HÁ SOMENTE UM JUIZ



Marcos Alexandre Damazio


“Há apenas um Legislador e Juiz, aquele que pode salvar e destruir. Mas quem és tu, que julgas o teu próximo?” - Tiago 4:12

O conceito de julgamento, que é a junção de “julgar” (do latim iudicare) e “mento”, abrange várias acepções. Trata-se, por exemplo, do ato de emitir um juízo, isto é, a faculdade de discernimento, de formular um parecer ou uma sentença, seja favorável ou não.

Em termos mais gerais, também se entende por julgamento qualquer apreciação ou avaliação.

Aqui trataremos o julgamento no que diz respeito à reta justiça, tratando da controvérsia cristã se um crente pode ou não emitir uma “sentença” se portando como juiz sobre outrem.

O julgamento deve ocorrer sempre dentro do cumprimento da lei em vigor na Bíblia.

Todo julgamento requer um tribunal ou uma autoridade judicante que forma um juízo, e expõe este juízo em forma de sentença. Ou seja, a sentença absolvitória ou condenatória de um juiz.


QUEM RECEBEU AUTORIDADE DE DEUS PARA JULGAR

Nos últimos anos surgiu no meio evangélico uma heresia que afirma que cada crente é igreja. Digo que é uma heresia porque faz com que o crente individualmente usurpe a autoridade e atribuições que pertencem à Igreja como assembleia, representante de Cristo, a quem Ele entregou as chaves do Reino dos Céus para ligar e desligar.

“Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela; E eu te darei as chaves do reino dos céus; e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus.” - Mateus 16:18,19.

Nesse versículo, Jesus está falando diretamente ao Apóstolo Pedro e indiretamente aos outros Apóstolos como representantes da Igreja, e pela primeira vez Jesus cita a palavra Igreja. As palavras de Jesus significam que a Igreja teria o direito de entrar no reino e teria autoridade geral aqui simbolizada pela posse de chaves. As expressões "ligar" e "desligar" eram comuns à fraseologia judaica e significam declarar proibido ou declarar permitido. 


O CRENTE PODE JULGAR O SEU IRMÃO?

A resposta é sim, e em apenas uma situação. O crente SOMENTE pode julgar seu irmão se este proferir ou cometer ofensa diretamente contra ele. Não há outra condição em que o crente possa individualmente julgar o seu irmão.

“Ora, se teu irmão pecar contra ti, vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, ganhaste a teu irmão;Mas, se não te ouvir, leva ainda contigo um ou dois, para que pela boca de duas ou três testemunhas toda a palavra seja confirmada. E, se não as escutar, dize-o à igreja; e, se também não escutar a igreja, considera-o como um gentio e publicano. Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu. Também vos digo que, se dois de vós concordarem na terra acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por meu Pai, que está nos céus. Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles.” - Mateus 18:15-20.

O contexto refere-se a instruções de Jesus sobre como proceder em relação a quem nos tem ofendido. Jesus ensina como o ofendido deve repreender o ofensor. A primeira coisa a fazer é ir procurar o ofensor em particular, sem esperar que este lhe peça perdão. Se o ofensor mostrar-se arrependido, a comunhão com o ofendido será restaurada.

Se o ofensor não se arrepender, numa segunda repreensão o ofendido deve levar consigo um ou dois irmãos, para que por duas ou três testemunhas toda a estória seja confirmada como previsto em Deuteronômio 19:15.

Se o ofensor ainda assim não se mostrar arrependido, o caso deve ser levado à igreja local para exame do assunto.

Se o ofensor não se arrepender diante da igreja, ele não deve mais ser considerado um cristão, mas sim como ímpio impenitente. É claro que tal tratamento deve envolver todos os esforços para leva-lo ao arrependimento.

A decisão da igreja local será ratificada no céu. Tudo o que ligardes na terra neste contexto refere-se apenas ao perdão do pecador. Já tudo o que desligardes refere-se à exclusão do pecador impenitente. Por isso, quando Jesus soprou o Espírito Santo aos apóstolos disse-lhes: “Àqueles a quem perdoardes os pecados lhes são perdoados; e àqueles a quem os retiverdes lhes são retidos.” João 20:23.


JULGAR SEGUNDO A RETA JUSTIÇA

“Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta justiça.” - João 7:24.

Notem que Jesus não critica os Judeus porque estavam julgando, mas porque estavam julgando apenas pelas aparências. Contra esta atitude, de julgar pelas aparências, Jesus ordena que julguem segundo a reta justiça.

Ressalto que Jesus ordena aos judeus dos seus dias que não julgassem segundo as aparências e sim que julgassem segundo a reta justiça. Notem mais uma vez que Jesus não os condena por julgar e sim por julgar superficialmente pelas aparências.

O que estava sendo julgado neste contexto? O que Jesus ordena que seja julgado segundo a reta justiça?

O que estava sendo julgado era a interpretação da Lei, e Jesus exigiu que a interpretação da Lei fosse feita com justiça. Portanto, o julgamento aqui neste contexto significa discernimento, e não uma sentença.
Jesus acusou os judeus de fracasso no cumprimento da Lei, expondo que suas intenções homicidas para com Ele eram por si mesmas uma violação do sexto mandamento.

Neste contexto, Jesus havia curado um homem deficiente num sábado, que apesar de deixar a todos maravilhados, estava sendo interpretado como uma violação do sábado. Jesus então aplica a reta justiça na interpretação da Lei sem emitir sentença ou juízo, lembrando que o próprio Moisés, que os judeus respeitavam tanto, regulamentou a circuncisão (embora a prática viesse desde os patriarcas), de modo que ela tinha de ser realizada no oitavo dia (Levítico 12:3), mesmo se o oitavo dia caísse no sábado. Por isso Jesus disse:

“Ora, se um menino pode ser circuncidado no sábado para que a lei de Moisés não seja quebrada, por que vocês ficam cheios de ira contra mim por ter curado completamente um homem no sábado? Não julguem apenas pela aparência, mas façam julgamentos justos.” - João 7:23,24

Portanto, julgar segundo a reta justiça nada mais é do que ser honesto nas suas proposições, mantendo a coerência em situações semelhantes no que tange à vida e a piedade, interpretando e aplicando a Lei e as doutrinas com coerência e honestidade para medir com a mesma medida.

Os judeus interpretavam desonestamente a Lei, pois aceitavam a prática da circuncisão no sábado, mas não aceitavam que um homem fosse curado no sábado. De fato, aparentemente Jesus violara o sábado, mas se os judeus fossem justos na interpretação da lei aceitariam ambas as situações.

Assim, a ordem de Jesus para não julgar segundo a aparência, mas sim segundo a reta justiça não autoriza um irmão a ser juiz sobre outrem.


O QUE JESUS CRISTO, APÓSTOLO DA NOSSA CONFISSÃO, ORDENOU SOBRE JULGAMENTO DE IRMÃOS.

“Não julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós. E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando uma trave no teu? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão.” - Mateus 7:1-5.

Jesus começa dizendo: “Não julgueis.” O verbo no imperativo presente sugere que o hábito de julgar os outros é que está sendo condenado. Ainda que a palavra julgai seja neutra quanto ao julgamento, o sentido aqui indica um julgamento com sentença condenatória. Aqueles que condenam os outros irmãos devem parar, tendo em vista o juízo final, pois os homens não podem julgar os motivos como Deus pode.

Jesus apresenta uma razão pela qual não devemos julgar a outrem: “Para que não sejais julgados.” O subjuntivo aoristo entende-se melhor quando aplicado ao julgamento de Deus e não ao dos homens porque Jesus afirmou que se perdoarmos aos homens as suas ofensas, também nosso Pai celestial nos perdoará a nós; se, porém, não perdoarmos aos homens as suas ofensas, também nosso Pai não nos perdoará as nossas ofensas. (Mateus 6:14,15).

A trave no olho daquele que julga o seu irmão representa o espírito reprovador. A ilustração do cisco e da trave foi intencionalmente exagerada para mostrar a posição absurda daquele que se coloca como juiz dos outros. Essa pessoa é chamada de hipócrita, pois pretende agir como médico, quando ela mesma está doente. Esta ordem de Cristo não impede os crentes de fazerem distinções morais, pois o crente sempre deve julgar no sentido de discernir.

Jesus ressalta outra característica que o crente deve apresentar em sua vida como prova de sua regeneração:

“Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia.” -Mateus 5:7

Aqueles que põem em ação a compaixão podem esperar a mesma misericórdia tanto da parte dos homens como de Deus. O primeiro intento do crente deve ser a misericórdia, e não o juízo. É comum os crentes confundirem justiça com juízo.

Ter fome e sede de justiça significa o desejo e a esperança de que Deus, o único Juiz, julgue e faça justiça. Mas, o crente hodierno quer ele mesmo fazer a justiça por meio do seu próprio juízo. No céu as almas dos que foram mortos por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que deram, clamam com grande voz, dizendo: “Até quando, ó verdadeiro e santo Dominador, não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?” - Apocalipse 6:10.

Toda vez que Jesus falou acerca de julgamento, Ele usou verbos no imperativo denotando ordem. Portanto, sede misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso. Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados. - Lucas 6:36,37


O QUE O APÓSTOLO PAULO ORDENOU SOBRE JULGAMENTO DE IRMÃOS

Paulo fala muito acerca de vários tipos de julgamentos. Paulo fala sobre julgamento de irmãos, julgamento como discernimento, e julgamento da Igreja tanto na terra como no juízo final.

Portanto, és inescusável, ó homem, qualquer que sejas, quando julgas, porque te condenas a ti mesmo naquilo em que julgas a outro; pois tu que julgas, praticas o mesmo. E bem sabemos que o juízo de Deus é segundo a verdade, contra os que tais coisas praticam. E tu, ó homem, que julgas os que praticam tais coisas, cuidas que, fazendo-as tu, escaparás ao juízo de Deus? - Romanos 2:1-3

Somente o crente arrogante que não olha para si mesmo pode ver neste texto uma permissão para julgar a outrem. Paulo, na verdade, retrata o fracasso do crente que julga a outrem em contraste com o justo juízo de Deus (Romanos 2:1-16).

Como pode o crente que experimentou a bondade e a paciência de Deus que o levou ao arrependimento agir de maneira a querer condenar a outro que pratica as mesmas coisas que ele.

A palavra julgas (do grego krinon) tem aqui o significado de fazer juízo condenatório. O crente que é indesculpável é aquele que tem grande capacidade de crítica, mas não autocrítica. Por isso, o juízo de Deus é contra os que julgam e praticam atos idênticos aos que condenam. Paulo então apela para a consciência do julgador: Pensas que te livrarás do juízo de Deus?

Mas muitos dirão: Eu julgo o pecado do meu irmão, mas não cometo o mesmo pecado que ele.

“Pois quem obedece a toda a Lei, mas tropeça em apenas um ponto, torna-se culpado de quebrá-la inteiramente.” - Tiago 2:10

A mesma Lei que nos ordena a não mentir e a não cobiçar, também ordena a não matar e a não adulterar. Portanto, o homem que mente é culpado também de matar e adulterar, e vice-versa.

“Quem é você para julgar o servo alheio? É para o seu senhor que ele está de pé ou cai. E ficará de pé, pois o Senhor é capaz de sustentá-lo. Portanto, você, por que julga seu irmão? E por que despreza seu irmão? Pois todos compareceremos diante do tribunal de Deus. Assim, cada um de nós prestará contas de si mesmo a Deus. Portanto, deixemos de julgar uns aos outros. Em vez disso, façamos o propósito de não colocar pedra de tropeço ou obstáculo no caminho do irmão.” - Romanos 14:4,10,12,13

Paulo apresenta os motivos pelo qual um crente não deve julgar o outro:

- Julgar um servo de Deus é prerrogativa do Senhor.
- E somente o Senhor tem a capacidade de fazê-lo firmar-se.
- Todos compareceremos perante o tribunal de Cristo em juízo.
- Cada um prestará contas apenas de si mesmo a Deus.

Paulo ainda ratifica que a prerrogativa de julgar foi delegada à Igreja como assembleia: “Não devem vocês julgar os que estão dentro? Deus julgará os de fora. "Expulsem esse perverso do meio de vocês". - 1 Coríntios 5:12,13.

Apesar de não estar presente fisicamente, Paulo confere sua autoridade apostólica à Igreja para a o julgamento e exclusão do crente pecador, como um pastor que deve prestar contas das ovelhas a Deus (Hebreus 13:17).
Paulo esclarece que a Igreja deve julgar quando os membros estiverem reunidos como assembleia em nome de nosso Senhor Jesus, estando presente também o poder de nosso Senhor Jesus Cristo. (1 Coríntios 5:3-5).

Em outras palavras Paulo diz:

“Vocês devem convocar a assembleia da igreja - o poder do Senhor Jesus será convosco nessa reunião, e eu mesmo, em espírito, também estarei junto de vocês - e então expulsem essa pessoa do seio da igreja.” - 1 Coríntios 5:3.

Observem que o contexto está se referindo a alguém que aparentemente abusou sexualmente da sua madrasta. Não devemos julgar, porém isto não significa que as questões que são claramente afrontas contra a conduta da vida moral deverão ser aceitas com naturalidade dentro da igreja.

Este tipo de julgamento não tem nada a ver com julgar alguém pela sua aparência, nível social, e sim pela sua conduta moral claramente reprovável diante de toda uma comunidade.

Paulo também nos diz que os santos hão de julgar o mundo. Ora, se o mundo deve ser julgado por nós, somos, porventura, indignos de julgar as coisas mínimas? Não sabeis que nós havemos de julgar os anjos? Quanto mais às coisas pertencentes a esta vida?

Aqui não há licença para julgar nossos irmãos. Paulo fala de julgamentos futuros. "Vão julgar", não é "estão julgando". Vão, é futuro. Não está acontecendo. Irá um dia acontecer.

É certo que Paulo diz que julgaremos as coisas mínimas e as coisas pertencentes a esta vida. Contudo, Paulo fala acerca de situações e coisas, mas não diz que podemos julgar nossos irmãos.

Os santos hão de julgar o mundo, por causa de sua união com o Cristo, a quem todo o julgamento foi confiado (João 5:22).

Também julgaremos os próprios anjos, e também as doze tribos de Israel, mas tudo isso ocorrerá depois da volta de Cristo.

Jesus lhes disse: "Digo-lhes a verdade: Por ocasião da regeneração de todas as coisas, quando o Filho do homem se assentar em seu trono glorioso, vocês que me seguiram também se assentarão em doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel. - Mateus 19:28


O QUE O APÓSTOLO TIAGO ORDENOU SOBRE JULGAMENTO DE IRMÃOS

Tiago condena a maledicência e o julgamento contra o irmão, afirmando que quem fala contra o seu irmão ou julga o seu irmão, fala contra a Lei e a julga, usurpando uma prerrogativa de Deus. Portanto, Tiago afirma que quem julga a seu irmão se coloca como juiz da Lei. Ou seja, quem julga a seu irmão se coloca acima da Lei.

Mas, somente Deus está acima da Lei, podendo ordenar o “não matarás”, e também afirmar “Eu mato e faço viver”. 

Somente Deus é Legislador e Juiz, e nas mãos dEle estão as questões da vida e morte. À vista disto, Tiago pergunta, quem és, que julgas ao próximo?

“Irmãos, não falem mal uns dos outros. Quem fala contra o seu irmão ou julga o seu irmão, fala contra a Lei e a julga. Quando você julga a Lei, não a está cumprindo, mas está se colocando como juiz. Há apenas um Legislador e Juiz, aquele que pode salvar e destruir. Mas quem é você para julgar o seu próximo?” - Tiago 4:11,12

Mas uma vez a Bíblia torna evidente que um crente não pode julgar a seu irmão.


O CRENTE NÃO DEVE CONDENAR O PECADO DOS OUTROS?

“O fruto da luz consiste em toda bondade, justiça e verdade; e aprendam a discernir o que é agradável ao Senhor. Não tenhais cumplicidade nas obras infrutíferas das trevas; pelo contrário, condenai-as abertamente expondo-as à luz.” - Efésios 5:9-11.

Os crentes devem saber que estamos na graça, pois, morremos para a lei, por meio do corpo de Cristo, para pertencermos a outro, àquele que ressuscitou dos mortos, a fim de que venhamos a dar fruto para Deus, e sem a Lei o pecado está morto (Romanos 7:4,8).

O crente não foi chamado para condenar o pecado, mas sim para pregar o Evangelho. Somos a Luz do mundo, e só precisamos iluminar o mundo que se encontra em trevas.

Devemos reprovar e condenar as obras infrutíferas das trevas, e isto se faz sendo luz sobe as trevas, não mantendo cumplicidade com as obras infrutíferas das trevas, pois fruto da luz consiste em toda bondade, justiça e verdade. O fruto das trevas é maldade, injustiça e mentira.

E sabemos que devemos julgar (no sentido de discernir) o fruto que a pessoa produz, pois é pelo fruto que saberemos quem é cumplice das trevas e quem é da luz. Porque outrora erámos das trevas, mas agora somos da luz no Senhor. Portanto, devemos viver como filhos da luz, dando fruto da luz em toda bondade, justiça (e não juízo) e verdade.

Não pode alguém se dizer crente em Cristo, e não reprovar obras das trevas como o aborto, o adultério, o casamento gay, a doutrinação sexual de crianças, a corrupção, a desigualdade social, etc. Se um cristão aprova tais obras das trevas ele se torna cumplice delas.

João Batista condenava as obras das trevas reprovando o adultério do rei. Devemos condenar o aborto, o casamento gay, os milhares de assassinatos anuais no Brasil, a corrupção, o charlatanismo religioso. Devemos condenar publicamente estas e outras obras das trevas, e não os nossos irmãos.

Podemos e devemos defender a sã doutrina. O que a Bíblia nos manda é que não tenhamos cumplicidade nas obras infrutíferas das trevas.

A Igreja do Deus Vivo continua sendo coluna e fundamento da verdade (1 Timóteo 3:15). Portanto, somos a luz do mundo para jogar luz sobre o mundo. É errado colocar a candeia debaixo da cama (Marcos 4:21). Hoje muitos querem colocar a candeia para iluminar a Igreja, quando devemos ser a luz do mundo inteiro.

Se um cristão está em comunhão com o seu Senhor, sua própria vida será uma censura ao mundo.

CONCLUSÃO

“Por isso te digo que os seus muitos pecados lhe são perdoados, porque muito amou; mas aquele a quem pouco é perdoado pouco ama.” - Lucas 7:47

A defesa eloquente que muitos fazem da permissão para julgar a outrem mostra o que falta em muitos cristãos. Só por estarmos em Cristo, nós teríamos que apresentar entranháveis afetos e compaixões uns para com os outros.

Se com humildade considerássemos uns aos outros como superiores a nós  mesmos, então jamais julgaríamos um irmão, visto que não podemos julgar alguém que nos é superior.

Se tivéssemos o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, não desejaríamos tão ferrenhamente ter por usurpação a prerrogativa julgar, que é exclusiva de Deus (Filipenses 2:1,3,5,6).

Que o Senhor tenha misericórdia de nós, e nos faça compreender quão insondáveis são os seus juízos (Romanos 11:33).


“Porque o juízo será sem misericórdia sobre aquele que não fez misericórdia; e a misericórdia triunfa do juízo.” Tiago 2:13

PARA QUE TODOS SEJAM UM


 Marcos Alexandre Damazio e Oséias Graça Tavares

Vocês observam apenas a aparência das coisas. Se alguém está convencido de que pertence a Cristo, deveria considerar novamente consigo mesmo que, assim como ele, nós também pertencemos a Cristo.
(2 Coríntios 10:7)


DIVISÃO E SUBSISTÊNCIA
Os católicos sempre falaram muitas bobagens acerca do pluralismo de igrejas evangélicas. No entanto, o próprio catolicismo é dividido em diversas igrejas obedientes ou não ao Papa, mesmo dentro da igreja papal há diversas ramificações em ordens e congregações religiosas.

No entanto, agora há também entre os evangélicos aqueles que afirmam que o Corpo de Cristo está dividido, sendo por isso falsas as igrejas e as denominações. Vejamos se isso realmente procede:

Paulo identificou divisões na Igreja de Corinto: “Cada um de vocês afirma: "Eu sou de Paulo"; "eu de Apolo"; "eu de Pedro"; e "eu de Cristo". Acaso Cristo está dividido?” (1 Coríntios 1:12,13).

Observem que Paulo não pergunta se aquela igreja local está dividida, e nem se o Corpo está dividido. Paulo questiona se Cristo está dividido.

O próprio Senhor Jesus usou o mesmo critério ao falar que um reino não pode subsistir se estiver dividido:
Se Satanás está dividido contra si mesmo, como o seu reino pode subsistir? (Lucas 11:18).

Assim, se Cristo estivesse dividido como o seu Corpo poderia subsistir?


SEPARATISMO E EXCLUSIVISMO
Tem surgido uma onda de crentes que pregam a separação acusando os demais irmãos de estarem em Corpos divididos com diferentes nomes, que são as muitas denominações. Eles pregam a separação sob o fundamento de que há um só Corpo, e não muitos, pois interpretam que as denominações são pequenos corpos ou divisões no Corpo.

Já de antemão afirmo que um Corpo dividido não cria corpinhos. E também estes separatistas não têm a menor noção do que é o Corpo de Cristo.

Os separatistas afirmam que o Corpo está dividido, e por isso eles devem se separar e criar a sua própria divisão. Porém, eles são exclusivistas, ou seja, são movidos por uma tendência a excluir sistematicamente os outros.


CONGREGAR OU NÃO?
A carta aos Hebreus foi escrita aos judeus convertidos à Cristo, que estavam em perigo de apostatar de Cristo, retomando as práticas mosaicas. Esta condição de apostasia era um perigo imediato (Hebreus 2:1).

Não podemos isolar o texto de Hebreus 10:25 separando-o do contexto imediato do versículo anterior. Então vamos ler os dois versículos:

“e consideremo-nos uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras, não abandonando a nossa congregação, como é costume de alguns, antes admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais, quanto vedes que se vai aproximando aquele dia. (Hebreus 10:24,25).

Vemos a exortação a nos preocuparmos uns com os outros. Isto se manifesta na prontidão dos crentes em se congregarem para o estímulo mútuo, provocando e encorajando o amor e as boas obras para com os demais crentes.
E como vamos estimular a quem não vemos e não mantemos comunhão? Quando o zelo de uns com os outros morre a fé vacila, o desejo de manter comunhão com outros crentes também enfraquece. O estímulo se torna possível através da congregação dos crentes. Quando os cristãos se reúnem, eles se exortam mutuamente ao amor, às boas obras e à comunhão. O perigo da apostasia está emboscado na falha dos crentes em se congregarem e se ajudarem mutuamente (parakalountes, "encorajamento mútuo").


UM SÓ CORPO, UM SÓ REBANHO
Realmente há um só Corpo no sentido de unidade, e não no sentido de unicidade. Vejamos:

“Pai santo, guarda em teu nome aqueles que me deste, para que sejam um, assim como nós. Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um. Eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, e para que o mundo conheça que tu me enviaste a mim, e que os tens amado a eles como me tens amado a mim.” (João 17:11,21-23).

Jesus pede ao Pai para guardar, no sentido de proteger, o seu povo unido. Portanto, isso é uma obra exclusiva do Pai, e por mais que venham a dizer que há muitos Corpos divididos, Deus persevera na preservação da unidade do Corpo, unindo os membros para refletirem a unidade que há entre o Pai e o Filho. Portanto, o Corpo não existe em unicidade, mas em unidade.

A unidade é que todos sejam um, como o Pai é no Filho, e o Filho no Pai; que os crentes sejam um no Pai e no Filho. Esta unidade se dá pelo Espírito Santo que habita no Corpo, e o resultado desta unidade é o estímulo à fé daqueles que estão no mundo.

O Pai e o Filho são pessoas distintas, mas são um em unidade. O Filho chegou a afirmar que tinha uma vontade própria distinta da vontade do Pai. Então ser um, estar em unidade, não é ter a mesma vontade ou a mesma opinião ou o mesmo entendimento, mas sim estar unido numa comunhão indivisível.

"Pai, se queres, afasta de mim este cálice; contudo, não seja feita a minha vontade, mas a tua". (Lucas 22:42)

A unidade do Corpo consiste na perfeição da unidade da Divindade estendida àqueles que pertencem a Cristo.

O povo que se diz de Deus tem que parar de ser papagaio de hereges, e sair repetindo tudo o que lê em sites e blogs de curiosos que se pensam teólogos.

Os textos de 2 Timóteo 2:19,22 tratam daqueles que invocam o Senhor e proferem o seu nome, exigindo a separação das más companhias e também a comunhão com o povo do Senhor. O mais engraçado é que o versículo 18 refere-se aos gnósticos que negavam a ressurreição. Vede o quão fora do contexto está aqueles que usam este texto para acusar o Corpo de Cristo de estar dividido em muitos corpos com diferentes nomes.

“Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; também me convém agregar estas, e elas ouvirão a minha voz, e haverá um rebanho e um Pastor.” (João 10:16).

Sim há um só Corpo. Então vamos falar deste Corpo, e contrapô-lo ao rebanho (Efésios 4.4). Porque embora haja um só Corpo (mostrarei o que isso significa) haverá (no futuro) um só rebanho. Contudo, há ovelhas provenientes de diversos apriscos que o Senhor Jesus irá agrega-las em um único rebanho.  

O Corpo de Cristo é o organismo vivo composto do próprio Senhor Jesus Cristo, na qualidade de Cabeça, e de todos os crentes nEle como membros providos e organizados pelas juntas e ligaduras que também são partes do Corpo (Colossenses 2:19).

Enquanto o Corpo é o organismo vivo unido misticamente com Cristo, o rebanho nada mais é do que a reunião das ovelhas de todos os apriscos já agregadas e também aquelas de outros apriscos que ainda serão agregadas pelo Supremo Pastor, o Senhor Jesus.


A UNIDADE DO CORPO
Em 1 Coríntios 12:12 Paulo usa a figura do Corpo para explicar a unidade na diversidade e a diversidade na unidade dos crentes no Corpo.

“Pois todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um Corpo, quer judeus, quer gregos, quer servos, quer livres, e todos bebemos de um Espírito.” (1 Coríntios 12:13).

O batismo do Espírito forma o Corpo que expressa a esfera da unidade efetuada pelo Pai, conforme pediu o nosso Senhor na oração sacerdotal (João 17:11). Um só Corpo é o objetivo do batismo do Espírito Santo a todos os crentes, até mesmo os carnais de Corinto (1 Coríntios 3:1-3).

A unidade de um só corpo contrasta com a diversidade geográfica (judeus e gregos) e de posição ou estado (escravos e livres).

Um só e o mesmo Espírito opera essa unidade que ocorre necessariamente pela habitação do Espírito Santo. Ou não sabeis que o que se une ao Senhor é um só espírito com ele? (1 Coríntios 6:17).

"As ovelhas podem se afastar do pastor, o ramo pode ser cortado da videira; o membro pode ser separado do Corpo, mas quando dois espíritos se unem em um só, quem os separará?" É isto que é a unidade do Corpo. Não se trata de congregações, denominações ou placas, mas do batismo do Espírito Santo que nos faz ser um espírito com Ele. E não um Corpo formado por congregações, mas sim um Corpo de unidade mística, onde o nosso espírito criado no novo nascimento se une ao Senhor.

A diversidade do Corpo se evidencia na diversidade dos membros, por causa dos membros aparentemente inferiores, que pensam ser menos importantes. Por isso, a chave da interpretação não está apenas no Corpo, mas no fato de que o Corpo não é um só membro, mas muitos membros de povos, tribos, línguas e nações diferentes, e os membros foram unidos ao Corpo, cada um deles como aprouve ao Espírito Santo que constituiu bispos sobre todo o rebanho, para apascentardes a igreja de Deus (Atos 20:28).

Na verdade, Paulo diz, os membros do Corpo que parecem ser os mais fracos merecem mais atenção. E é justamente o que Deus faz, pois Ele coordena o Corpo para que sempre seja uma unidade perfeita, e o propósito desta unidade é para que não haja divisão no Corpo e para que cooperem os membros em favor uns dos outros.


HÁ DIVISÕES NO CORPO?
Já vimos a diferença entre o Corpo e o Rebanho. Mas, erra-se também ao confundir o Corpo de Cristo com a Igreja.

“Irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo suplico a todos vocês que concordem uns com os outros no que falam, para que não haja divisões entre vocês, e, sim, que todos estejam unidos num só pensamento e num só parecer. Meus irmãos, fui informado por alguns da casa de Cloe de que há divisões entre vocês. Com isso quero dizer que cada um de vocês afirma: "Eu sou de Paulo"; "eu de Apolo"; "eu de Pedro"; e "eu de Cristo". Acaso Cristo está dividido? Foi Paulo crucificado em favor de vocês? Foram vocês batizados em nome de Paulo? 1 Coríntios 1:10-13”

Paulo fala acerca de divisões numa igreja local, e não no Corpo de Cristo. Ele apela para que sejam inteiramente unidos, na mesma disposição mental, pois na igreja local de Corinto havia o grupo que se dizia de Apolo, outro que dizia ser de Pedro, que ao que parece duvidava das credenciais de Paulo, preferindo manter o elo com Jerusalém através de Pedro. E havia o grupo dos que diziam que eram de Cristo e desprezavam qualquer ligação com os outros grupos, formando assim um partido isolado, como ainda vemos hoje com os separatistas e exclusivistas. No entanto, Paulo desaprovava também este grupo (2 Coríntios 10:7).

Enquanto ao Corpo de Cristo é formado pelo próprio Cristo como cabeça, membros, juntas e ligaduras, a Igreja é um ajuntamento de igrejas locais formadas por crentes evangelizados e discipulados por pastores, evangelistas, mestres e diáconos, ou seja, ministros por meio dos quais os crentes vieram a crer (1 Coríntios 3:5).

O Corpo é místico porque sua função primordial é atar os membros uns aos outros e uni-los à Cristo. Já a função primária da Igreja é terrena e voltada ao homem, isto é, pregar o Evangelho e fazer discípulos através do ensino da doutrina cristã.

Quando a plenitude dos gentios e judeus estiver completa, então haverá um só rebanho que englobará a Igreja e Israel. Mas, a Igreja, através dos santos, é parte do Corpo de Cristo que para efetuar o crescimento dado por Deus, precisa obrigatoriamente ser provido e organizado pelas juntas e ligaduras (Colossenses 2:19). Mas, os separatistas não aceitam a organização do Corpo de Cristo e também negam as juntas e ligaduras que organizam e alimentam o Corpo.

Quando Paulo fala acerca do Corpo de Cristo, ele ensina o que é a unidade do Corpo a despeito de toda a diversidade de vários povos, tribos, línguas e nações com as suas culturas e costumes (Apocalipse 5:9):

“Um faz distinção entre dia e dia; outro, porém, considera iguais todos os dias. Cada um proceda segundo sua convicção.” (Romanos 14:5)

O que é Paulo? o que é Apolo? o que é Cefas? O que são as denominações?
São ministros, são ministérios, são juntas, são ligaduras que dão provisão e organização ao Corpo para o crescimento dado por Deus. Paulo plantou e Apolo regou, mas só Deus pode fazer a semente
crescer. 

“Afinal de contas, quem é Apolo? Quem é Paulo? Apenas ministros por meio dos quais vocês vieram a crer, conforme o ministério que o Senhor repartiu a cada um. Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento. Por isso, nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento. Ora, o que planta e o que rega são um; mas cada um receberá o seu galardão segundo o seu trabalho. Porque nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus. Segundo a graça de Deus que me foi dada, pus eu, como sábio arquiteto, o fundamento, e outro edifica sobre ele; mas veja cada um como edifica sobre ele. Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo.” (1 Coríntios 3:5-11).

Na verdade aqueles que acusam o Corpo de estar dividido, e por isso ter falhado em sua missão de subsistência, ignoram ou não reconhecem que o CORPO É DE CRISTO.

Por mais que haja diversas denominações fazendo distinções entre dia e dia e dia e noite, e ainda considerando iguais todos os dias. Cada uma continue firme nas suas convicções (Romanos 14:5).

A única coisa que não podemos fazer em hipótese alguma é quebrar o princípio da unidade, a saber:

Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo.  
(1 Coríntios 3:11)

ESTOU SALVO OU AINDA POSSO PERDER A SALVAÇÃO?

Oséias Graça Tavares

Eu digo que para uma pessoa ser salva não só importa o conhecer a Cristo, antes importa ser conhecido por Cristo.

Cristo é onisciente, e como tal conhece todas as pessoas. Mas, a despeito disso, Cristo afirmou que nunca conheceu algumas pessoas que estavam na Igreja, chamando-O de Senhor, e também profetizando, expulsando demônios e realizando muitos milagres em Seu nome. Ainda assim Jesus lhes dirá claramente: ‘Nunca vos conheci. Afastem-se de mim vocês, que praticam o mal! ’(Mateus 7:21-23).

Eles estão na Igreja, possuem dons espirituais, e são usados por Deus, e Jesus, o onisciente, diz que nunca as conheceu?

Se Jesus não conhece tais pessoas, então como Ele as usa poderosamente?

Se Cristo não as conhece, então como Ele sabe que elas praticam o mal?

Em Romanos 8:29 Paulo diz que Deus conheceu algumas pessoas de antemão, e também os predestinou E aos que predestinou, também chamou; aos que chamou, também justificou; aos que justificou, também glorificou. (Romanos 8:30).

O que Jesus diz quando afirmou que nunca conheceu pessoas da Igreja é que quando Ele foi escolher de antemão os seus eleitos, aquelas pessoas de Mateus 7:21-23 e todos os falsos crentes não foram conhecidos de antemão na eleição.

No entanto, Jesus também é eterno, e quando um Ser eterno diz nunca, Ele está dizendo um nunca eterno. Por isso, a Bíblia registra que os nomes dos perdidos não estão escritos no livro da vida, desde a fundação do mundo. Ou seja, os perdidos nunca tiveram seus nomes escritos no livro da vida (Apocalipse 17:8). E isto nos leva a concluir que eles não perderam a salvação, mas NUNCA foram salvos nem por um dia sequer.

Paulo afirma que Deus nos escolheu em Cristo antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis em sua presença (Efésios 1:4). Contudo, Ele não apenas nos escolheu para sermos santos, mas também nos predestinou para sermos conformes à imagem de seu Filho. Ele também nos chamou para o Reino do Filho do seu Amor (Romanos 8:29).

Porém, não é a eleição, a predestinação e nem mesmo a chamada que definem a salvação, pois não adianta ser chamado e não ser escolhido. A salvação é definida na justificação, que PARA DEUS ocorreu antes da fundação do mundo, como também a glorificação de nossos corpos já está decretada.

E Deus conhece os que Lhe pertence, e a não ser que você creia que Deus possa se enganar, neste caso seria possível alguém que foi escolhido, predestinado, chamado, justificado e glorificado perder a salvação.

Mas, Jesus nunca conheceu os falsos crentes, porque nós, os salvos, temos o firme fundamento de Deus que permanece inabalável e selado com esta inscrição: "O Senhor conhece quem lhe pertence" (2 Timóteo 2:19).

E é por isso que Jesus diz: “Eu rogo por eles. Não estou rogando pelo mundo, mas por aqueles que me deste, pois são teus. Enquanto estava com eles, eu os protegi e os guardei pelo nome que me deste. nenhum deles se perdeu, a não ser aquele que estava destinado à perdição, para que se cumprisse a Escritura.” (João 17:9,12).

Crer que o salvo pode perder a salvação é crer que Jesus não é poderoso para nos proteger e nos guardar da perdição. No entanto, se Jesus, quando esvaziado de seus atributos, conseguiu proteger e guardar da perdição a todos os que o Pai lhe deu, imagina o Jesus que disse que todo poder Lhe foi dado na Terra e nos Céus. Este mesmo Jesus todo poderoso disse: “ESTOU CONVOSCO TODOS OS DIAS”. (Mateus 28:18-20).

Paulo estava plenamente convencido de que Ele era poderoso para cumprir o que havia prometido. (Romanos 4:21).

Paulo afirmou: ”Sei em quem tenho crido e estou bem certo de que Ele é poderoso para guardar o meu depósito até aquele dia.” (2 Timóteo 1:12).

Judas, o irmão do Senhor, afirmou Ele é poderoso para impedir os salvos de cair para poder apresentá-los diante da sua glória sem mácula e com grande alegria. (Judas 1:24).

Pedro também afirma que a escolha se deu de acordo com a presciência de Deus Pai, ou seja, antes da fundação do mundo, pela obra santificadora do Espírito, para a obediência a Jesus Cristo. Aqui cabe destacar que a escolha se dá para obediência, e não pela obediência. (1 Pedro 1:2).

Será que a presciência de Deus pode falhar ou há engano no Altíssimo? É claro que não. Ele é Aquele que anuncia o fim desde o princípio (Isaías 46:9,10).

Pedro afirma Deus nos deu as suas grandiosas e preciosas promessas, para que por elas nós nos  tornássemos participantes da natureza divina e fugíssemos da corrupção que há no mundo, causada pela cobiça. (2 Pedro 1:4)

O salvo participa da natureza de Deus, isto porque ela passa a ser filho regenerado (gerado de novo) por Deus.

Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado; porque a sua semente permanece nele; e não pode pecar, porque é nascido de Deus. (1 João 3:9).

Somos participantes da natureza divina porque a semente (spérma no grego) de Deus permanece em nós, e nos impede de pecar.

E, aqui, João diz que o nascido de Deus carrega em si o sêmen divino. E que este sêmen da graça é que o impede o nascido de Deus ( a nova criatura) de viver uma vida que tivesse contentamento na pratica da violação da consciência do homem interior criado por Deus.

E este é um processo constante e crescente. Até Cristo ser gerado em nós.

Portanto, a luz das Escrituras e a vista do acima exposto é impossível que um cristão justificado por Deus venha a perder a sua salvação, pois dos dons e da sua vocação Deus não se arrepende. E a salvação é um dom de Deus (Romanos 11:29).

Finalizo com esta garantia do Senhor aos seus eleitos:

“Porque se levantarão falsos cristos e falsos profetas, que farão milagres a ponto de enganar, se isto fosse possível, até mesmo os escolhidos.” Mateus 24:24.

Portanto, o Senhor confirma que não é possível enganar um eleito do Senhor, e fazê-lo seguir um falso profeta e um falso cristo.

O PLANO DE DEUS PARA OS HOMENS

Oséias Graça Tavares

E Deus viu tudo o que havia feito, e tudo havia ficado muito bom. (Gênesis 1:31)

CONDIÇÃO DO HOMEM AO SER CRIADO
1-      Deus fez o homem reto e com livre-arbítrio, e lhe deu o governo sobre a terra e sobre os animais.

2-      O homem pecou, e houve um rebaixamento moral chamado de queda;

3-      A queda atingiu a retidão tornando seu arbítrio escravizado pelo pecado.

4-      Ao obedecer a um animal sobre o qual ele devia ter domínio, o homem perdeu o governo da terra.

5-      O diabo passou a ser o príncipe deste mundo, e a ter nas mãos os reinos do mundo.

6-      O pecado trouxe doenças e a morte física – ao pó voltarás

7-      Depois de pecar o homem passou a ter descendentes nascido à sua imagem e semelhança caída.

8-      Todos os descendentes nascem em pecado desde a madre e estão condenados a morte física, e estão separados de Deus por causa do pecado, e esta separação os condena a morte eterna.

9-      Por ter o seu arbítrio escravizado pelo pecado somente para praticar o mal, o homem não pode fazer o bem, e nem buscar a Deus.

10-  Deus é a fonte de todo bem incluindo a salvação. Se o homem não busca a Deus, só lhe resta ser alcançado pela graça de Deus, ou seguir separado de Deus para todo o sempre.

PLANEJAMENTO DO PAI
1-      Deus é onisciente, e dentro de sua onisciência há outro atributo denominado presciência, que faz com que Deus atue no tempo, embora esteja fora de qualquer fração e sucessão temporal. Ou seja, Deus está fora do tempo, e assim passado e futuro estão sempre diante dEle como um eterno presente onde não há tempo. Deus vê simultaneamente o passado, o futuro e o presente dos homens, mas para Deus não há sucessão de tempo.

2-      Deus, antes de criar o mundo, fez um plano que envolvia a criação, a queda, a redenção e o estado eterno dos anjos e dos homens.

3-      Deus poderia criar anjos e homens como robôs obedientes. Mas Deus quis que a criação do Universo fosse algo grandioso para a Sua glória. Mas, nada se compara em glória do que criar seres a sua imagem e semelhança com emoções, intelecto e vontade própria, e assim Deus criou os anjos imortais, espirituais, fortes e poderosos.

4-      Boa parte dos anjos pecou, e Deus, que de antemão sabia desta queda, também já havia preparado o inferno como uma prisão temporária e também o lago de fogo como prisão eterna para o diabo e seus anjos, pois Deus decidiu não resgatá-los do abismo moral em que caíram sendo banidos da presença de Deus.

5-      Para o louvor da Sua glória Deus criou o homem, e para usar de misericórdia com todos e ser glorificado, Deus colocou uma arvore no jardim do Éden, onde o homem vivia. E, ordenou-lhe que não comesse do fruto daquela arvore, avisando-o que certamente morreria ao comer do tal fruto.

EXECUÇÃO DO FILHO
1-      Deus quer se relacionar com homem, mas o pecado faz separação entre o Santo Deus e o homem pecador.

2-      Então Deus concede graça a alguns desses pecadores caídos, e assim Deus se relaciona com Abel, Sete, Enos, Enoque, Noé até chegar a Abraão, e lhe dizer que ele foi o escolhido para gerar o povo de Deus. Observe que não foi Abraão que buscou a Deus, mas Deus buscou a Abraão.

3-      Deus poderia escolher um povo que já existia na terra, e fazer dele o seu povo. Mas, o Senhor formou um povo para Si através dos patriarcas Abraão, Isaque e Jacó. E o Senhor formou para Si o povo de Israel, e o conduziu com a Sua mão pela História como Lhe aprouve.

4-      Através de Moisés o Senhor deu a sua Lei ao povo de Israel para mostrar que o homem é pecador caído e incapaz de restabelecer a paz e a comunhão com Deus por meio da obediência à Lei de Deus, pois embora a Lei seja boa e espiritual, todo homem é carnal e vendido sob o pecado.

5-      Assim, a Lei se tornou uma maldição condenatória e um ministério de morte porque pela obediência à Lei ninguém jamais foi declarado justo diante de Deus porque o homem ao tentar se justificar por obedecer aos preceitos da Lei, sempre tropeçava em um se tornando assim culpado por ter transgredido todos os preceitos. Ou se obedecia a todos ou transgredia a todos. Assim, nunca nenhum homem foi justificado e salvo por meio da obediência à Lei.

6-      Deus já havia colocado em prática um plano provisório que por meio de "tipos" permitia que o homem caído pudesse ter seus pecados cobertos (e não perdoados) para assim poder ter comunhão com o Senhor Santo.

7-      O tipo é a imagem ou a representação de alguma coisa que vai acontecer em tempo futuro, e assim Deus introduziu a Antiga Aliança, as profecias, o templo, o altar, os sacrifícios de animais, o cordeiro pascal, expiação de pecados através do bode expiatório, o sumo sacerdote, etc. O antítipo é a realidade da coisa da qual o tipo é representação. Assim, a Nova Aliança e a sã doutrina se sobrepõem a Antiga Aliança e as profecias, o corpo como o templo, o coração como o altar, Cristo como o cordeiro sacrificado, o bode expiatório e o Sumo sacerdote. O tipo pode ser propriamente chamado ‘sombra’; o antítipo, a ‘realidade’.

8-      Quando chegou a plenitude do tempo determinado por Deus, o Pai enviou o Seu Filho para cumprir a Lei, anunciar o Evangelho do Reino, pagar o preço do resgate do homem, pagar a pena pela condenação do homem levando sobre si todos os pecados de todos os homens de todos os tempos, e cancelar a dívida do homem, tornando-se assim o Salvador de todo aquele que nEle crê.

APLICAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO
1-      A salvação do homem é uma dádiva de Deus ao homem que estava afogado no mar de pecado, e Deus mergulhou neste mar para resgatar o homem. Assim, a separação entre Deus e os homens não existe mais.

2-      É de graça, ou seja, não há preço a pagar.

3-      É pela graça de Deus. Ou seja, é um favor de Deus, e não uma recompensa. Não é algo que temos que fazer para obtê-la e nem podemos nos gloriar por ter conseguido.

4-      É mediante a fé, ou seja, a fé não é meritória. Qual é a glória de se acreditar em algo que alguém fez por você?

5-      A aplicação da salvação trouxe mudança de Aliança, agora estamos aliançados com Deus firmados pelo sangue de Jesus, de modo que se formos infiéis ainda assim Deus mantém a sua parte na aliança.

6-      Houve mudança de sacerdócio, agora saímos da sombra que era o sacerdócio levítico, e passamos para a realidade da ordem de Melquisedeque.

7-      Houve mudança de doutrina, agora a igreja persevera nas doutrinas dos apóstolos de Cristo.

8-      Seguem as várias etapas da salvação:

A-  Eleição - “Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante dele em amor”.  (Ef 1:4).

Eleição, do grego eklogên, é a base do plano da redenção. A eleição é a escolha que Deus fez para separar os salvos dentre os perdidos. Deus fez esta escolha porque quis fazer, foi um ato de sua soberania. Contudo esta escolha não foi um ato arbitrário ou de tirania, e nem tampouco há injustiça da parte de Deus porque o Oleiro tem direito sobre o barro.

“Mas nós devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos, amados do Senhor, porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e pela vossa fé na verdade, e para isso vos chamou pelo nosso evangelho, para alcançardes a glória de nosso Senhor Jesus Cristo”.  (2ª Ts 2:13,14).

Eleger ou escolher é: preferir dentre dois ou mais. Portanto, não existe isso de dizer que Deus elegeu uns para a salvação e outros para a perdição. Deus escolheu uns para a salvação, e não escolheu os demais.

B- Predestinação – “nele, digo, no qual também fomos feitos herança, havendo sido predestinados conforme o propósito daquele que faz todas as coisas segundo o conselho da sua vontade”.  (Ef 1:11).”

Predestinar, do grego proorizo, é o ato não causal pelo qual Deus predeterminou desde antes da fundação do mundo a vida de algumas pessoas a algo que está fadado a acontecer impreterivelmente. A predestinação se refere ao poder de Deus para arranjar as circunstâncias a fim de cumprir seus planos, inclusive o da salvação. Deus predestinou àqueles que de antemão conheceu, foi a estes eleitos que Deus predestinou para serem conforme a imagem de Cristo, pois após a queda do homem, este passou a ser conforme a imagem caída de seus pais (Gn 5:3). A predestinação tem como base o beneplácito de Deus. A palavra beneplácito tem somente o sentido de aprovação, consentimento. Assim, Deus predestinou os eleitos para serem seus filhos adotivos consentindo que eles tivessem a imagem de Cristo.
“e nos predestinou para sermos filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade”.  (Ef 1:5).

C-  Expiação - “... Porque Cristo, nossa páscoa, já foi sacrificado por nós”.  (1ª Co 5:7).

Expiação é um ato judicial pelo qual Deus pune os pecadores pelos seus pecados, provendo um substituto imaculado, lhe imputando todo o pecado e a culpa da humanidade pelos seus pecados e por causa do pecado de Adão (Is 53:4-7). Deus condenou o nosso substituto a pagar o preço da dívida pelo pecado da humanidade. O substituto teve os nossos pecados lhe imputados, e por isso o substituto teve de pagar a nossa divida para com Deus com sua vida e com o seu sangue imaculado, pois a condenação era a morte de um justo pelos injustos. O verbo expiar vem do hebraico kaphar, e significa cobrir, e inclui a ideia de cobrir pecados desviando a ira de Deus (Sl 78:38). Expiação é a palavra síntese para a obra realizada por Cristo, e pela expiação nossos pecados são perdoados (Sl 78:38), cobertos (Sl 32:1) e apagados e esquecidos (Is 43:25). Adão após pecar, transmitiu à sua posteridade uma propensão para o mal, por isso o primeiro homem que nasceu neste mundo assassinou o segundo. E toda a humanidade herdou a natureza pecaminosa de Adão que gerou filhos e filhas à sua semelhança, conforme a sua imagem caída (Gn 5:3,4).

D-  Chamada - “Estes combaterão contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, porque é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão também os que estão com ele, os chamados, e eleitos, e fiéis”. (Ap 17:14).

Chamada ou vocação é o ato de graça pelo qual Deus convida os homens, através de sua palavra, a receberem pela fé a salvação providenciada por Cristo.

“Portanto, somos embaixadores de Cristo, como se Deus estivesse fazendo o seu apelo por nosso intermédio. Por amor a Cristo lhes suplicamos: Reconciliem-se com Deus.” (2ª Co 5:20).

E- Conversão - “Porque o coração deste povo se endureceu, e com os ouvidos ouviram tardiamente, e fecharam os olhos, para que não vejam com os olhos, nem ouçam com os ouvidos, nem entendam com o coração, nem se convertam, e eu os cure”. (Mt 13:15).

Conversão é o ato exterior, visível e prático da salvação, que ocorre uma só vez, e é permanente. Os dois aspectos da conversão são o arrependimento e a fé (Mt 21:32). Não há conversão onde a fé esteja desassociada do arrependimento. O arrependimento e a fé são atos subsequentes, quase simultâneos, da conversão, isto é, existe uma pequena separação cronológica entre eles. Podemos dizer que o pecador creu em Jesus porque se arrependeu de seus pecados, pois Jesus disse que o homem se arrepende para crê, ou seja, o arrependimento vem primeiro do que a fé: “vós, porém, vendo isto, nem depois vos arrependestes para crerdes nele”. (Mt 21:32).

F- Justificação – “Justificados, pois, pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo”. (Rm 5:1).

A justificação é um ato judicial de Deus, no qual ele declara, com base na justiça de Cristo, que todas as reivindicações são satisfeitas com vista ao pecador.

A justificação é o ato judicial através do qual Deus soberanamente decreta a absolvição do pecador, e o declara justo (At 13:39). A justificação veio como um ato da graça e do amor de Deus por causa da ofensa do homem (Rm 5:18).

A justificação é um ato de misericórdia de Deus que não merecemos. Perdoar significa esquecer os pecados. Justificar é declarar o pecador como se nunca houvesse cometido pecados. O fundamento da justificação é a obediência e morte redentora de Cristo, assim como sua ressurreição.

“Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará satisfeito; com o seu conhecimento o meu servo justo justificará a muitos, e as iniquidades deles levará sobre si”. (Is 53:11).

“Pois todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente por sua graça, por meio da redenção que há em Cristo Jesus.” (Rm 3:23,24).


G- Reconciliação - “Porque se nós, quando éramos inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida. E não somente isso, mas também nos gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, pelo qual agora temos recebido a reconciliação”.  (Rm 5:10,11).

A reconciliação é a operação graciosa de Deus pela qual ele reconcilia os pecadores consigo mesmo, por meio da morte de Jesus Cristo, removendo a inimizade (Cl 1:20-22).

O pecado fazia separação entre os homens e Deus (Is 59:2), no entanto, Jesus rasgou o véu (Lc 23:45), nos reconciliando com Deus e nos dando livre acesso ao Pai (Ef 2:18). Esta reconciliação nos traz a paz, mas o acesso é obtido pela fé (Rm 5:1,2).

O termo ‘reconciliar’ significa ‘estabelecer paz entre pessoas’. Tem o sentido de acordo e paz que são o resultado da reparação do erro. Portanto, reconciliação é a ação de Deus pela qual nossa comunhão com ele é restabelecida através da morte de Cristo.

“Mas todas as coisas provêm de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Cristo, e nos confiou o ministério da reconciliação; pois que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões; e nos encarregou da palavra da reconciliação. De sorte que somos embaixadores por Cristo, como se Deus por nós vos exortasse. Rogamos-vos, pois, por Cristo que vos reconcilieis com Deus”.  (2ª Co 5:18-20).

A reconciliação é o cancelamento da inimizade entre duas partes em litígio. De um lado o Santo Deus e do outro lado a humanidade pecadora. Mas Deus, a parte ofendida toma a iniciativa de promover a reconciliação com o mundo inteiro. Pois Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo inteiro, não imputando aos homens as suas transgressões. E aqueles que são reconciliados com Deus, estão encarregados de divulgar a palavra da reconciliação para que o mundo se reconcilie com Deus.

H- Regeneração - “Não em virtude de obras de justiça que nós houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou mediante o lavar da regeneração e renovação pelo Espírito Santo”.  (Tt 3:5).

A regeneração é o ato soberano de Deus pelo qual o princípio de uma nova vida é implantado no homem. É a comunicação de vida divina à alma sob o comando do Espírito Santo, que implica numa completa e radical mudança interior. Através da regeneração somos introduzidos na família de Deus pela ação poderosa do Espírito Santo, na qual Deus cria de novo a natureza interior, libertando o arbítrio do homem que estava aprisionado pelo mal.

A palavra regeneração é oriunda do grego palingenesia que literalmente significa o retorno das coisas ao seu primitivo estado. Segundo a Bíblia a regeneração é o novo nascimento. Segundo o dicionário Aurélio regeneração, primariamente, significa: Tornar a gerar.

Todo cristão verdadeiro teve dois nascimentos: um natural e um eterno. E, não se trata de transformação do velho homem num novo homem, mas Deus cria um novo homem com capacidade de lutar e subjugar o velho reduzindo-o à escravidão.

I-  Adoção – “Ora, digo que por todo o tempo em que o herdeiro é menino, em nada difere de um servo, ainda que seja senhor de tudo; mas está debaixo de tutores e curadores até o tempo determinado pelo pai. Assim também nós, quando éramos meninos, estávamos reduzidos à servidão debaixo dos rudimentos do mundo; mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido debaixo de lei, para resgatar os que estavam debaixo de lei, a fim de recebermos a adoção de filhos. E, porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai. Portanto já não és mais servo, mas filho; e se és filho, és também herdeiro por Deus”. (Gl 4:1-7).

Adoção é o ato pelo qual Deus recebe como filho próprio alguém que não é seu filho legítimo, conferindo-lhe todos os direitos e obrigações dessa posição. A palavra adoção vem do grego huiothesia, e significa literalmente ‘por como filho’.

Adoção é o resultado da ressurreição de Cristo e se dá por meio da imputação, na qual a justiça de Cristo, que dá o direito legal à adoção, é imputada ao crente.

A regeneração é uma operação que nos dá o poder para nos tornarmos filhos de Deus no que tange ao novo nascimento, ou seja, sermos revestidos da natureza divina e santa (Jo 1:12),contudo ainda seremos legalmente como os ímpios, ou seja, criaturas de Deus.

J- Santificação - “Mas agora, libertos do pecado, e feitos servos de Deus, tendes o vosso fruto para santificação, e por fim a vida eterna”. (Rm 6:22).

Santificação é a graciosa e contínua operação do Espírito Santo pela qual Ele renova toda a natureza do pecador justificado à imagem do Filho de Deus, separando-o para uso exclusivo do Senhor.

A palavra geralmente usada no hebraico é kadosh, que significa separado. A raiz grega da qual se origina esta e outras palavras correlatas, é o vocábulo grego hagios. O pensamento mais próximo no grego secular era: sublime, consagrado, venerável. Observe que o elemento moral está totalmente ausente.
“porque, por meio de um único sacrifício, ele aperfeiçoou para sempre os que estão sendo santificados.” (Hb 10:14).

É um erro confundir a santificação com a retidão. Enquanto a retidão tem a ver com práticas e condutas moralmente corretas, a santificação é o processo de sublimar, estar acima, transcender, ou seja, se tornar sublime, o que nada mais é do que se aproximar de Deus. Por isso aqueles que estão sendo santificados procuram as coisas que são do alto, onde Cristo está assentado à direita de Deus, (Cl 3:1) e nós, os santificados, estamos assentados com Ele nos lugares celestiais (Ef 2:6).

Deus é santo, santo, santo porquanto é tão separado que é o único que é imortal e habita em luz inacessível, a quem ninguém viu nem pode ver, e está assentado sobre um alto e sublime trono (Is 6:1), e o próprio Cristo (que nunca pecou) disse: “E por eles me santifico a mim mesmo, para que também eles sejam santificados na verdade.” (Jo 17:19) e a Bíblia nos ordena a santificar Àquele que é Santíssimo (1 Pe 3:15).

“Porque assim diz o Alto e o Sublime, que habita na eternidade, e cujo nome é Santo: Num alto e santo lugar habito; como também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos, e para vivificar o coração dos contritos.” Isaías 57:15

Nas Escrituras, uma pessoa (ou coisa) é chamada santa por motivo de haver sido separada para serviço exclusivo de Deus (Rm 1:1), e feito participante da santidade de Deus (Hb 12:10).

Portanto, a santificação nada mais é do que a adequação à imagem do Filho de Deus, algo que todos os eleitos estão predestinados para se adequar (Rm 8:29).
  
K- Perseverança dos Santos - “Pela vossa perseverança ganhareis as vossas almas”. (Lc 21:19).

A perseverança é um dos mais belos assuntos doutrinários que temos na palavra de Deus. A perseverança dá ao crente segurança espiritual (Cl 4:2) e o deixa vigilante (Mt 24:4,5) para jamais ser enganado. A perseverança faz o crente ser firme e constante (1ª Co 15:58), para nunca ser levado por ventos de doutrinas e heresias (Ef 4:14).

“Porque necessitais de perseverança, para que, depois de haverdes feito a vontade de Deus, alcanceis a promessa.” (Hb 10:36).

Viver uma vida de perseverança não é para quem apenas professa a fé em Cristo, ou se torna membro de uma denominação evangélica, mas é uma necessidade daqueles que têm uma experiência genuína com o Senhor, e que estão dispostos a viverem para Deus. A perseverança leva o crente a uma vida de comunhão e consagração.

L-  Segurança Eterna
“Aparta-te do mal e fazei o bem; e terás morada permanente. Pois o Senhor ama a justiça e não desampara os seus santos. Eles serão preservados para sempre, mas a descendência dos ímpios será exterminada”. (Sl 37:27,28).

A segurança é a garantia eterna e imutável da salvação, iniciada e completada por Deus, no coração dos regenerados. A segurança eterna representa o lado divino que complementa a perseverança.

Ao falarmos sobre a segurança eterna da salvação, devemos refletir e procurar responder a grande questão: é possível um cristão perder a salvação? Antes de respondermos a esta pergunta, faremos uma consideração inicial. Em que consiste a salvação? Se respondermos que ela é algo que deva ser conquistado pelo próprio homem através de seus esforços, então teremos que admitir que é possível ao homem perder a sua salvação. Entretanto, a salvação não é uma conquista humana, mas um dom de Deus (Ef 2:8).

A palavra dom vem do grego charisma e significa presente. Portanto, a salvação não vem de nós mesmos, dos nossos esforços, mas vem graciosamente de Deus. Se a salvação é um presente, e não uma recompensa aos nossos sacrifícios, então, ela não pode ser perdida. A Escritura afirma que “os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis” (Rm 10:29). Seria muito deselegante dar um presente, e depois tomá-lo de volta. Deus jamais faria tal coisa. Por ser um dom, nossa salvação é irrevogável.

M- Glorificação - “Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifesto o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é, o veremos”. (1ª Jo 3:2).

Glorificação é a operação divina pela qual o crente regenerado há de ressuscitar corporalmente, tendo seu corpo abatido, transformado à semelhança do corpo glorioso do Senhor Jesus (Fp 3:21).

A glorificação é o ponto em que as doutrinas da salvação (soteriologia) e das últimas coisas (escatologia) se entrelaçam163, pois apontam, além desta vida, para um estado eterno.
Assim como a natureza espera sua redenção (Rm 8:22), o salvo espera ansioso a redenção do corpo (Rm 8:23), pois neste momento se dará a glorificação final do crente, quando seremos transformados a semelhança do Senhor (Rm 8:29,30).

Deus, ao criar o homem, o fez à sua imagem, conforme a sua semelhança (Gn 1:26), consequentemente, o homem foi criado com a glória de Deus (Ex 16:7). Mas, o pecado causou a perda da glória divina no homem (Rm 5:12). Somente em Cristo podemos ser restaurados à imagem e à glória divina (2ª Co 3:18).

Jesus disse: "Está consumado!" João 19:30

O ESTADO ETERNO

1.       Novos Céus e Nova Terra
Há uma ideia errada de como realmente é o Céu. Nos capítulos 21 e22 de Apocalipse vemos uma descrição detalhada dos Novos Céus e Nova Terra. Depois do fim dos tempos, os atuais Céus e Terra serão destruídos e substituídos por Novos Céus e Nova Terra. O lugar de habitação eterna dos crentes será a Nova Terra. A Nova Terra é o que chamamos de “Céu”, o local onde passaremos a eternidade. É na Nova Terra, onde a Nova Jerusalém, a cidade celestial, se estabelecerá quando descer do céu. É a Nova Terra o lugar onde haverá portões de pérolas e ruas de ouro. Portanto, a Nova Terra é o lugar físico onde habitaremos com corpos físicos já glorificados (I Co 15:35-58). O Céu onde os crentes viverão será um novo e perfeito planeta no qual habitaremos. O Novo Céu será livre de pecado, mal, enfermidade, sofrimento e morte. Será provavelmente muito parecido com nossa Terra atual, ou talvez até uma recriação de nossa terra atual – mas sem a maldição do pecado.
Todo o universo será criado, uma Nova Terra, novos céus, um novo espaço sideral.

2.       Teremos comunhão com nossos amigos e familiares no Céu
Na eternidade, haverá tempo de sobra para ver, reconhecer e estar na companhia dos nossos amigos e familiares. No entanto, esse não será o nosso foco principal porque estaremos muito mais ocupados em adorar a Deus, servi-lo, aprender os mistérios de Deus e desfrutar das maravilhas do Céu.

"Pois eis que eu crio novos céus e nova terra; e não haverá lembrança das coisas passadas, jamais haverá memória delas." (Is 65:17). No entanto, o versículo anterior nos diz: "já estão esquecidas as angústias passadas e estão escondidas dos meus olhos." (Is 65:16,) Portanto, as nossas "angústias passadas" serão esquecidas - não todas as nossas lembranças. As nossas memórias serão purificadas, redimidas, curadas e restauradas - não apagadas. Não há nenhuma razão pela qual não poderíamos possuir muitas lembranças da nossa vida terrena. As lembranças que serão apagadas são as que envolvem o pecado, dor e tristeza. Apocalipse 21:4 declara: "E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram."

Os crentes apenas se lembrarão das coisas santas que valem a pena ter na memória, decerto não se lembrarão do que lhes causou tanta tristeza (Ap 22.3-5).

3.       O Destino Final dos Salvos
O estado final dos salvos é descrito como vida eterna. Mas, não é apenas uma vida sem fim, mas a vida em toda a sua plenitude, sem doenças e mortes (Rm 2.7). Os salvos viverão eternamente na presença de Deus, quando o Universo for submetido a um glorioso processo de renovação (2ª Pe 3.7, 10-13).

A vida eterna é desfrutada na comunhão com Deus, o que é realmente a essência da vida eterna (Ap 21.3). Os Justos verão a Deus (1ª Jo 3.2), encontrarão plena satisfação nEle e O glorificarão eternamente. As melhores palavras da linguagem humana são inadequadas para descrever as gloriosas realidades da vida eterna com Deus.

No céu os santos descansaremos (Ap 14.13; 21.4), gozando a realização plena da vida, a luz e a beleza (Ap 21.23; 22.5).
No céu os santos obteremos a plenitude de conhecimento (1ª Co 13.12).
No céu os santos serviremos ao Senhor (Ap 22.3), e gozaremos (Ap 21.4) cultuando ao Senhor com louvores, adoração e exaltação (Ap 21.22). Iremos honrar e o engrandecer ao Senhor.
No céu os santos viveremos a eterna comunhão com Deus, com os anjos e com todos os justos da Igreja.

Atividade principal no Novo Céu será a de louvor e adoração ao nosso Criador, Redentor, Senhor e Rei. Será um culto eterno a Deus, pois a majestade, a beleza e magnificência do Senhor nos levarão achar mais e mais motivos para glorificá-lo. Os atrativos da Sua glória produzirão em nós eternas razões para exaltá-lo eternamente.

“Biblicamente, a vida eterna não é apenas a promessa da vida na eternidade, mas é também a qualidade de vida característica das pessoas que vivem na eternidade. Tem a ver com qualidade tanto quanto duração (Jo 17.3). Não é apenas viver para sempre. A vida eterna é ser participante do reino onde habita Deus. É andar com o Deus vivo, em comunhão infindável.” John MacArthur

“Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos! Por que quem compreendeu a mente do Senhor? ou quem foi seu conselheiro? Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado? Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém." (Rm 11.33-36).

“Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim. Felizes os que lavam as suas vestes, para que tenham direito à árvore da vida e possam entrar na cidade pelas portas. Eu, Jesus, enviei o meu anjo para dar a vocês este testemunho concernente às igrejas. Eu sou a Raiz e o Descendente de Davi, e a resplandecente Estrela da Manhã.
O Espírito e a noiva dizem: "Vem!" E todo aquele que ouvir diga: "Vem!" Quem tiver sede, venha; e quem quiser, beba de graça da água da vida.
Aquele que dá testemunho destas coisas diz: "Sim, venho em breve!" Amém. Vem, Senhor Jesus!
A graça do Senhor Jesus seja com todos. Amém.” (Ap 22:13-21).