz do SENHOR teu Deus, tendo cuidado de guardar todos os seus mandamentos que eu hoje te ordeno, o SENHOR teu Deus te exaltará sobre todas as nações da terra. E todas estas bênçãos virão sobre ti e te alcançarão, quando ouvires a voz do SENHOR teu Deus; (Dt 28.1-2). 4 Bendito o fruto do teu ventre, e o fruto da tua terra, e o fruto dos teus animais; e as crias das tuas vacas e das tuas ovelhas. 8 O SENHOR mandará que a bênção [esteja] contigo nos teus celeiros, e em tudo o que puseres a tua mão; e te abençoará na terra que te der o SENHOR teu Deus. 11 E o SENHOR te dará abundância de bens no fruto do teu ventre, e no fruto dos teus animais, e no fruto do teu solo, sobre a terra que o SENHOR jurou a teus pais te dar. 12 O SENHOR te abrirá o seu bom tesouro, o céu, para dar chuva à tua terra no seu tempo, e para abençoar toda a obra das tuas mãos; e emprestarás a muitas nações, porém tu não tomarás emprestado." (Dt 28.1-2,4,8,11-12). Aqui, Deus prometeu abençoar Israel materialmente, se ela fosse obediente. A promessa inclui abundantes colheitas, copiosas chuvas, e grandes aumentos nas manadas e nos rebanhos. Portanto, é minha convicção que as bênçãos e maldições escritas em Malaquias 3.8-12 referem-se às bênçãos materiais que Deus prometeu a Israel, se ela obedecesse seus mandamentos e estatutos. Dizimar foi um destes mandamentos.
. Portanto, que podemos concluir sobre o dízimo, sob a Lei Mosaica? Penso que, com segurança, podemos concluir que o dízimo não tinha nada a ver com o dar dinheiro regularmente, numa base semanal ou mensal, mas, ao contrário, tinha a ver com a adoração a Deus conforme ordenada no tempo do Velho Pacto. O mandamento para dizimar, tal como os mandamentos para não comer camarão nem ostras, tornou-se obsoleto e foi colocado de lado, pela inauguração do Novo Pacto, na morte de Cristo. O dízimo foi o sistema de impostos e taxas ordenado por Deus sob o sistema teocrático do Velho Testamento.

Se alguém deseja dizimar realmente [literalmente] de acordo com as Escrituras, teria que fazer o seguinte:
1°. Deixar seu trabalho e comprar uma terrinha, de modo que possa criar seu gado e plantar e colher [grãos, verduras e frutas].
2°. Encontrar algum descendente de Leví, para sustentá-lo [e este a um descendente do levita Arão (que realmente seja sacerdote, no Templo, em Jerusalém)].
3°. Usar suas colheitas para observar as festas religiosas do Velho Testamento (tais como Páscoa, Pães Asmos, Pentecostes, Tabernáculos) [quando, como e onde Deus ordenou. Literalmente];
4°. Começar por dar pelo menos 20 por cento de todas as suas colheitas e rebanhos a Deus; e
5°. Esperar que [com toda certeza] Deus amaldiçoe sua nação [em oposição ao próprio crente] com [grande] insuficiência material, se ela for infiel, ou a abençoe com [grande] abundância material, se for fiel.
. Penso que todos nós concluiríamos que isto é completamente absurdo! Todos reconhecemos que Cristo tem abolido o sacerdócio levítico, os sacrifícios de animais, e as festas religiosas, em Cristo. Bem, se isto é verdade, por que estamos tentando segurar [i.é  manter] o dízimo, que foi parte e parcela de todas essas ordenanças do Velho Testamento?

3 - Dizimando, no Novo Testamento
A coisa mais interessante sobre o conceito de dizimar, debaixo do Novo Testamento, é que é quase que virtualmente ausente.    No NT há [somente] quatro diferentes passagens que fazem alguma menção ao dízimo. [Examinemo-las.]

Mateus 23.23: "Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas."
Esta passagem em Mateus é também repetida de uma forma similar em Lc 11.42. Em ambos os casos é importante notar que o dízimo tinha a ver com ervas que serviam de condimentos e eram cultivadas no quintal (o produto do campo), ao invés de ter a ver com dinheiro. Adicionalmente, Jesus falou estas palavras aos fariseus, que eram muito religiosos e guardadores da Lei, e o fez enquanto a Lei ainda estava em vigor. Dizer que, uma vez que Jesus falou a estes fariseus que deviam dizimar, isto força que também nós devemos dizimar, ignora o fato que aqueles fariseus viviam sob pacto e leis diferentes daqueles de um salvo do Novo Testamento. Cristo, através da sua morte, inaugurou o Novo Pacto, assim efetivando uma mudança na Lei cf. (Lc 22.20; Hb 7.12) [Semelhantemente, tomou o cálice, depois da ceia, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue, que é derramado por vós. (Lucas 22.20) Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da lei. (Hebreus 7.12)]. Finalmente, notemos que o dízimo aqui mencionado não foi voluntário em nenhum sentido da palavra. Jesus lhes diz que "deveis" [tendes o dever de] dizimar. [O dízimo] era mandamento, ordem para todos os judeus e, assim, era obrigatório.

Lucas 18.12: "Jejuo duas vezes na semana, e dou os dízimos de tudo quanto possuo."
Jesus, nesta passagem, está ensinando a parábola acerca do fariseu e do cobrador de impostos. Cristo põe estas palavras na boca do fariseu que se via a si mesmo como justo: "dou os dízimos de tudo quanto possuo." Cristo está enfatizando [não o dever do crente neo-testamentário pagar o dízimo mosaico aos levitas] mas, que o homem se vê a si mesmo como justo, confia em suas obras para ser aceitável ante Deus, todavia, a despeito do melhor que faça, não é justificado ao olhos de Deus. Repetimos: Cristo está falando acerca de um fariseu que dá o dízimo, ao tempo em que vivia sob a Lei Mosaica, não de um crente [da Dispensação da Igreja] dizimando sob o Novo Pacto.

Hebreus 7.1-10: "Porque este Melquisedeque, que era rei de Salém, sacerdote do Deus Altíssimo, e que saiu ao encontro de Abraão quando ele regressava da matança dos reis, e o abençoou; A quem também Abraão deu o dízimo de tudo, e primeiramente é, por interpretação, rei de justiça, e depois também rei de Salém, que é rei de paz; Sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de vida, mas sendo feito semelhante ao Filho de Deus, permanece sacerdote para sempre. Considerai, pois, quão grande era este, a quem até o patriarca Abraão deu os dízimos dos despojos. E os que dentre os filhos de Levi recebem o sacerdócio têm ordem, segundo a lei, de tomar o dízimo do povo, isto é, de seus irmãos, ainda que tenham saído dos lombos de Abraão. Mas aquele, cuja genealogia não é contada entre eles, tomou dízimos de Abraão, e abençoou o que tinha as promessas. Ora, sem contradição alguma, o menor é abençoado pelo maior. E aqui certamente tomam dízimos homens que morrem; ali, porém, aquele de quem se testifica que vive. E, por assim dizer, por meio de Abraão, até Levi, que recebe dízimos, pagou dízimos. Porque ainda ele estava nos lombos de seu pai quando Melquisedeque lhe saiu ao encontro."
Nesta longa passagem, o objetivo do autor é mostrar a superioridade do sacerdócio de Cristo sobre o sacerdócio levítico e, portanto, exortar seus leitores para não retornarem às suas formas judaicas de adorar, repletas com seus sacerdócio, Templo e sacrifícios. O autor menciona o relato de Abraão pagando dízimos a Melquisedeque, [somente para o autor] mostrar que, desde que Levi estava nos lombos do patriarca Abraão, na realidade Levi pagou dízimos a Melquisedeque e foi abençoado por ele. Uma vez que é óbvio que o menor é sempre abençoado pelo maior, Melquisedeque e seu sacerdócio são maiores que os levitas e o sacerdócio deles. Aqui, o autor de Hebreus não está mais que reafirmando o fato que Abraão pagou dízimos a Melquisedeque, um fato que já temos analisado [acima]. Esta passagem não está exortando os crentes [neo testamentários] a darem [o dízimo] como Abraão o fez [mesmo que só do despojo de guerra e só uma vez na vida]. Ao contrário, está instruindo os crentes a perceberem a excelência de Cristo, o qual ministra como um sacerdote muitíssimo superior aos levitas. Portanto, esta passagem não pode ser usada para forçar o dízimo sobre os cristãos. Simplesmente, ela não foi escrita para tratar deste assunto. Ela não tem nada a ver com cristãos ofertando das suas rendas para Deus e sua obra, mas, ao contrário, tem tudo a ver com a superioridade de Cristo.
. Bem, aí você tem a totalidade do ensino do Novo Testamento sobre o dízimo. Não há nem sequer uma, uma só palavra em todo o Novo Testamento que ordene ou mesmo sugira que se espera que crentes, dentro do Novo Pacto, dizimem. Mas, enquanto o Novo Testamento fica em total silêncio sobre o dever dos cristãos dizimarem, não o fica sobre o assunto de ofertar, sobre isto o NT fala muito e muito alto.

O Novo Testamento nunca estipula um certo valor percentual como um padrão obrigatório e exigido para nossas contribuições. Ao contrário, as Escrituras declaram: "Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria." (2Co 9.7). O dízimo do Velho Testamento foi exigência legal.   Os judeus estavam sob obrigação de dá-lo. O ensino do Novo Testamento sobre o contribuir focaliza o seu caráter voluntário "Porque, segundo o seu poder (o que eu mesmo testifico) e ainda acima do seu poder, deram voluntariamente." (2Co 8.3). Esta contribuição voluntária é exatamente o que Abraão e Jacó estavam praticando antes da instituição da Lei, e é o que todos os cristãos devem estar praticando hoje. Os crentes de hoje têm a liberdade de ofertar tanto quanto decidam. Se quiserem dar dez por cento como Abraão e Jacó o fizeram [já vimos a ocasião e através de quem o fizeram], eles estão perfeitamente livres para tal. No entanto, se decidirem dar 9 por cento ou 11 por cento ou 20 por cento ou 50 por cento, então podem muito bem fazê-lo. O padrão de suas contribuições não é uma percentagem fixa, mas o exemplo de um maravilhoso Salvador "Porque já sabeis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo que, sendo rico, por amor de vós se fez pobre; para que pela sua pobreza enriquecêsseis." (2Co 8.9). Nosso [exemplo] padrão de contribuir é o próprio Cristo, o qual não deu 10 por cento nem 20 por cento nem mesmo 50 por cento, mas 100 por cento! Ele deu tudo que tinha inclusive sua própria vida, para redimir homens e mulheres pecadores como eu e como você! Algumas vezes aqueles que são ricos sentem que, se pagarem apenas seus dez por cento, Deus estará alegre com eles. No entanto, um rico que dá [apenas] dez por cento de seus rendimentos pode na verdade desagradar a Deus, se estiver vivendo uma vida de luxo extravagante enquanto dá [talvez mesmo de má vontade] uma mera "ração de fome" para a obra de Deus e para as necessidades dos outros. A vontade de Deus em relação a este homem pode ser que oferte de 50 a 80 por cento de seus rendimentos, ao invés de 10 por cento. Cada pessoa deve buscar a Deus sobre o [quanto e o] como ela deve ofertar.

Ademais, aqueles que são pobres não devem se sentir culpados se não forem capazes de dar dez por cento de seus rendimentos. É verdade que Deus honrará o homem que dá sacrificialmente, mas se uma pessoa decide que não pode dar dez por cento dos seus rendimentos e ainda assim satisfazer as necessidades mais básicas [suas e de sua família], nós temos que permiti-lo aquela liberdade, sem julgá-lo. Afinal, em lugar nenhum Deus falou aos cristãos que é dever deles dar qualquer percentagem fixa. Que o efeito deste estudo seja libertar-nos dos grilhões das tradições dos homens que não possam ser substanciadas pela Palavra de Deus (Mc 7.7-13) [... 7 Em vão, porém, me honram, Ensinando doutrinas que são mandamentos de homens. 8 Porque, deixando o mandamento de Deus, retendes a tradição dos homens; como o lavar dos jarros e dos copos; ... 9 E dizia-lhes: Bem invalidais o mandamento de Deus para guardardes a vossa tradição. ... 13 Invalidando assim a palavra de Deus pela vossa tradição, que vós ordenastes. ...]. Olhai para Jesus como o padrão e exemplo do vosso contribuir. Procurai a Deus diligentemente, sede generosos e prontos a compartilhar, para que entesoureis para vós mesmos o tesouro de uma boa fundação para o futuro, de modo que alcanceis aquela que é a verdadeira vida! (1Tm 6.18-19) “Que façam bem, enriqueçam em boas obras, repartam de boa mente, e sejam comunicáveis; 19 Que entesourem para si mesmos um bom fundamento para o futuro, para que possam alcançar  a vida eterna”.

4 - Ofertando, no Novo Testamento
Se for verdade que dizimar foi parte da adoração de Israel no Velho Testamento, e que não tem nenhuma injunção prática sobre os crentes do Novo Testamento, então vem à tona, naturalmente, a pergunta "Que é que o Novo Testamento realmente ensina sobre o dar das nossas rendas [a Deus]?" Seguramente, o local de partida para os crentes do Novo Pacto começarem a entender qual é a revelada vontade de Deus para o ofertar deles, está nas Escrituras do Novo Testamento. É exatamente para lá que eu gostaria de lhe levar, para juntos examinarmos a vontade de Deus para o ofertar do [verdadeiro] cristão.

4.1 - o quanto do nosso ofertar
Uma vez que já temos estabelecido que o dízimo não é o padrão para crentes na Nova Aliança, como então determinarmos quanto os [verdadeiros] cristãos devem contribuir? Examinemos três diferentes textos, para colhermos, com esforço e cuidado, algum [real e profundo] entendimento sobre este importante assunto.

1 Coríntios 16.1-2: "Ora, quanto à coleta que se faz para os santos, fazei vós também o mesmo que ordenei às igrejas da Galácia. No primeiro dia da semana cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade, para que não se façam as coletas quando eu chegar."
Em nosso texto, o apóstolo Paulo dá direções à igreja de Corinto: é em proporção ao quanto [cada um] tem prosperado que eles devem dar na coleta para os santos em Jerusalém, [os quais estão] em grande pobreza [e passando por enormes aflições]. Embora não exista nenhuma menção dos santos em Corinto darem um dízimo [ou qualquer outra percentagem imposta], eles são instruídos a darem proporcionalmente à sua prosperidade. O ponto em foco é simples, aqueles com mais dinheiro dêem mais, aqueles com menos dinheiro, podem dar menos. Nada mais claro nem mais simples.

Atos 11.27-30: "... 29 E os discípulos determinaram mandar, cada um conforme o que pudesse, socorro aos irmãos que habitavam na Judéia. ..."
Note, na narrativa, que foi proporcionalmente aos seus meios que os irmãos em Antioquia ofertaram para os irmãos que sofriam na Judéia. Em outras palavras, deram de acordo com suas capacidades. Aqueles com mais dinheiro deram mais, aqueles com menos dinheiro deram menos. Nada mais claro nem mais simples.

2 Coríntios 9.7: "Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria."
Aqui, Paulo dá direções à igreja, para que dêem aquilo que têm proposto em seus corações. Note que o apóstolo não lhes diz quanto dar, nem lhes impõe uma percentagem fixa como padrão. Ele simplesmente lhes diz que, o que quer que tenham decidido ofertar deve ir em frente e [efetivarem o] ofertar. Muitas vezes, no instante em que vemos uma necessidade, determinamo-nos a dar uma certa quantia, mas depois, quando o tempo de dar nos alcança, somos tentados a voltar atrás [ou ficar aquém]. Paulo ensina que devemos ser fiéis em fazer o bem segundo o que já tínhamos proposto em nosso coração. Mas note igualmente que o apóstolo Paulo deixa o valor a critério dos Coríntios. Não devemos permitir que outras pessoas [indevidamente] nos manipulem ou nos intimidem [psicologicamente ou de qualquer outra forma, levando-nos] a dar por um sentimento de culpa ou de pressão. Tem que não haver nenhuma compulsão [externa] em nosso dar; o valor tem que ser nossa própria decisão.

Estes textos do Novo Testamento nos ensinam que Deus deixa a nós o decidirmos sobre o valor das nossas contribuições. [Sim,] devemos dar em proporção aos nossos meios e a como Deus nos tem prosperado; mas, ao final, somos livres para darmos aquilo que temos o desejo de dar. Quão libertador isto é, quando consideramos as táticas manipulativas de arrancar dinheiro que muitas igrejas de hoje tão freqüentemente usam. Tenho estado em igrejas onde os líderes são induzidos a tomar empréstimos de mil ou dois mil dólares [22 a 44 salários mínimos brasileiros] [cada líder,] [para dar oferta extra à igreja, em certas campanhas]. Foram ditos que, se não derem [o estipulado], a obra de Deus fracassará. Os membros da congregação são pressionados a escrever e telefonar para parentes, pedindo dinheiro. Há campanhas pressionando para promessas [assinaturas de carnês, notas promissórias e outros documentos morais e legais] e para o fundo de construção, com grandes gráficos coloridos. À medida que o tempo passa, [todos] são pressionados a dar mais e mais. Permita-me submeter-lhe que tudo isto corre em direção contrária aos ensinos do Apóstolo em 2Co 9.7 [ver acima]. A vontade de Deus é que, quando vemos uma necessidade, oremos ferventemente por direção sobre como podemos satisfazer aquela necessidade. Então, com base na nossa situação financeira, ofertamos com um coração prazeroso e alegre.

4.2 - o propósito do nosso ofertar
A quais tipos de necessidades devemos usar nosso dinheiro para satisfazer? Será que o Novo Testamento nos dá alguma luz sobre este importante assunto? Creio que as Escrituras são muito claras nesta área. O Novo Testamento ensina que há três propósitos para nosso ofertar:

1. Satisfazer as necessidades dos santos:

Este tema é como um fio que vai através de [toda] a Escritura. Consideremos alguns textos:

Atos 2.44-45 "E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum. E vendiam suas propriedades e bens, e repartiam com todos, segundo cada um havia de mister." O espírito de amor e generosidade era tão grande, na igreja primitiva, que os crentes, de própria vontade e  alegremente, abriram mão de suas próprias propriedades e possessões, para ministrarem às necessidades dos outros santos. Eles chegaram mesmo ao ponto de vender suas terras e casas para tomarem conta um do outro (Atos 4.34).

1 João 3.17 "Quem, pois, tiver bens do mundo, e, vendo o seu irmão necessitado, lhe cerrar as suas entranhas, como estará nele o amor de Deus?"

Gálatas 6.9-10 "E não nos cansemos de fazer bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido. Então, enquanto temos tempo, façamos bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé." Embora o "façamos bem"  não seja claramente definido, seguramente incluiria o ofertar para satisfazer as necessidades dos domésticos da fé.

Em adição a estes claros textos, lemos também, em Mt 25.31-40, que, quando Cristo voltar, separará as ovelhas dos bodes. As ovelhas são descritas como aqueles que alimentaram Cristo quando ele estava faminto, deram-lhe de beber quando estava sedento, vestiram-no quando estava nu. Quando as ovelhas replicam: "Senhor, quando ... e te demos de comer?  ... e te demos de beber? 38 ... e te hospedamos?  ... e te vestimos? 39  ... e fomos ver-te?"  Cristo responde " Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes." Aqui, Jesus nos diz claramente que quando usamos nosso dinheiro para vestir e alimentar os irmãos de Cristo (crentes, de acordo com Mt 12.50 ["... qualquer que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus, este é meu irmão, e irmã e mãe."]), estamos ministrando a ele. Ademais, 1Tm 5.16 "... para que se possam sustentar as que deveras são viúvas." dá instruções sobre como a igreja deve sustentar viúvas desvalidas. Ainda mais, temos visto, nos textos já citados, as muitas exortações do apóstolo Paulo para ofertar aos santos pobres em Jerusalém. Portanto, é bastante claro que uma das prioridades do ofertar no Novo Testamento é satisfazer as necessidades dos santos.

2. Satisfazer as necessidades dos obreiros cristãos:
Além de usarmos nosso dinheiro para satisfazer as necessidades dos nossos irmãos e irmãs em Cristo, as Escrituras também nos levam a usar nosso dinheiro para sustentar os que trabalham na obra do Senhor. Consideremos as seguintes passagens:

1 Timóteo 5.17-18: "Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada honra, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina; Porque diz a Escritura: Não ligarás a boca ao boi que debulha. E: Digno é o obreiro do seu salário."
Neste texto, "honra" tem que significar mais que [meras] estima e respeito, pois, no verso 3 do mesmo capítulo, Paulo manda a Timóteo "Honra as viúvas que verdadeiramente são viúvas." Honrar estas viúvas é prover para elas (v. 8) e assisti-las (v. 16). Portanto, quando Paulo menciona "honrar" os anciãos que trabalham duramente na pregação e ensino [da Palavra], imediatamente depois que ele mencionou honrar as viúvas, Paulo tem que ter a mesma coisa em mente prover e assistir aos anciãos financeiramente, de modo que possam se dedicar ao trabalho de labutarem na Palavra. Um ancião ensinador é como um boi que deve ser permitido comer enquanto está debulhando. Em outras palavras, deve ser sustentado e cuidado enquanto está trabalhando com todo esforço. Ele também é como um operário, o qual é digno de seu salário. A uniforme prática apostólica do Novo Testamento foi a de apontar anciãos para superintenderem as igrejas que os apóstolos plantavam. Paulo simplesmente está dirigindo as igrejas a proverem e assistirem financeiramente estes anciãos, de modo que possam dar seu tempo à tarefa de ministrarem ao rebanho.

1 Coríntios 9.6-14 "Ou só eu e Barnabé não temos direito de deixar de trabalhar? Quem jamais milita à sua própria custa? Quem planta a vinha e não come do seu fruto? Ou quem apascenta o gado e não se alimenta do leite do gado? Digo eu isto segundo os homens? Ou não diz a lei também o mesmo? Porque na lei de Moisés está escrito: Não atarás a boca ao boi que trilha o grão. Porventura tem Deus cuidado dos bois? Ou não o diz certamente por nós? Certamente que por nós está escrito; porque o que lavra deve lavrar com esperança e o que debulha deve debulhar com esperança de ser participante. Se nós vos semeamos as coisas espirituais, será muito que de vós recolhamos as carnais? Se outros participam deste poder sobre vós, por que não, e mais justamente, nós? Mas nós não usamos deste direito; antes suportamos tudo, para não pormos impedimento algum ao evangelho de Cristo. Não sabeis vós que os que administram o que é sagrado comem do que é do templo? E que os que de contínuo estão junto ao altar, participam do altar? Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho."
Nesta passagem Paulo está clamando que os apóstolos tinham todo o direito de abster-se de [viverem de] trabalhos seculares e todo o direito de receberem o sustento material daqueles a quem serviam. De fato, Paulo assevera que o Senhor mandou àqueles que proclamam o evangelho que obtenham seu viver do evangelho.

Filipenses 4.15-18 "E bem sabeis também, ó filipenses, que, no princípio do evangelho, quando parti da Macedônia, nenhuma igreja comunicou comigo com respeito a dar e a receber, senão vós somente; Porque também uma e outra vez me mandastes o necessário a Tessalônica. Não que procure dádivas, mas procuro o fruto que cresça para a vossa conta. Mas bastante tenho recebido, e tenho abundância. Cheio estou, depois que recebi de Epafrodito o que da vossa parte me foi enviado, como cheiro de suavidade e sacrifício agradável e aprazível a Deus."
Neste texto o apóstolo declara expressamente que a dádiva que os filipenses lhe haviam enviado foi um fragrante aroma, um sacrifício aceitável, e foi agradável a Deus. O próprio Deus nos tem dado sua aprovação para usarmos nosso dinheiro para sustento de fiéis obreiros cristãos. Portanto, é importante que o povo de Deus utilize seus recursos financeiros para sustentar obreiros cristãos, quer sejam anciãos de uma igreja local, ou evangelistas itinerantes, ou missionários.

3. Satisfazer as necessidades dos pobres: 
Em adição ao uso do nosso dinheiro para satisfazer às necessidades dos santos e dos obreiros cristãos, as Escrituras também nos mandam usar nosso dinheiro na satisfação das necessidades dos pobres. Considere os seguintes textos:

Lucas 12.33-34 "Vendei o que tendes, e dai esmolas. Fazei para vós bolsas que não se envelheçam; tesouro nos céus que nunca acabe, aonde não chega ladrão e a traça não rói. Porque, onde estiver o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração."

Efésios 4.28 "Aquele que furtava, não furte mais; antes trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha o que repartir com o que tiver necessidade."
Aqui a pessoa que sofre a necessidade não é identificada como crente, mas presumivelmente pode ser qualquer um padecendo privação.

Tiago 1.27 "A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo."
. Visitar órfãos e viúvas em suas necessidades têm que significar mais que fazer-lhes uma mera visitinha social. Está implícita, na declaração, a idéia de ajudar estes órfãos e viúvas, o que, sem dúvidas, requereria ofertar sacrificialmente.

Como temos visto, podemos desta maneira sumariar o ensino do Novo Testamento sobre o propósito do ofertar
[a] satisfazer as necessidades dos santos,
[b] satisfazer as necessidades dos obreiros cristãos, e
[c] satisfazer as necessidades dos pobres.
Note que o ofertar, no Novo Testamento, é sempre para satisfazer as necessidades das pessoas. É interessante que aquela coisa na qual a igreja na América gasta a maior parte do seu dinheiro, depois de pagar o salário do seu pessoal, não é de modo algum mencionada [no Novo Testamento] prédios da igreja! A Bíblia simplesmente não fala de [nenhuma] igreja entrando em débito para comprar [ou construir] caros prédios, pela simples razão de que a igreja primitiva não se reunia em prédios especiais. Eles se reuniam em casas. Assim, não havia despesa "não estrita e diretamente com o evangelho e com pessoas" [tal despesa], só faria drenar a energia e as finanças da igreja. Desta maneira, todas as dádivas do povo de Deus podiam ir diretamente para satisfazer as necessidades de pessoas.

Incidentalmente, não há nas Escrituras nada de que eu tenha conhecimento e que exija que todo nosso ofertar ao Senhor tem que ser primeiramente entregue aos líderes da igreja, e depois distribuídos por eles [conforme eles o prefiram]. De fato, creio que algumas das nossas dádivas devem ser feitas diretamente de pessoa para pessoa, para preservarmos o anonimato (Mt 6.1-4). É, razoável, portanto, colocar de lado (em casa ou numa conta bancária separada e especial) uma parte da sua dádiva total, de modo que, quando uma necessidade especial ou uma emergência surgir, tenhamos alguns recursos financeiros de que possamos sacar para satisfazer aquela necessidade.
  
4.3 - o modo do nosso ofertar
Além de nos iluminar sobre o valor total e sobre o propósito do nosso ofertar, as Escrituras nos ensinam diversas coisas sobre como devemos ofertar.

1. Devemos ofertar anonimamente:
Em Mateus 6.1-4 “Guardai-vos de fazer a vossa esmola diante dos homens, para serdes vistos por eles; aliás, não tereis galardão junto de vosso Pai, que está nos céus. Quando, pois, deres esmola, não faças tocar trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. Mas, quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita; Para que a tua esmola seja dada em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, ele mesmo te recompensará publicamente”
Jesus nos ensina a ofertar em segredo, para que aquele que vê em segredo nos recompense. Este tipo de ofertar é preferível pois protege o ofertador de orgulho espiritual. Quando você quiser dar uma dádiva a alguém, procure maneiras de satisfazer a necessidade que você percebeu, sem que o beneficiário jamais saiba quem deu o dinheiro.

2. Devemos ofertar voluntariamente (por nossa vontade, com amor):

2 Coríntios 8.3-4 diz " Porque, segundo o seu poder (o que eu mesmo testifico) e ainda acima do seu poder, deram voluntariamente. Pedindo-nos com muitos rogos que aceitássemos a graça e a comunicação deste serviço, que se fazia para com os santos."
Somos aqui ensinados que as igrejas da Macedônia deram de suas próprias vontades. Ninguém os estava manipulando [emocional e psicologicamente], nem lhes torcendo o braço [obrigando-os]. Em 2Co 9.7 Paulo diz "Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria."  Se não devemos ofertar  com tristeza ou sob compulsão [externa], então devemos ofertar voluntariamente [de ânimo pronto, com prazer e alegria]. Deus quer que nosso ofertar provenha do nosso coração. Ele quer que ofertemos porque temos todo o desejo de fazê-lo.

3. Devemos ofertar expectativamente:

Quando ofertamos, devemos esperar que Deus nos abençoe nesta presente vida. Consideremos os ensinos do apóstolo Paulo.

2 Coríntios 9.6 "E digo isto: Que o que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia em abundância, em abundância ceifará."
Quando alguém semeia por girar seu braço e espalhando abundantemente as sementes com a mão aberta, parece que está apenas jogando fora bom grão. Mas, se ele firmemente prendesse as sementes na sua mão [não deixando nenhuma escapar], ou se apenas jogasse uma ou duas sementes, teria uma ceifa muito pequena. Assim também com o ofertar do crente. Se não dermos nada ou se dermos muito pouco, só podemos esperar muito poucas bênçãos. Mas, se dermos com uma mão aberta e generosa, podemos esperar que colhamos abundantemente. John Bunyan disse uma certa vez: "Um santo nunca dizia 'esta moeda é minha', e, quanto mais ele ofertava, mais ele tinha." Muitos têm torcido 2Co 9.9 como se ensinasse que Deus quer que ofertemos tendo, dentro de nós mesmos, o objetivo de recebermos. Este tipo de ensino apela para a carne, e faz crescer um espírito de avareza e cobiça nos crentes. Mas, ao contrário disto, Paulo nesta passagem está ensinando que devemos ofertar com o objetivo de recebermos mais para podermos ofertar [ainda] mais. Vejamos como Paulo expressa isto, nos versos 8-11: "8 E Deus é poderoso para fazer abundar em vós toda a graça, A FIM DE QUE, tendo sempre, em tudo, toda a suficiência, abundeis em toda a boa obra; 9 Conforme está escrito: Espalhou, deu aos pobres; A sua justiça permanece para sempre. 10 Ora, aquele que dá a semente ao que semeia, também vos dê pão para comer, e multiplique a vossa sementeira, e aumente os frutos da vossa justiça; 11 Para que em tudo enriqueçais PARA toda a beneficência, a qual faz que por nós se dêem graças a Deus." Notemos, nesta passagem, que Paulo está asseverando que Deus abençoará o ofertador generoso fazendo toda a graça abundar sobre ele, para que, em conseqüência, este tenha uma abundância para toda boa obra. Ademais, Deus promete multiplicar a semente do ofertador para semear e [promete] aumentar a colheita de sua retidão. Estas passagens sem dúvida alguma apontam para o fato de que Deus abençoa aqueles que ofertam, de modo que possam dar ainda mais. Uma vez que Deus é o maior ofertador de todos, devemos nos esforçar para sermos na semelhança dele. E a única maneira de podermos ser maiores ofertadores no futuro é começarmos a dar generosamente agora! É muito interessante que isto seja exatamente o que os Provérbios de Salomão nos ensinam, embora tenham sido escritos centenas de anos antes.

Provérbios 19.17 "Ao SENHOR empresta o que se compadece do pobre, Ele lhe pagará o seu benefício."

Provérbios 11.24-25 "Ao que distribui mais se lhe acrescenta, e ao que retém mais do que é justo, é para a sua perda. A alma generosa prosperará e aquele que atende também será atendido."
Em adição, também devemos esperar que Deus nos abençoará na vida futura. Se há uma coisa que a Bíblia deixa muito clara é que, quando ofertamos, estamos entesourando para nós mesmos tesouros no céu. Note a ênfase nos tesouros celestiais, futuros, nas seguintes passagens:

Mateus 6.19-21 "Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam;  Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração."

Lucas 12.33 "Vendei o que tendes, e dai esmolas. Fazei para vós bolsas que não se envelheçam; tesouro nos céus que nunca acabe, aonde não chega ladrão e a traça não rói."

1 Timóteo 6.18-19 "Que façam bem, enriqueçam em boas obras, repartam de boa mente, e sejam comunicáveis; Que entesourem para si mesmos um bom fundamento para o futuro, para que possam alcançar a vida eterna."
Em todas estas passagens (quer dirigidas aos discípulos, ao rico jovem proprietário, ou aos opulentos crentes de Éfeso) a mensagem é a mesma o generoso ofertar será recompensado por tesouros celestiais. Preferirias tu ter seu tesouro na terra, onde perecerá, ou no céu, onde o gozarás eternamente? Tua resposta a esta pergunta terá muito a ver com o como verás e usarás tuas riquezas.

4. Devemos ofertar animadamente (com ânimo, alegria):
Em 2Coríntios 9.7 nós aprendemos qual espírito devemos ter ao ofertarmos "Cada um contribua segundo propós no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria."
Se cada crente soubesse quão grande chuva de bênçãos gozaríamos através do ofertar, seríamos como os crentes da Macedônia, que imploraram a Paulo para terem a oportunidade de ofertar (2Co 8.3-4)! Ofertar deveria ser visto como um grande privilégio, não como uma pesada carga ou um doloroso dever. Deus não deseja que seu povo oferte movido por um sentimento de compulsão [ser empurrado à força e contra a vontade], mas sim movido por uma atitude de alegria e animação. A suprema e definitiva passagem no NT que declara a atitude com a qual devemos ofertar, descrevê-a como "com alegria". Que Deus nos ajude a ofertar em um espírito que O honre!

5. Devemos ofertar sacrificialmente:

Nas Escrituras temos vários exemplos onde Deus olha com aprovação para o nosso ofertar sacrificial:
2 Coríntios 8.1-5 "Também, irmãos, vos fazemos conhecer a graça de Deus dada às igrejas da Macedónia; Como em muita prova de tribulação houve abundância do seu gozo, e como a sua profunda pobreza abundou em riquezas da sua generosidade. Porque, segundo o seu poder (o que eu mesmo testifico) e ainda acima do seu poder, deram voluntariamente. Pedindo-nos com muitos rogos que aceitássemos a graça e a comunicação deste serviço, que se fazia para com os santos. E não somente fizeram como nós esperávamos, mas a si mesmos se deram primeiramente ao Senhor, e depois a nós, pela vontade de Deus."
Logo de partida, notemos que os crentes macedônicos tinham pouquíssimos dinheiro e bens. São descritos como estando suportando muita aflição e experimentando profunda pobreza. Apesar de tudo, também é dito que tinham ofertado além das suas possibilidades! Que Deus nos habilite a os imitarmos em nossas próprias vidas!

Marcos 12.41-44 "E, estando Jesus assentado defronte da arca do tesouro, observava a maneira como a multidão lançava o dinheiro na arca do tesouro; e muitos ricos deitavam muito. Vindo, porém, uma pobre viúva, deitou duas pequenas moedas, que valiam meio centavo. E, chamando os seus discípulos, disse-lhes: Em verdade vos digo que esta pobre viúva deitou mais do que todos os que deitaram na arca do tesouro; Porque todos ali deitaram do que lhes sobejava, mas esta, da sua pobreza, deitou tudo o que tinha, todo o seu sustento."
Jesus escolheu esta mulher para servir aos seus discípulos de maravilhoso exemplo do ofertar. Quando Cristo viu o espírito sacrificial dela [amoroso e de vontade livre e boa], Ele chamou os Seus discípulos para se aproximarem, observarem, e aprenderem uma lição, através da vida dela. Que também aprendamos, e saiamos, e façamos semelhantemente!
Podes tu afirmar que teu ofertar é caracterizado por um espírito de sacrifício [com felicidade]? Teu ofertar realmente te é custoso? [Realmente representa um sacrifício?] Na realidade, não é quanto ofertamos que é tão importante, mas sim quanto [é que resta e] guardamos para nós mesmos, depois de ofertarmos. Que nosso grande e glorioso Deus nos habilite a praticarmos um gozoso e sacrificial ofertar!

4.4 - a motivação do nosso ofertar
Agora que já temos visto os que as Escrituras nos ensinam com referência ao total, ao propósito, e à maneira de ofertarmos, voltemo-nos para examinar o que a Bíblia nos ensina sobre qual deve ser a motivação do nosso ofertar.

1. O exemplo de Cristo:
Justo na metade da mais extensa exposição do Novo Testamento sobre o ofertar  (2Co 8-9), o apóstolo Paulo lança mão do exemplo de Jesus Cristo para estabelecer qual deve ser nossa maior motivação. Considere as palavras de Paulo em 2Co 8.9, "Porque já sabeis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo que, sendo rico, por amor de vós se fez pobre; para que pela sua pobreza enriquecêsseis." Cristo era infinitamente rico em sua existência pré-encarnação, no céu. Era incessantemente adorado por uma grande hoste de seres angelicais. Sendo Deus, exercia onipotência, onisciência e onipotência. Juntamente com o Pai e o Espírito Santo, reinava sobre todo o universo que tinham criado. Todavia, Cristo de livre vontade escolheu se tornar pobre. Jogou no chão seu direito ao exercício independente de seus atributos. Nasceu em um estábulo e foi criado por pais muito pobres. Viveu uma vida obscura e simples.  Dependeu do [Deus] Pai para toda a sua sobrevivência. Nunca acumulou possessões durante [todo o] tempo de sua vida; na verdade, parece que as únicas possessões que ele podia chamar de suas foram as roupas sobre suas costas. Ao final de sua vida, [pela própria vontade] ele entregou a única coisa que ainda lhe restava, sua própria vida. Ao depor sua vida Jesus estava dando tudo, para nos livrar dos nossos pecados. Embora fosse rico, tornou-se pobre. E qual foi o propósito deste grande ato de sacrifício? Foi que, através de sua pobreza, nós nos tornássemos ricos. Nós, aqueles que cremos nele, temos herdado grandes riquezas: perdão, adoção, justificação, Deus o Espírito Santo habitando em nós, paz com Deus, acesso a Deus, santificação, e a glória eterna que em breve virá! Note que Cristo não nos deu apenas dez por cento dos seus recursos ao nos comprar e presentear tamanhos tesouros! Ele deu 100%! Um discípulo naturalmente deseja ser como seu senhor. Portanto, empenhemo-nos esforçadamente para imitar nosso Senhor. Não nos contentemos em dar uma pequena fração de nossa renda. Oremos que Deus nos habilite a dar mais e mais, para ajudar pessoas sofrendo e para expandir o reino de Deus através do mundo!

2. A ordem de Cristo:
Não apenas temos o exemplo de Cristo para nos motivar, como também temos sua ordem. Jesus expressou-se muito claramente em João 15.12-13, "O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos.". Jesus, nesta passagem, está ordenando aos seus seguidores que amem um ao outro de modo idêntico àquele com que Ele os amou -- a saber, sendo totalmente dedicado a eles. Este tipo de dedicação tem que, pela própria natureza do caso, incluir a vontade de darmos dos nossos recursos para ajudarmos um ao outro. Jesus deu tudo, inclusive sua própria vida, por nós. É deste modo que somos ordenados amar um ao outro. Saberemos se realmente amamos nossos irmãos e irmãs quando estivermos desejosos de abrir nossa carteiras ou talões de cheque e dar para satisfazer suas [reais] necessidades. Que Deus nos habilite a seguirmos seu Filho em obediência!

5 - Conclusão
As Escrituras não ensinam que o dízimo é obrigatório sobre os crentes durante [a dispensação de] o Novo Testamento. No entanto, as mesmas Escrituras [decididamente] ensinam que os crentes devem ser ofertadores generosos, sacrificiais, expectantes, e gozosamente animados! Será que isto descreve você? É minha sincera oração que o Espírito Santo use este escrito para desafiá-lo a repensar os seus padrões de ofertar, e para verificar se eles se alinham com a vontade de Deus, conforme expressa no Novo Testamento. Se não estiverem, vá ao Senhor em oração e peça-lhe o poder e a graça para lhe obedecer plenamente em todas as coisas.

Brian Anderson
Milpitas Bible Fellowship, 1715 E. Calaveras Blvd, Milpitas, Ca 95035, brian@solidrock.net
Traduzido por Hélio de Menezes Silva, visite http://solascriptura-tt.org

[0] Nota do Tradutor: Ninguém pode deixar de se impressionar com a perfeita semelhança entre os argumentos dos maiores defensores (e rebatedores) da extensão da obrigatoriedade da guarda do sétimo dia para os crentes da dispensação da igreja (tão literalmente como se estivéssemos sob a Lei) e os argumentos dos maiores defensores (e rebatedores) da obrigatoriedade dos 10% para os crentes da dispensação da igreja (tão literalmente como se estivéssemos sob a Lei)!...

[1] Nota do Tradutor: Melquisedeque foi especialíssimo, nem mesmo nenhum outro sacerdote pode ser comparado a ele, e parece ter sido uma Cristofania, isto é, uma manifestação do Verbo antes de Sua encarnação. No Novo Testamento, todos os crentes são sacerdotes.

[2] Nota do Tradutor: A questão não é esta. Se, no contexto tecnológico e econômico de hoje, fôssemos o mesmo povo [Israelitas] sob a mesma dispensação [da Lei] em que viveu Davi, então o mesmo princípio que vigorava quando quase todos viviam da agricultura, com renda anual, estender-se-ia a nós, quando quase todos têm renda em períodos menores que anuais e não oriundas do praticarem a agricultura ...

[3] Nota do Tradutor: Lembremos que:
(a) nós, os crentes desta dispensação, somos sacerdotes e reis;
(b) estes não podiam beber nada alcoólico;
(c) Deus (talvez por ironia, ou com desgosto, ou para nos testar) às vezes, por certo tempo, expressou  TOLERAR-nos certos erros (esta é Sua vontade PERMISSIVA), mas, depois, ORDENOU-nos Sua vontade PERFEITA. Compare com o divórcio, a poligamia, etc. !!! ...

[4] Nota do Tradutor: Arrisquemo-nos a ser repetitivos, para que ninguém perca algum aspecto da verdade -- O Velho Testamento fala de vários tipos dízimos:
- Todos os israelitas davam um dízimo de suas rendas anuais, aos levitas (Lev 27:30-33; Nu 18:21-24; 2Cr 31:4-12; Ne 10:37; 12:44; 13:5; Ml 3:8-12), para alimentação e sustento deles (não para o Templo!); davam a si mesmos outro dízimo das suas rendas anuais, deleitando-se ao comerem e descansarem e alegrarem-se, em gozoso "acampamento - férias - festa - adoração", que só podia ser em Jerusalém (Dt 12:6-7,11-21; 14:22-27); e, a cada 3 anos, davam aos pobres outro dízimo das suas rendas, para que se deleitassem ao comerem e descansarem e alegrarem-se aonde quer que morassem (Dt 14:28-29; 26:12).
- Os levitas davam aos sacerdotes (que eram levitas descendentes de Arão) o dízimo do dízimo que tinham recebido  (Nu 18:26-29; Ne 10:38-39; 12:44; 13:5,12; Ml 3:8-12).
- Ag 2:9-11 não tem nada a ver com nenhum destes tipos de dízimo e sim com ofertas para a reconstrução do Templo. Há analogia entre cada crente neotestamentário e o Templo, mas não há nenhuma analogia entre o Templo e os prédios de uma igreja local.

[5] Nota do Tradutor: Muito mais importante é que ninguém mais o saiba!

Para ajudar um pastor ou missionário ou irmão em necessidade:
Pôr um envelope com dinheiro e anônimo por baixo da porta dele [0 pessoas lhe glorificarão] é melhor que
Dar-lhe pessoalmente, pedindo-lhe segredo [1 pessoa glorificará a você] é melhor que
Pedir a um irmão (de outra igreja?) que leve sua oferta a ele, sem lhe revelar a fonte [1 pessoa glorificará a você] é melhor que
Pedir seu pastor ou 1 oficial que leve sua oferta a ele, sem lhe revelar a fonte [1 pessoa glorificará a você] é melhor que
Pedir a todo o corpo de oficiais que leve sua oferta a ele, sem lhe revelar a fonte [8 pessoas glorificarão a você] é melhor que
Dar-lhe ante toda a igreja, fazendo-o anunciar pelo microfone [1000 pessoas glorificarão a você]. [Que coisa horrível! Mesmo alguns descrentes ofertam anonimamente]

[6] Nota do Tradutor: Por causa da presente ênfase em "riquezas e todo tipo de prosperidade, já", dos pentecostais, é bom notarmos que o autor não necessariamente está enfatizando bênçãos materiais ...