CO-HERDEIROS

 Marcos Alexandre Damazio 

Toda doutrina antibíblica ou extrabíblica é uma heresia. E toda doutrina, conceito e princípio baseado na Bíblia, porém interpretado erroneamente, ou interpretado forçosamente a bel-prazer, ou ainda interpretação de um texto fora de seu contexto literário, geográfico e histórico, ou a interpretação de um texto isolado criando um pretexto doutrinário, é uma heresia  bíblica.
 ABRA A BIBLIA E CONFIRA TODOS OS TEXTOS BÍBLICOS, esvazie-se de todo conceito doutrinário e dogmático já formado, assim como de todo espírito crítico, ore a Deus, peça unção (1ª João 2:27) e peça sabedoria (Tiago 1:5), leia as referências, e veja o verdadeiro evangelho que foi pregado à Igreja primitiva pelo apóstolo Paulo (Romanos 2:16).  NÃO LEIA SEM CONSULTAR A BÍBLIA.
Veremos nos próximos tópicos algumas verdades bíblicas que não são propagadas nos púlpitos das igrejas. E como tema do nosso estudo leremos o texto de Gálatas 4:7 que diz:
“De sorte que já não és servo, porém filho; e, sendo filho, também herdeiro por Deus.”
Em todos os reinos, os súditos sempre quiseram ser servos do rei. No Reino de Deus não é diferente, pois todos querem ser súditos e servos do Rei. Mas o Rei quer que tudo seja diferente no seu Reino. No Reino de Deus não há súditos, pois todos os participantes deste Reino são irmãos do Rei. Os servos já não são mais servos, e sim filhos do dono do Reino e irmãos do Rei.
Nós somos filhos de Deus, e mesmo sendo Deus um Ser imortal, foi da sua vontade deixar todos os seus bens como herança para o seu único Filho gerado, e também para os seus filhos adotados que recebem a herança como co-herdeiros de seu filho unigênito.
“Ora, se somos filhos, somos também herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo. se é certo que com ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados.”  (Romanos 8:17)
Em todos os casos de herança, os herdeiros recebem a herança por nomeação registrada em testamento, ou, na ausência deste, por grau de parentesco. A nossa herança foi prometida por Deus no Novo Testamento (Tito 3:7) e assim como Deus nos adotou como filhos, nos escolheu para sermos seus herdeiros, para de fato nos mostrar o quanto nos ama e o quanto quer que desfrutemos da sua riqueza (Tiago 2:5).

1.      IRMÃOS DE JESUS
O motivo pelo qual Deus nos fez co-herdeiros com Cristo está no fato de sermos irmãos de Jesus. Deus criou o homem a sua imagem e conforme a sua semelhança (Gênesis 1:26; 5:1), porém o homem pecou e depois passou a gerar filhos a sua semelhança e conforme a sua imagem. A partir de Sete os homens já não eram a imagem de Deus (Gênesis 5:3), e Deus queria que homem fosse a imagem de Jesus, e por isso a todos que O receberam deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus (João 1:11) conforme a imagem de seu Filho Jesus para que Ele fosse o primogênito entre muitos irmãos, e nós somos estes muitos irmãos (Romanos 8:29). Para muitos isto é uma blasfêmia, mas para Jesus é motivo de muito louvor e glória, e é por isso que Ele não se envergonha de nos chamar de irmãos (Hebreus 2:11,12).

2.      AMIGOS DE JESUS
Se para muitos o fato de sermos irmãos de Jesus é uma ofensa, imagine o tamanho da blasfêmia se dissermos que somos amigos de Cristo. Mas para a surpresa de alguns, foi o próprio Senhor quem tomou a iniciativa de nos chamar de seus amigos (Lucas 12:4). Jesus não é amigo do povo de Deus como um todo, e sim amigo de cada um de nós individualmente e nominalmente (João 11:11), pois Cristo deu sua própria vida em favor dos seus amigos (João 15:13).
Jesus é o Senhor, logo nós deveríamos ser seus servos. Porém, Jesus diz que quem lhe obedece são seus amigos, e não seus servos. Jesus nos confidencia todas as coisas, numa relação de amigo para amigo. Numa relação de senhor para servo não existem confidências e nem amizades. Nós já não somos servos, mas Jesus é e sempre será o Senhor (João 15:14,15).

3.      JUIZES
Além de herdarmos o direito de sermos irmãos e amigos de Jesus, nós herdamos o direito de julgarmos o mundo, e não somente o mundo, mas também os anjos caídos. Nós não somos do mundo, e por isso nós julgaremos o mundo, e por este motivo o  mundo nos  odeia  (João 17:14) .
A grande fúria de satanás e seus demônios contra a Igreja se dá pelo fato de que nós julgá-los-emos e condená-los-emos, culminando em sua derrota final. Esta é a autoridade dos amigos de Jesus que julgaremos o mundo e os anjos caídos (1ª Coríntios 6:2,3).

4.      LUZ DO MUNDO
O Senhor Jesus disse: “Eu sou a luz do mundo.” (João 8:12)
Baseado nesta declaração, muitos pregam mundo afora que Jesus é a luz do mundo, e vivem esperando a luz de Jesus brilhar sobre o mundo. Porém, o próprio Jesus disse que só seria a luz do mundo enquanto estivesse no mundo, período este que durou cerca de 33 anos.
“Enquanto estou no mundo sou a luz do mundo” (João 9:5).
Para toda esta questão o próprio Senhor Jesus tem a resposta:
“Vós sois a luz do mundo...” (Mateus 5:14).
Nós somos a luz do mundo, portanto, não precisamos de luz para sermos iluminados. Nós temos de brilhar sobre o mundo, pois até a luz nós co-herdamos com Cristo.

5.      PARTICIPANTES DA NATUREZA DIVINA
Tem um ditado popular que diz: “Filho de peixe peixinho é”
E filho de Deus?  deusinho é?
Cada ser gera conforme a sua espécie. Mas quando se trata de filho de Deus não é assim, pois Deus só gerou um Filho, que é o Senhor Jesus. Porém, nós fomos gerados por nossos pais segundo a carne, e regenerados por Deus. Quando Deus nos regenera, Ele nos torna participantes da sua natureza divina (2ª Pedro 1:3,4). Para que você possa entender, o homem é participante da natureza humana, os anjos são participantes da natureza angélica e a Trindade é participante da natureza divina.  Então o que Deus nos faz é nos trazer para a sua natureza nos regenerando como seus filhos.
Vemos que Deus nos doa todas as coisas que conduzem a vida e a piedade e nos chama para a sua própria glória e virtude (2ª Pedro 1:3,4).
“Eu e o Pai somos um” (João 10:30).
Esta declaração de Jesus Cristo despertou a ira dos judeus, que tentaram matá-lo, pois para os judeus Jesus tinha blasfemado ao dizer que era um com o Pai (João 10:31-33). Jesus defendeu-se da seguinte maneira:
“Não está escrito na vossa lei: Eu disse: Sois deuses? Se ele chamou deuses àqueles a quem foi dirigida a palavra de Deus, e a Escritura não pode falhar, então daquele a quem o Pai santificou e enviou ao mundo, dizeis: Tu blasfemas, porque declarei: Sou Filho de Deus?”
(João 10:34-36)
Jesus cita um texto do Antigo Testamento no qual Deus chama homens de deuses (Salmos 82:1,6,7). Baseado neste texto Jesus indaga aos judeus:
Se Deus no Antigo Testamento chamou homens de deuses, vocês querem me matar por eu ter dito que sou Filho de Deus?
A resposta de Jesus é de tamanha sabedoria, pois Deus, no Antigo Testamento diz:
“Eu disse: Sois deuses, sois todos filhos do Altíssimo. Todavia, como homens,  morrereis e, como qualquer dos príncipes, havereis de sucumbir.” (Salmos 82:6,7).
Nós somos filhos do Altíssimo, logo somos deuses, isto é, participantes da natureza divina. Sendo participantes da natureza divina podemos praticar a justiça e sermos justos assim como Deus é justo (1ª João 3:7). Deus, através da disciplina, nos faz participantes da sua santidade (Hebreus 12:10), pois, segundo Deus é, também nós somos neste mundo (1ª João 4:17).
Veja nesta planilha o que significa sermos co-herdeiros com Cristo:

Participantes da Natureza de Deus
2ª Pedro 1:3,4
Participantes da Santidade de Deus
Hebreus 12:10
Justo Como Deus é Justo
1ª João 3:7
Assim Como Deus é Nós Somos Neste Mundo
1ª João 4:17

6.      ARMAS ESPIRITUAIS
Todos os cristãos querem que seus parentes e amigos sejam salvos. Os ímpios que estão no  inferno também querem que seus parentes e amigos sejam salvos para não irem para aquele lugar de grande sofrimento e tormentos (Lucas 16:27,28). Deus, porém, deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade através das Escrituras (1ª Timóteo 2:3,4). Todos fazem orações a Deus, pedindo para Deus salvar seus parentes e amigos. Diante destas orações nos vemos num questionamento: Qual será a resposta de Deus?
A resposta é que o desejo de Deus em salvar todos os homens é infinitamente superior ao desejo que os homens têm de serem salvos. Deus, mais do que eu, deseja ver meus parentes e amigos salvos. Diante desta declaração surge outra indagação: Se Deus deseja salvar a todos. Então por que Deus não realiza o seu desejo, visto que Ele é onipotente?
Isto é apenas um desejo de Deus, e não sua soberana vontade. Além disso o homem é salvo pela sua fé em Jesus, esta fé vem quando o homem ouve o evangelho e crê em Jesus Cristo (Romanos 10:13-17).
E nem Deus, nem os anjos estão encarregados da pregação do evangelho. Esta missão pertence ao homem, embora os anjos quisessem realizar tal missão (1ª Pedro1:12).
Diante das orações pedindo pela salvação dos nossos parentes e amigos, Deus diz: “Eu quero    salvá-los, mas para isso é necessário que vocês preguem o evangelho aos seus parentes e amigos para que eles ouçam o evangelho e creiam nele, pois a fé vem pela pregação e a pregação pela palavra de Cristo.”
“Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Como pois invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram falar? e como ouvirão, se não há quem pregue? Logo a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Cristo.” (Romanos 10:13,14,17).
Não adianta pedir a Deus para salvar os nossos amigos e parentes, pois Deus não irá pregar o evangelho para eles, pois a salvação vem pela fé, e a fé vem pela pregação do evangelho, e não pela oração. Se quisermos ver os nossos parentes e amigos salvos, teremos de pregar o evangelho para eles para que possam crer. O Senhor Jesus disse: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado.” (Marcos 16:15).
Surge outra questão: E se os parentes e amigos não crerem no evangelho após ouvirem a pregação?
A primeira arma é a pregação do evangelho. A segunda arma só é usada se a primeira falhar, ou seja, se a pessoa não crer no evangelho após ouvir a pregação.
“Porque as armas de nossa milícia não são carnais, e, sim, poderosas em Deus, para destruir fortalezas; anulando sofismas e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo; e estando prontos para punir toda desobediência, uma vez completa a vossa submissão.”  (1ª Coríntios 10:4-6).
Uma mulher argentina, espírita, casada e mãe  de três filhos havia destruído seu lar, já não cuidava dos filhos, pois era viciada em bebidas alcoólicas e seu marido já não agüentando mais, resolveu deixá-la, e levar os filhos do casal. Mas havia alguém sofrendo, que por dois anos e meio orava pedindo a Deus para libertar e salvar sua irmã. Desiludida por não ter suas orações respondidas, e ver a vida de sua irmã afundar cada vez mais, ela resolveu conversar com o seu pastor, e lhe disse que há dois anos e meio orava pela libertação e salvação de sua irmã e Deus não lhe respondia. O pastor lhe aconselhou a usar a segunda arma para destruir a fortaleza, que neste caso era o vício do álcool.  O pastor lhe ensinou a usar a segunda arma, e até que o vício fosse vencido ela deveria repetir esta frase“Vício maligno tu não tens domínio sobre a vida de minha irmã.”.
Depois de duas semanas sua irmã estava livre do vício, e não bebia mais. Ao saber desta vitória o pastor mandou que ela usasse a primeira arma em sua irmã, pois quando embriagada não podia ouvir o evangelho. Mas liberta do vício, recusou-se a crer no evangelho pregado por sua irmã, alegando ser espírita e crer em “outro evangelho”. O pastor lhe disse para partir para a segunda etapa para anular os sofismas e toda altivez levantada contra o conhecimento de Deus, que neste caso era o espiritismo. E lhe disse para repetir esta frase: “Eu e minha casa serviremos ao senhor, pois todo argumento está quebrado.” Após duas semanas a espírita surpreendeu sua irmã ao lhe pedir para levá-la a sua igreja, pois inexplicavelmente não mais se identificava com a doutrina espírita. Visando levar cativo todo pensamento da espírita à obediência de Cristo, o seu pastor lhe pediu para repetir esta outra frase: “Você crerá no Senhor Jesus e será salva tu e a tua casa.”
Após seis semanas sua irmã havia reconstruído o seu lar, havia se reconciliado com seu marido, e  toda família se converteu  ao Senhor Jesus.
Uma mulher orou por dois anos e meio pedindo a Deus para libertar e salvar sua irmã alcoólatra. Após conhecer armas poderosas em Deus, ela conseguiu a libertação e salvação de sua irmã e sua família em apenas dois meses e meio.
A primeira arma é a pregação do evangelho. A segunda arma é a palavra de poder que, pela autoridade que nos foi dada, podemos determinar. Assim Deus criou o mundo (Salmos 148:5), e assim o Senhor Jesus Cristo sustenta o Universo (Hebreus 1:3). A palavra de poder nos capacita a converter pessoas ao evangelho. Jesus disse a Pedro: “e tu, quando te converteres, converta teus irmãos.” (Lucas 22:32)

 “Meus irmãos, se algum entre vós se desviar da verdade, e alguém o converter, sabei que aquele que converter o pecador do seu caminho errado, salvará da morte a alma dele, e cobrirá multidão de pecados.” (Tiago 5:19,20)

7.       AUTORIDADE E  PODER
Um pastor e escritor, não me lembro se americano ou israelense, sonhou que estava num quarto conversando com Jesus, quando, subitamente, surgiu no quarto um demônio, e começou a espalhar uma névoa que rapidamente encheu o local, e impediu o pastor de continuar a ver o Senhor Jesus. Contudo, o pastor continuou a ouvir a voz de Jesus. Porém, o demônio passou a gritar, tentando impedir que o pastor ouvisse a voz de Cristo. O pastor, desesperado, passou a gritar: “Jesus faça alguma coisa.”
Então o Senhor lhe respondeu: “Eu não farei nada, pois lhe dei autoridade para expulsar demônios. Faça uso dela.”
Muitas pessoas acham que esse fato é fictício. Eu li este fato num livro, e não me recordo bem se foi sonho ou visão, mas acredito que talvez isso possa ter realmente ocorrido. Minha opinião se fundamenta em alguns fatos bíblicos. Já na cruz Jesus disse sua última frase: “Está consumado” (João 19:30). Esta frase mostra que a missão de Jesus estava cumprida, e que as demais coisas podem ser desenvolvidas pelos filhos de Deus. Eu já mostrei que só Jesus salva, mas os co-herdeiros podem converter. Só Jesus perdoa e apaga pecados, mas os co-herdeiros podem cobrir multidões de pecados. Diante de tudo isso vemos que nós temos muita autoridade, mas quando nos é apresentado um enfermo, oramos pedindo a Deus para curar o enfermo, quando o certo seria exercer a autoridade que nos foi outorgada, e declarar a cura do enfermo. Assim agia a Igreja Primitiva no primeiro século. Os apóstolos Pedro e João foram abordados por um homem coxo que lhes pedia esmola (Atos 3:1-10). “Disse-lhe Pedro: Não tenho prata nem ouro; mas o que tenho, isso te dou; em nome de Jesus Cristo, o nazareno, anda.” (Atos 3:6). Pedro deu o que tinha, ou seja, a autoridade que tinha para curar. Veja que Pedro não fez nenhuma oração pedindo a Deus para curar o coxo. Foi o Próprio Pedro quem curou o coxo usando a autoridade que o Senhor Jesus lhe deu para curar.
Em outra ocasião Pedro encontrou Enéias, que estava paralítico há oito anos (Atos 9:32-35). Logo de cara Pedro lhe diz:“Enéias, Jesus Cristo te cura; levanta e faz a tua cama.” (Atos 9:34). Vemos que Pedro, novamente, não faz nenhuma oração, jejum ou corrente pedindo a Deus para curar o enfermo. Em outra ocasião o apóstolo Paulo usa a autoridade que lhe foi dada para cegar um filho do diabo. (Atos 13:4-12).
É comum ouvirmos em nossas igrejas pessoas dizendo que é Deus quem cura, e nós não podemos fazer nada, somente orar pedindo para Deus fazer a obra. Esta não é a opinião de Jesus, pois sabe que fomos investidos de grande autoridade. Jesus prometeu que com autoridade nós faremos obras maiores que as suas: “Em verdade, em verdade vos digo: Aquele que crê em mim, esse também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas; porque eu vou para o Pai” (João 14:12). O que Jesus disse é que nós faremos obras maiores que as dele porque Ele foi para o Pai, isto é, nós assumimos a sua função. E é por isso que Jesus disse na cruz: “Está consumado” (João 19:30). É comum ouvirmos em nossas igrejas pessoas dizendo que para Deus não há impossíveis, mas para o homem nem tudo é possível. Esta não é a opinião de Jesus, pois sabe que fomos investidos de grande autoridade. Jesus disse que nada é impossível para os  co-herdeiros:
“Por causa da vossa pouca fé; pois em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele há de passar; e nada vos será impossível.” (Mateus 17:20)
O poder faz crescer o número de crentes e também os milagres. Na Igreja Primitiva até a sombra de Pedro e as roupas de Paulo tinham poder para curar enfermos e expulsar demônios. E até veneno de cobra não lhes causava dano algum (Atos 28:3-6).
“E muitos sinais e prodígios eram feitos entre o povo pelas mãos dos apóstolos. E estavam todos de comum acordo no pórtico de Salomão. Dos outros, porém, nenhum ousava ajuntar-se a eles; mas o povo os tinha em grande estima; e cada vez mais se agregavam crentes ao Senhor em grande número tanto de homens como de mulheres; a ponto de transportarem os enfermos para as ruas, e os porem em leitos e macas, para que ao passar Pedro, ao menos sua sombra cobrisse alguns deles. Também das cidades circunvizinhas afluía muita gente a Jerusalém, conduzindo enfermos e atormentados de espíritos imundos, os quais eram todos curados.” (Atos 5:12-16)

“E Deus pelas mãos de Paulo fazia milagres extraordinários, de sorte que lenços e aventais eram levados do seu corpo aos enfermos, e as doenças os deixavam e saíam deles os espíritos malignos.” (Atos 19:11,12)

8.      A ORAÇÃO
Eu falei desde o início que devemos usar a nossa autoridade, porém a nossa maior arma é o dialogo com Deus, que chamamos de oração. Quando falei da autoridade, estava mostrando uma outra forma de alcançar a libertação e a cura. A oração acaba com o sofrimento, vence a doença e perdoa os pecados. O poder da oração é muito grande, por ser ela a mais eficaz forma de mantermos comunhão diária com Deus Pai, com o Espírito Santo e com o Senhor Jesus. Leia com atenção este texto:
“Está aflito alguém entre vós? Ore.  Está alguém contente? Cante louvores. Está doente algum de vós? Chame os presbíteros da igreja, e estes orem sobre ele, ungido-o com óleo em nome do Senhor; e a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados. Confessai, portanto, os vossos pecados uns aos outros, e orai uns pelos outros, para serdes curados. A súplica de um justo pode muito na sua atuação. Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós, e orou com fervor para que não chovesse, e por três anos e seis meses não choveu sobre a terra. E orou outra vez e o céu deu chuva, e a terra produziu o seu fruto.” (Tiago 5:13-18)

9.       CONCLUSÃO
A maior herança que recebemos é o evangelho, e a nossa maior missão é propagá-lo mundo afora. Milagres, curas, poder não têm sentido se o objetivo não for a salvação de uma alma. Tome posse da autoridade que o Senhor Jesus te deu, ore muito, leia muito a Palavra de Deus e pregue o evangelho de Cristo, insta a tempo e fora de tempo. (2ª Timóteo 4:2)
Por último, então, apareceu Jesus aos onze, estando eles reclinados à mesa, e lançou-lhes em rosto a sua incredulidade e dureza de coração, por não haverem dado crédito aos que o tinham visto já ressurgido. E disse-lhes: Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura.  Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado. E estes sinais acompanharão aos que crerem: em meu nome expulsarão demônios; falarão novas línguas; pegarão em serpentes; e se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e estes serão curados. (Marcos 16:14-18)

E, aproximando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra. Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.
(Mateus 28:18-20)

SEM SEGUNDA CHANCE

 Marcos Alexandre Damazio

"Porque também Cristo morreu uma só vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; sendo, na verdade, morto na carne, mas vivificado no espírito; no qual também foi, e pregou aos espíritos em prisão; os quais noutro tempo foram rebeldes, quando a longanimidade de Deus esperava, nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca; na qual poucas, isto é, oito almas se salvaram através da água. (1ª Pe 3:18-20).

Há duas teorias mais aceitas quanto ao texto acima:
1- Cristo proclamou sua vitória aos anjos desobedientes de Gênesis 6.
2- Cristo pregou as pessoas que morreram por desobedecer a Noé.

Vamos a primeira teoria:
"Aos anjos que não guardaram o seu estado original, mas deixaram a sua própria habitação, ele os tem reservado em prisões eternas na escuridão para o juízo do grande dia". (Jd 1:6). O texto diz ainda que estes anjos abandonaram a sua própria habitação (oiketerion) no grego oiketerion. Esta palavra é usada somente mais uma vez no Novo Testamento em 2ª Co 5:1,2, onde Paulo fala da habitação (oiketerion) como o corpo que teremos na eternidade, corpo glorificado celeste. Ou seja, estes anjos, voluntariamente, deixaram os seus corpos celestes, e vieram habitar na terra em corpos terrestres, por causa das filhas dos homens (Gn 6:1,2).

Embora estes anjos tenham assumido a forma humana vivendo como homens, eles nunca tiveram a natureza humana, pois não nasceram de uma gravidez. Por isto, as Escrituras se referem a eles apenas como anjos. Por pertencerem somente à natureza angélica, ficaram em situação difícil para com Deus, pois Deus não socorre a anjos (Hb 2:16), e nem confia neles (Jó 15:15), pois até aos seus anjos atribui imperfeição (Jó 4:18). Para os anjos não houve plano de salvação, pois eles conheciam a Deus diretamente e viviam em sua presença. Deus não poupou estes anjos malfeitores, e imediatamente os prendeu eternamente no inferno (2ª Pe 2:4; Jd 1:6). E Cristo proclamou a sua triunfal vitória para estes anjos que foram desobedientes nos dias de Noé (1ª Pe 3:19,20). Dificuldades desta teoria:

1- Cristo morreu uma só vez pelos pecados dos homens e não dos anjos.
2- Cristo morreu para levar os homens a Deus, e não os anjos.
3- Os espíritos em prisão foram rebeldes enquanto se preparava a arca, mas os anjos se rebelaram em Gênesis 6 antes da construção da arca.
4- O texto diz que apenas 8 pessoas se salvaram, ligando o assunto a salvação, coisa impossível aos anjos rebeldes.

Há duas teorias mais aceitas quanto ao texto acima:
1- Cristo proclamou sua vitória aos anjos desobedientes de Gênesis 6.
2- Cristo pregou as pessoas que morreram por desobedecer a Noé.
Vamos a segunda:

“Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porquanto todos pecaram. Porque antes da lei já estava o pecado no mundo, mas onde não há lei o pecado não é levado em conta. No entanto a morte reinou desde Adão até Moisés, mesmo sobre aqueles que não pecaram à semelhança da transgressão de Adão... pela ofensa de um só, a morte veio a reinar... pela desobediência de um só homem muitos foram constituídos pecadores" (Rm 5:12,13,14,17,19). Desde Adão até os dias de Moisés, ninguém foi julgado culpado pelos próprios pecados, pois a lei não tinha ainda sido promulgada. No entanto, todas as pessoas que viveram no período compreendido entre a época de Adão e os dias de Moisés morreram. Portanto, suas mortes não podem ser atribuídas diretamente aos seus pecados, pois não havia nenhuma lei para estabelecer esta sentença, porque onde não há lei o pecado não é levado em conta (Rm 5:13). Assim, as mortes nesse período foram causadas pelo pecado de Adão. Toda a humanidade estava substancialmente* em Adão quando ele desobedeceu a Deus, embora não estivesse individualmente, pois a posteridade ainda não havia surgido. Então, a penalidade daquele pecado de Adão atingiu toda a sua posteridade pois dizia que o homem voltaria a terra, ou seja, provaria a morte física.

Adão transgrediu uma lei que dizia: "Não comerás da arvore do conhecimento do bem e do mal". (Gn 2:17).

Esta lei foi promulgada somente para Adão, pois Eva ainda não havia sido criada por Deus. Eva comeu o fruto primeiro e depois deu a Adão e este comeu (Gn 3:6). Eva, porém, não pecou, pois a lei foi dada a Adão e não a Eva. Por isso, Eva foi enganada por satanás (1ª Tm 2:14).

Depois de ter dado uma lei a Adão, Deus só voltou a dar leis a Moisés. Neste longo período entre Adão e Moisés o povo viveu sem lei, portanto, não havia transgressão, pois não havia lei para ser transgredida (Rm 5:13,14).

Não pode haver pecado sem lei que antes o defina como pecado. Neste longo período de Adão até Moisés as pessoas que roubavam não transgrediam nenhuma lei, pois não havia lei que dissesse: "Não roubarás" (Rm 7:7).

Estas pessoas pecaram, porém não transgrediram nenhuma lei, e o pecado não é levado em conta quando não há lei que o defina anteriormente como pecado.
“Porque todos os que sem lei pecaram, sem lei também perecerão”. (Rm 2:12)

Quais foram os pecados das pessoas contemporâneas de Noé?
Elas comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca, e
veio o dilúvio e os destruiu a todos (Lc 17:27). Mas, o que há de errado nisto? As pessoas contemporâneas de Noé não buscavam a Deus, mas só queriam festejar e regalar a carne. Tais pessoas também não creram na pregação de Noé. Entretanto, quem acreditaria? Você acreditaria num velho de seiscentos anos que construiu um navio gigantesco e saiu pelas ruas gritando que o mundo acabaria em breve com um dilúvio?

Dificuldades desta teoria:

1- Quais foram os pecados das pessoas contemporâneas de Noé?
Eram pessoas más de coração, violentas e distantes de Deus (Gn 6:5-9,11-13).

2- A multiforme graça de Deus alcançou a Noé, que nunca havia escutado nada sobre Salvação, mas era um homem justo e perfeito em suas gerações, e andava com Deus.
Ora, se Noé pode achar a graça de Deus a ponto de andar com Deus, todos os seus contemporâneos também podiam ser justos, perfeitos e andar com Deus segundo a sua multiforme graça.

3- Deus sempre fornece uma luz ao homem. A todos os homens Deus fornece a criação como luz para que o homem possa crer no Criador, pois os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos (Sl 19:1).
No caso dos contemporâneos de Noé, a luz de Deus foi a chamada dos animais em dois de cada espécie, um macho e uma fêmea. E mesmo diante de um fenômeno sobrenatural eles se recusaram a crer na pregação de Noé, sendo, portanto, justamente condenados.

* Este mesmo processo se encontra registrado em Hb 7:9,10, onde se diz que Levi, por meio de Abraão, pagou o dizimo a Melquisedeque, porquanto Levi estava ainda nos lombos de seu pai quando Melquisedeque saiu ao encontro deste. Ou seja, Levi ainda nem existia individualmente como pessoa, mas estava substancialmente em Abraão, quando este pagou o dizimo a Melquisedeque. Levi é descendente do patriarca Abraão, que é seu bisavô.

A ADORAÇÃO DA GIRAFA

 Marcos Alexandre Damazio

“Tudo quanto tem fôlego louve ao Senhor. Louvai ao Senhor” (Sl 150:6)

De uns anos para cá, mais precisamente a partir do início da década de 90, a Igreja Evangélica no mundo inteiro se deu conta de que deveria adorar a Deus acima de todas as coisas, colocando a adoração como a devoção máxima e a obrigação régia de cada cristão.
Daí foram criados nas igrejas internacionais, grandes ministérios e equipes de adoração tais como Hosana Music, Integrity Music, Hillsong Music, e também apareceram grandes ministradores como Ron Kenoly, Marcos Witt e Darlene Zshech.
No Brasil surgiram as igrejas adoradoras e os cantores adoradores, tais como a PIB de Trindade, PIB Nova Jerusalém, Sara a Nossa Terra, Batista da Lagoinha (Diante do Trono), Congregacional de Bento Ribeiro (Sou do Meu Amado), Ministério Apascentar de Nova Iguaçu, Santa Geração, Casa de Davi, e também apareceram grandes ministradores como Ludmila Ferber, David Quinlan e outros.
Todos estes cresceram levantando a bandeira da adoração acima de tudo, e acabaram se tornando ícones de adoradores e ídolos de uma geração, sendo que a maioria deles tem alguma relação com o G12.
Resolvi escrever este artigo depois de ouvir e ler muitas coisas sobre louvor e adoração.
Antes de tudo quero dizer que todos estes cantores e ministérios citados acima têm músicas maravilhosas, de boa qualidade espiritual, técnica e artística, músicas que nos levam a um mover de adoração a Deus. Pelo menos eu ouço e gosto da maioria delas.
Eu nasci no inicio da década de 70, portanto, fui criado numa época em que o louvor congregacional se restringia a Harpa Cristã (Assembléia de Deus), ao Cantor Cristão (Batista), ao Hinário Cristão (Presbiteriana) e aos Salmos e Hinos (Congregacional). Todos estes hinários têm musicas maravilhosas, porém com melodias já desgastadas, ultrapassadas pelos seus quase 300 anos.
Foi necessária uma reforma no louvor congregacional para assim podermos nos transformar pela renovação da nossa mente. Esta revolução começou na década de 80 com o surgimento das comunidades evangélicas com suas musicas de celebração. Na verdade, os jovens que são maioria nas igrejas precisavam adorar a Deus dentro de um estilo musical contemporâneo.

“Respondeu-lhe Jesus: Está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás.” (Lc 4:8)

Toda esta revolução trouxe consigo alguns exageros que trataremos a partir daqui.

1- ADORAÇÃO PROFÉTICA
A palavra “profética” aparece apenas duas vezes na Bíblia (Rm 16:26 e 2ª Pe 1:19), mas está em quase todos os púlpitos do mundo. A palavra “profética” tem o seguinte significado:

Profética – Relativo a profeta ou a profecia, ou seja, relativo ao homem que fala em lugar de Deus e que prediz o futuro.

Ouço falar de adoração profética e louvor profético, e, no entanto, não consigo entender este paradoxo.
Hoje em dia se um pastor espirrar trata-se de um espirro profético, e se tossir, a tosse também é profética. Porem, se a adoração é tributada e servida somente a Deus; como pode ser profética? Pode o homem profetizar para Deus?
Levando em conta o significado do vocábulo “profético”, que segundo o dicionário Aurélio trata-se de algo relativo a profeta ou a profecia, então não há como a adoração ser profética porque é dirigida a Deus da parte dos homens, e não há como o homem lançar uma palavra profética sobre Deus.
Levando em conta o significado do vocábulo “profético”, que segundo o dicionário Aurélio trata-se de algo relativo ao homem que fala em lugar de Deus, também não há como a adoração ser profética porque Deus não adora a si mesmo através dos profetas.
Levando em conta o significado do vocábulo “profético”, que segundo o dicionário Aurélio trata-se de algo relativo ao homem que fala em lugar de Deus predizendo o futuro, podemos afirmar que neste caso também não há como a adoração ser profética, pois a adoração parte do homem para Deus, e o homem não é um ser presciente.
Todavia, há como adoração ser profética em certo sentido, pois podemos adorar a Deus citando suas profecias sobre a sua vitória final, o julgamento do Grande Trono Branco, as bodas de do Cordeiro e demais acontecimentos ainda futuros já profetizados pelo próprio Senhor, Deus do Universo.
Outro dia li que numa igreja aqui do Rio de Janeiro haveria um congresso de dança profética. Aí já é demais. Dança profética? Como pode uma dança ser profética?
Qual será a próxima invenção profética?

2- ADORAÇÃO X LOUVOR
O vocábulo “louvor” é citado 106 vezes no Antigo Testamento e aparece 20 vezes no Novo Testamento. Porem, o verbo louvar aparece 55 vezes no Antigo Testamento e apenas 5 vezes no Novo Testamento.
Ouço muito falar de adoração e de louvor, por isso eu gostaria de trazer o significado destas palavras:

Adoração – Culto rendido a Divindade.
Louvor – Elogio, aplauso, exaltação, glorificação.

Recordo-me quando o cantor Ivanilson lançou algumas canções de amor a sua esposa, e foi duramente criticado por parte da Igreja Evangélica Brasileira que dizia que somente Deus é digno de louvor, e por isso o cantor não poderia louvar a sua esposa.
Levando-se em conta o significado do vocábulo “louvor”, que segundo o dicionário Aurélio trata-se de elogio, aplauso, exaltação e glorificação, fica claro que podemos louvar a qualquer pessoa digna desta honraria. Todavia, vejamos o que a Bíblia diz:

1- O Senhor Deus é mui digno de louvor. Porem, a Bíblia em nenhum lugar diz que não podemos louvar a outras pessoas.
“Porque grande é o Senhor, e mui digno de louvor” (1ª Cr 16:25)

2- O louvor que é devido a Deus não pode ser dividido com ídolos.
“Eu sou o Senhor; este é o meu nome; a minha glória, pois, a outrem não a darei, nem o meu louvor às imagens esculpidas.” (Is 42:8)

3- O homem pode dar e receber louvores de outros homens.
“O crisol é para a prata, e o forno para o ouro, e o homem é provado pelos louvores que recebe.” (Pv 27:21)

4- O homem pode louvar até mesmo a uma cidade elogiando-a como maravilhosa.
“E não lhe deis a ele descanso até que estabeleça Jerusalém e a ponha por objeto de louvor na terra.” (Is 62:7)

5- Deus louva o homem (Rm 2:29), e no julgamento cada um dos salvos receberá de Deus o seu louvor. Podemos ver isto no caso de Jó, onde Deus o elogia como homem reto, integro e temente a Deus. O mesmo aconteceu com Davi, Moisés, Noé, Paulo e muitos outros.
“E então cada um receberá de Deus o seu louvor.” (1ª Co 4:5)

6- O homem que faz o bem recebe louvores das autoridades civis constituídas.
“Quer aos governadores, como por ele enviados para castigo dos malfeitores, e para louvor dos que fazem o bem.” (1ª Pe 2:14)

“Porque os magistrados não são motivo de temor para os que fazem o bem, mas para os que fazem o mal. Queres tu, pois, não temer a autoridade? Faze o bem, e terás louvor dela;” (Rm 13:3)
Podemos louvar qualquer pessoa digna de louvor, mas jamais podemos adorar a um homem, pois adoração consiste num culto rendido a Divindade, e somente Deus possui a plenitude da Divindade.
“Porque não adorarás a nenhum outro deus; pois o Senhor, cujo nome é Zeloso, é Deus zeloso.” (Ex 34:14).
Adorar qualquer coisa indigna de adoração é pecado (1ª Rs 12:30) que traz maldição (2ª Cr 7:22) e juízo (Jr 1:16).

3- CULTO X REUNIÃO
“Então ordenou-lhe Jesus: retira-te, Satanás; porque está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a ele darás culto.” (Mt 4:10).
Enquanto o termo “adoração” está em ascendência, o termo “culto” está em decadência. Aliás, não existe mais culto agora é reunião ou sessão (do descarrego ainda por cima como no espiritismo). Daqui a alguns dias vai surgir algum pastor instituindo a missa evangélica.
Segundo o dicionário Aurélio, o termo “culto” significa ritual de adoração.
A palavra reunião aparece apenas uma vez no Antigo Testamento e aparece 4 vezes no Novo Testamento.
Não há nada errado com a palavra reunião, porem o termo culto tem um peso muito maior devido ao seu significado religioso e espiritual de ritual de adoração.

4- AMAR ACIMA DE TUDO X ADORAR ACIMA DE TUDO
“Mestre, qual é o grande mandamento na lei? Respondeu-lhe Jesus: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento.” (Mt 22:36-38).
O grande mandamento nos diz que devemos amar a Deus de todo o coração, de toda alma, e de todo entendimento. Implícito está que devemos adora-lo na mesma intensidade.
Contudo, vemos pessoas adorando a Deus nas igrejas, levantando as mãos e com a boca cheia de louvores, sem o amor a Deus de todo o coração, de toda alma e de todo entendimento. Isto se dá, pois a Igreja Evangélica atual enfatiza a adoração como a devoção máxima de cada cristão, quando na verdade o amor a Deus acima de tudo deve ser a devoção máxima de cada cristão. A adoração é parte integrante deste amor incondicional que devemos ter por Deus.
“Este povo honra-me com os lábios; o seu coração, porém, está longe de mim.” (Mt 15:8).
Por outro lado, vemos pessoas que em nossas igrejas que não adoram a Deus ou adoram sem a intensidade devida ao Senhor. Isto ocorre porque o amor a Deus não é de todo o coração, de toda alma e de todo entendimento. Muitas vezes o amor a Deus está dividido com outras pessoas ou coisas, e por causa disso a adoração é nula ou vazia.
Hoje em dia, as pessoas não vão ao culto para ofertar a Deus o seu amor e a sua adoração, mas sim para buscar algo. Algumas pessoas vão buscar o tal do poder, a tal da cura e a tal da unção. Mas a maioria vai buscar a tal da benção material, a tal da prosperidade e a tal da causa impossível.
“Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar a um e amar o outro, ou há de dedicar-se a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas.” (Mt 6:24).

5- ADORAÇÃO X PREGAÇÃO
Outro dia ouvi um ministro de louvor afirmar que a adoração a Deus é mais importante do que a pregação da palavra. Fiquei transtornado, pois tal afirmação demonstra que este ministro não reúne condições de adorar e nem de pregar, pois tanto a adoração quanto à pregação tem o seu momento e o seu propósito no Reino de Deus.
Atualmente temos muitos pastores cujo rebanho se restringe a sua equipe de louvor, e que fazem da adoração a devoção régia do crente. No entanto, ao contrário do que afirmam os ministros de louvor, a adoração está longe de ser mais importante do que a pregação da Palavra de Deus pelos seguintes motivos:

A- Embora eu tenha sido criado para o louvor da glória de Deus, eu fui chamado de forma imperativa para pregar a Palavra de Deus e assim louvar a glória de Deus. Jesus disse: “Ide e pregai”. Porem, ele jamais disse: “Ficai e adorai”.
“E disse-lhes: Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura.” (Mc 16:15).

B- O Novo Testamento enfatiza a pregação da Palavra de Deus como coisa mais importante do que a adoração, onde Jesus nos manda até mesmo obrigar um pecador perdido a entrar no Reino de Deus pela pregação da Palavra.
“Respondeu o senhor ao servo: Sai pelos caminhos e valados, e obriga-os a entrar, para que a minha casa se encha.” (Lc 14:23).

C- Os anjos que adoram de dia e de noite a face de Deus (Mt 18:10; Is 6:2,3), desejam ardentemente pregar o Evangelho, pois sabem que Deus prefere uma hora de pregação a um dia de adoração.
“A eles foi revelado que, não para si mesmos, mas para vós outros, ministravam as coisas que, agora, vos foram anunciadas por aqueles que, pelo Espírito Santo enviado do céu, vos pregaram o evangelho, coisas essas que os anjos anelam perscrutar.” (1ª Pe 1:12).

D- Os anjos fazem festa no Céu quando um pecador se arrepende através da pregação da Palavra e não da adoração.
“Assim, digo-vos, há alegria na presença dos anjos de Deus por um só pecador que se arrepende.” (Lc 15:10).

E- Tanto o Antigo Testamento (Is 53:1) quanto o Novo Testamento afirmam que não há salvação sem a pregação da Palavra de Deus.
“Como, pois invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem não ouviram falar? E como ouvirão, se não há quem pregue?” (Rm 10:14).

F- A adoração é a mensagem do homem para Deus, enquanto a pregação é a mensagem de salvação de Deus para o homem.
“Porque não me envergonho do evangelho, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego.” (Rm 1:16)

Um outro ministro de louvor afirmou a supremacia da adoração sobre a pregação da Palavra, dizendo que a pregação da Palavra terá fim, mas a adoração a Deus é eterna.
É claro que a pregação da Palavra cessará no sentido de pregar ao pecador visando o seu arrependimento de seus pecados, porque no Céu não haverá pecado e nem pecador (Ap 21:27). Entretanto, nos cultos na Nova Jerusalém teremos a pregação da Palavra, pois Jesus disse que as suas palavras jamais passarão.
“Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras jamais passarão.” (Mt 24:35).
A palavra “adoração” e seus derivados aparecem 71 vezes no Antigo Testamento, sendo que muitas das citações se referem a falsos deuses. Já no Novo Testamento há 45 citações, sendo 18 vezes só no livro de Apocalipse.
A palavra “pregação” e seus derivados aparecem 10 vezes no Antigo Testamento e 79 vezes no Novo Testamento, porém não é citada no livro de Apocalipse.
Na Nova Jerusalém a adoração a Deus será incessante, constante e intensa. Mas, por enquanto temos mais é que pregar o Evangelho a tempo e fora de tempo.
“Prega a palavra, insta a tempo e fora de tempo, admoesta, repreende, exorta, com toda longanimidade e ensino.” (2ª Tm 4:2).

6- ADORAÇÃO X VENERAÇÃO
Os católicos afirmam que não adoram a Maria, mas apenas a veneram como fazem com os demais “santos”.
Segundo o dicionário Aurélio, a palavra “veneração” tem o seguinte significado:
- Culto
- Adoração
- Reverência

Estas desculpas dos católicos não encobrem a sua idolatria, pois adoração e veneração são palavras sinônimas. Ambas significam a mesma coisa.
O primeiro e o segundo mandamentos do decálogo condenam veementemente a idolatria católica.
“Então falou Deus todas estas palavras, dizendo: Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem esculpida, nem figura alguma do que há em cima no céu, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás diante delas, nem as servirás;” (Ex 20:1-5).

7- ORAR EM ESPÍRITO X ADORAR EM ESPÍRITO
“Todo ser que respira louve ao Senhor. Aleluia!” (Sl 150:6).
No auge dos louvores de celebração, mais precisamente no ano de 1991, eu passei a freqüentar a uma igreja renovada, e num dos primeiros dias todos cantavam e dançavam, e eu ficava apenas cantando conforme o costume tradicional da minha denominação anterior. De repente, uma irmã chegou perto de mim e disse: “Vamos irmãozinho, balance o corpo e se mexa.”
Será que para adorarmos a Deus temos de levantar as mãos, fechar os olhos, cantar, dançar e chorar? Será que esta é a postura de um verdadeiro adorador?
A girafa é o maior mamífero terrestre e o único mamífero considerado mudo. Embora a girafa possua o sistema fonológico completo, ela não é capaz de emitir som (raríssimas espécies de girafas raramente emitem baixos e curtos ruídos).
Entretanto, as Escrituras afirmam que todo ser que respira deve louvar ao Senhor. Ora, se a girafa é considerada muda, então como ela faz para louvar a Deus?
Eu nunca vi uma girafa levantar as mãos, fechar os olhos, cantar, dançar e chorar para louvar a Deus.
“Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito, e é necessário que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.” (Jo 4:23,24).
Os verdadeiros adoradores são aqueles que adoram ao Pai em espírito e em verdade. Ora, se existem os verdadeiros adoradores, logo também existe a verdadeira adoração. Assim também há os falsos adoradores e a falsa adoração.
Os verdadeiros adoradores são aqueles que adoram ao Pai em espírito e em verdade, e que fazem todas as coisas para a honra e glória do nome do Senhor e de sua causa sobre a Terra.
A verdadeira adoração é aquela que vem do interior, vem do espírito e chega ao trono de Deus como oferta queimada sobre o altar, de cheiro suave e aroma agradável ao Senhor.
“Este povo honra-me com os lábios; o seu coração, porém, está longe de mim.” (Mt 15:8).
Os falsos adoradores são aqueles que adoram na carne e na mentira. São aqueles que adoram apenas com os lábios, mas o coração está longe de Deus.
A falsa adoração é aquela que consiste apenas em expressões ritualísticas, exteriores, carnais e mentirosas tais como levantar as mãos, fechar os olhos, cantar, dançar e chorar.
“Com toda a oração e súplica orando em todo tempo no Espírito e, para o mesmo fim, vigiando com toda a perseverança e súplica, por todos os santos”. (Ef 6:18).
Uma das formas de adorar a Deus em espírito e em verdade é orar continuamente em espírito, assim da mesma forma como a girafa, sem som, interiormente, expressando toda a devoção e intimidade com Deus para a glória do Senhor.
“Mas vós, amados, edificando-vos sobre a vossa santíssima fé, orando no Espírito Santo,” (Jd 1:20).
Uma outra forma de adorar a Deus em espírito e em verdade é orar no Espírito Santo, pois Ele é a Verdade (1ª Jo 5:7). O Espírito Santo nos ajuda na fraqueza; porque não sabemos orar a Deus como convém, mas o Espírito Santo intercede por nós com gemidos inexprimíveis. E Deus sabe qual é a intenção do Espírito Santo, porque, segundo a vontade de Deus, o Espírito Santo intercede pelos santos para que possamos ter maior devoção e intimidade com Deus. Esta intimidade tem o sentido de santidade, e não de romance como dizem alguns ministros de louvor.
Tomemos o exemplo da girafa que mesmo muda, ainda assim, louva a Deus com sua imponência.
A verdadeira adoração está muito além de levantar as mãos, fechar os olhos, cantar, dançar e chorar. Para ser um verdadeiro adorador também é preciso orar em espírito, orar no Espírito e orar sem cessar.
“Orai sem cessar”. (1ª Ts 5:17).